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O Método Cientifico

Por:   •  2/5/2017  •  Bibliografia  •  2.636 Palavras (11 Páginas)  •  198 Visualizações

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Fichamento: DURKHEIM - As regras do método sociológico

Gustavo Silva Noronha        

Prefácios e Introdução

O objetivo do livro intitulado As regras do método sociológico é construir um cientificidade mais sólida para a sociologia. Assim, busca-se delinear caminhos a serem seguidos a fim de se alcançar descobertas que fogem à limitação do senso comum, da opinião imediata. O simplismo costumeiro de considerar as coisas condicionadas à vontade, torna o objeto maleável e simples. Racionalismo para entender as relações de causa e efeito das relações humanas, a partir do desenvolvimento lógico de conceitos ideiais – filtros da realidade social. Cabe destacar que a formologia dos conceitos mudam conforme se adquire uma experiência mais aprofundada da realidade.

O livro se situa dentro do movimento de consolidação da sociologia enquanto ciência objetiva, indicando um rompimento da ciência entendida como um ramo da filosofia geral. Ainda que condicionada a esta, trata-se de um movimento emancipatório. Desta forma, a coisa não pode ser entendida a partir de uma análise mental, pois ela não é penetrável por meio da observação da aparência imediata (caracteres mais exteriores). O procedimento de análise serve, portanto, para que se possa acessar progressivamente os aspectos mais profundos e entender a sua natureza interna, isto é, a sua gênese.

A ideia de Durkheim é permitir com que a sociologia saia das impressões subjetivas do mundo (tradição da filosofia) e possa construir conceitos explicativos claros que permitam entender o objeto da forma mais integral e estável. Conhecer a dinâmica do objeto (fato social) significa conhecer as relações sociais que o dão materialidade. “Objetar-se-á que, como eles são obra nossa, só precisamos tomar consciência de nós mesmos para saber o que neles pusemos e de que maneira os formamos (p.19).” Investigar a realidade social não é tarefa fácil, isto porque boa parte dos fatos sociais não se restringem àquela delimitação de espaço-tempo em que é estudado. Nas palavras de Durkheim “Mas, em primeiro lugar, a maior parte das instituições sociais nos são legadas inteiramente prontas pelas gerações anteriores; não tomamos parte alguma em sua formação e, por conseqüência, não é nos interrogando que poderemos descobrir as causas que lhes deram origem (p.19)”

A sociologia, segundo o autor, dificilmente alcançará a precisão explicativa diante dos fatos tal qual se observa na biologia. Haverá um grau de obscurantismo, na medida em que a realidade social envolve um conjunto de determinações vinculadas à inúmeros sujeitos sociais, com mais ou menos participação na coletividade. “Mesmo quando se trata simplesmente de nossas atitudes privadas, conhecemos bastante mal as motivações relativamente simples que nos guiam; cremo-nos desinteressados e na verdade agimos como egoístas, julgamos obedecer ao ódio quando cedemos ao amor, à razão quando somos escravos de preconceitos irrefletidos, etc. Assim, como teríamos a faculdade de discernir com maior clareza as causas, muito mais complexas, de que procedem as atitudes da coletividade? (p.19).”

A obra do autor se localiza no sentido de criar uma metodologia para as ciências sociais que coloque fim à sociologia enquanto complexo dogmático, no qual o pesquisador pretensamente alcança a essência das coisas sem que haja um esgotamento da expressão fenomênica (prenoção). Os fatos sociais não podem ser investigados a partir da consciência individual, na medida em que sintetiza a combinação de fenômenos coletivamente concebidos. “Toda vez que elementos quaisquer, ao se combinarem, produzem, por sua combinação, fenômenos novos, cumpre conceber que esses fenômenos estão situados, não nos elementos, mas no todo formado por sua união (p.21).”

“A vida não poderia se decompor desta forma; ela é una e, em conseqüência, só pode ter por sede a substância viva em sua totalidade. Ela está no todo, não nas partes. Não são as partículas não vivas da célula que se alimentam, se reproduzem, em suma, que vivem; é a própria célula, e somente ela (p.22).”

“A dureza do bronze não está nem no cobre, nem no estanho, nem no chumbo que serviram para formá-lo e que são corpos brandos ou flexíveis; está na mistura deles. A fluidez da água, suas propriedades alimentares e outras não estão nos dois gases que a compõem, mas na substância complexa que formam por sua associação (p.22).”

“Apliquemos esse princípio à sociologia. Se, como nos concedem, essa síntese sui generis que constitui toda sociedade produz fenômenos novos, diferentes dos que se passam nas consciências solitárias, cumpre admitir que esses fatos específicos residem na sociedade mesma que os produz, e não em suas partes, isto é, em seus membros (p.22).”

A síntese da sociologia, portanto, não está nas consciências individuais, naquilo que se exterioriza do indivíduo para a sociedade. “Para compreender a maneira como a sociedade representa a si mesma e o mundo que a cerca, é a natureza da sociedade, e não a dos particulares, que se deve considerar (p.23).”

Ainda que o pensamento individual contenha chaves de entendimento necessárias à compreensão do social, eles possuem diferenças. “O pensamento coletivo inteiro, em sua forma e em sua matéria, deve ser estudado em si mesmo, por si mesmo, com o sentimento do que ele tem de específico, e cabe deixar ao futuro a tarefa de saber em que medida ele se assemelha ao pensamento individual (p.26).”

Ainda que não tenha materialidade própria, trata-se de uma coisa exteriorizada pelos homens que situa-se acima dos próprios homens, exercendo sobre eles pressão coercitiva, sentida de forma consciente ou não. “consistem em maneiras de fazer ou de pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem capazes de exercer sobre as consciências particulares uma influência coercitiva (p.27).”

Tratar os fatos sociais como coisas, não significa dar-lhes materialidade independente de seu sujeito, mas uma forma de aproximar-se do seu sentido de existir, da sua proposição lógica.

“as maneiras coletivas de agir e de pensar têm uma realidade exterior aos indivíduos que, a cada momento do tempo, conformam-se a elas. São coisas que têm sua existência própria. O indivíduo as encontra inteiramente formadas e não pode fazer que elas não existam ou que sejam diferentes do que sào; assim, ele é obrigado a levá-las em conta, sendo mais difícil (nào dizemos impossível) modificá-las na medida em que elas participam, em graus diversos, da supremacia material e moral que a sociedade exerce sobre seus membros (p.29).”

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