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O IMPACTO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA SAÚDE MENTAL DO MÉDICO DO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO

Por:   •  10/4/2017  •  Artigo  •  6.038 Palavras (25 Páginas)  •  363 Visualizações

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O IMPACTO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA SAÚDE MENTAL DO MÉDICO DO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO

André Luiz de Andrade Campos

Professor Orientador: Mestre Mauro Gebran

Faculdade Pitágoras

Pós Graduação Campus Betim

MBA em Gestão de Pessoas

RESUMO

A pesquisa buscou investigar em que medida os fatores vinculados às condições e à organização de trabalho influenciaram as vivências de sofrimento no cotidiano profissional de uma médica do trabalho, verificar como ela lida com os fatores e situações estressantes inerentes à prática de sua profissão e identificar as consequências diretas e indiretas da exposição a fatores estressantes nesta classe trabalhadora. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa a partir de um estudo de caso com uma médica do trabalho de Belo Horizonte/MG. A coleta de dados foi feita por meio de entrevista semiestruturada. A análise do depoimento permitiu destacar que o principal fator vinculado à organização do trabalho responsável pelo intenso cansaço físico e sofrimento mental vivenciado no seu cotidiano profissional foi a extensa jornada de trabalho aliada à quantidade de atividades e responsabilidades atribuídas ao cargo; uma das formas que ela utilizou para tentar atenuar as situações estressantes inerentes à profissão foi se demitir da empresa que naquele momento lhe causava maior sofrimento emocional; e uma das consequências diretas desta intensa carga de trabalho foi a falta de tempo para o lazer e para o convívio familiar e indiretamente e indiretamente falta de tempo para o aprimoramento profissional.

Palavras-Chave: Saúde Mental, Médico do Trabalho, Condições de Trabalho.

1. INTRODUÇÃO

O tema saúde mental e trabalho tem sido altamente discutido e estudado no meio acadêmico nas últimas décadas.

Por saúde mental entendemos o estado de bem-estar no qual o indivíduo percebe as próprias habilidades, sua capacidade para lidar com os estresses normais da vida e para trabalhar produtivamente, de forma que se apresenta apto a contribuir com sua comunidade. Portanto, significa mais do que ausência de doença mental (OMS, 2001).

Diversos estudos já mostraram os impactos do trabalho sobre a vida psíquica do trabalhador. Vários destes trabalhos, conforme destaca Martins (1991), mostram alterações importantes sofridas pelos médicos intensivistas; destacando sobrecarga de trabalho e conflitos em suas vidas pessoais em virtude do estresse ocupacional vivenciados na unidade de trabalho. Mas, poucos trabalhos tratam da temática em relação à atuação do médico do trabalho, que longe de hospitais, trabalham em organizações que muitas vezes podem gerar tensões em padrões similares, ou até maiores, a uma unidade de terapia intensiva.

Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) “A Medicina do Trabalho é a especialidade médica que lida com as relações entre homens e mulheres trabalhadores e seu trabalho, visando não somente a prevenção dos acidentes e das doenças do trabalho, mas a promoção da saúde e da qualidade de vida. Tem por objetivo assegurar ou facilitar aos indivíduos e ao coletivo de trabalhadores a melhoria contínua das condições de saúde, nas dimensões física e mental, e a interação saudável entre as pessoas e, estas, com seu ambiente social e o trabalho”.

Em 2004, o Conselho Federal de Medicina (CFM) promoveu uma pesquisa nacional buscando conhecer a realidade da profissão médica e dos médicos. Os dados apontam que a cada ano 21% desta população necessitará de ajuda psiquiátrica; 12% apresentarão algum quadro de ansiedade e de depressão; 6% terão problemas com álcool e drogas ilícitas e 3% apresentarão doenças graves. São proporções semelhantes à da população comum, mas que parecem maiores quando se fala de médicos que, no imaginário popular, não podem, não devem e não ficam doentes.

Nesta situação ocorre um paradoxo: os médicos têm maior quantidade de informações sobre o tema saúde, portanto teriam maiores condições de prevenção, deveriam ficar menos doentes, seguir o tratamento de forma mais adequada. Entretanto, o que se verifica, ainda segundo esta pesquisa, é que os médicos apresentam maior vulnerabilidade, procuram menos ajuda, apresentam maior número de abandonos ao tratamento e ainda apresentam maior número de complicações. Estes dados podem refletir uma possível falta de adaptação dos médicos frente às possíveis agressões advindas das suas condições de trabalho.

Preliminarmente cumpre destacar que “sofrimento mental”, para os efeitos deste trabalho, constitui-se em algo muito mais amplo do que doença mental, a partir do pressuposto construído pela psicopatologia do trabalho de que o sofrimento atinge a todos os trabalhadores, de forma mais ou menos intensa, podendo ou não conduzir à doença mental.

Este artigo pretende abrir espaço para uma discussão sobre a importância dos médicos do trabalho em cuidarem do seu equilíbrio físico e emocional no exercício de suas atividades, pois estão sempre preocupados em cuidarem da saúde do trabalhador e muitas vezes se esquecendo do seu próprio bem estar, assim, serve de alerta aos médicos do trabalho de que eles, como qualquer outro trabalhador, também estão sujeitos a apresentarem doenças ocupacionais.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

- Investigar como os fatores vinculados às condições e à organização de trabalho influenciam as vivências de sofrimento no cotidiano do profissional médico do trabalho que atua no Serviço Especializado em Medicina Ocupacional em empresas.

2.2. Objetivos Específicos

- Verificar como o médico lida com os fatores e situações estressantes, inerentes à prática de sua profissão;

- Identificar as consequências diretas e indiretas da exposição a fatores estressantes nesta classe trabalhadora.

3. METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada pretendendo identificar os impactos na saúde mental de médicos do trabalho advindos das suas condições de trabalho. Neste sentido optou-se por adotar uma abordagem qualitativa como procedimento metodológico, visto que a pesquisa busca analisar em determinada profundidade o nível de adequação

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