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O SETOR PÚBLICO MUNICIPAL E A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Por:   •  12/8/2015  •  Monografia  •  4.493 Palavras (18 Páginas)  •  610 Visualizações

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O SETOR PÚBLICO MUNICIPAL E A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Autora:[1]

RESUMO

Neste artigo, a qualidade de vida no trabalho é focalizada, buscando conhecer particularidades desse conceito, principalmente na gestão de pessoas em organizações públicas municipais. Percebe-se que há grande mudança nos pontos de vista das relações entre empregadores e empregados nas últimas décadas, principalmente em função do processo de globalização, da estabilização econômica e da redemocratização política brasileira. Com as transformações da sociedade democrática e economicamente estável, o cidadão brasileiro tem sido cada vez mais valorizado no país, sendo assim, não há mais condições para que as relações de trabalho não acompanhem as modificações introduzidas em termos sociais. O conceito de qualidade de vida no trabalho é uma consequência direta do conceito de qualidade na produção de bens e serviços que, depois de ser implantado nas empresas industriais, estendeu-se também aos demais setores da economia, incluindo aqui as organizações públicas.

Palavras-chave: ambiente de trabalho, qualidade de vida, funcionalismo.

1. INTRODUÇÃO

Todos os trabalhadores passam uma grande parte de suas vidas em um local em que executam suas atividades. Se esse local não for agradável, deduz-se que uma parte de suas vidas corre o risco de ser desagradável. O enfoque deste assunto deve-se ao fato de acreditar que o ambiente de trabalho deve ser prazeroso na medida do possível, para ser mais produtivo.

Diferentes políticas e diversas práticas de gestão de pessoas que buscam a qualidade de vida no trabalho (QVT) têm sido implantadas no sentido de integrar o indivíduo à organização de maneira harmônica, preservando sua integridade física e mental, aperfeiçoando o rendimento funcional e a qualidade dos processos produtivos, tanto em organizações públicas quanto nas privadas (FROSSARD, 2009).

Em todo o mundo, diversos fatores que podem intervir na produtividade estão presentes nos estudos relacionados à organização do trabalho desde o início do século XX, mas somente a partir da década de 1960 é que os indicadores relacionados às necessidades e às aspirações pessoais destacaram-se. Assim, ocorreram mudanças de postura nas organizações, que passaram a perceber a qualidade de vida como sendo um aspecto tão importante quanto a modernização tecnológica (LIMONGI-FRANÇA e ARELLANO, in FLEURY, 2002).

Desde que a economia brasileira foi inserida no processo de globalização, logo após sua estabilização obtida com o Plano Real, muitos conceitos foram introduzidos em termos econômicos, culturais e sociais, transformando os meios produtivos, que se viram obrigados a adotar o conceito de qualidade total na produção de bens e serviços.

A qualidade de vida deve ser considerada como uma premissa indicadora da busca pelo desenvolvimento e do bem-estar, sendo um direito de cidadania. Para o trabalhador, a qualidade de vida é um dos fatores determinantes da produtividade e competitividade, pois exerce um impacto positivo até no faturamento das empresas, contribuindo para sua motivação.

Fora do trabalho, a qualidade de vida compreende benefícios sociais que compreendem habitação, saúde e educação. Dentro do ambiente de trabalho, a qualidade de vida comprende benefícios que envolvem segurança e saúde ocupacional, qualificação profissional, motivação, satisfação e participação, além do uso do tempo.

O ambiente de trabalho do funcionalismo público brasileiro, em todos os níveis, também tem sofrido transformações para acompanhar as mudanças ocorridas em todo o mundo no tocante à qualidade de vida de seus funcionários.

Essa situação não é diferente no funcionalismo municipal em algumas cidades do interior do Estado de São Paulo. A gestão de pessoas nesses municípios é norteada por um estatuto que estabelece os direitos, deveres e responsabilidades dos servidores públicos. Na maioria dos casos, esse estatuto foi definido com a participação democrática dos servidores e, por isso, conta com dispositivos que conduzem a um ambiente de trabalho apropriado.

2. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Uma das grandes transformações ocorridas em termos macroeconômicos no Brasil foi a estabilização de sua economia, com o Plano Real. O sucesso desse plano em termos econômicos, eliminando a hiperinflação, teve como imediata consequência a necessidade das empresas de reestruturarem seus processos produtivos.  (GIAMBIAGI et al, 2005). Na reorganização das empresas brasileiras, acompanhando as tendências das organizações do mundo todo, o conceito de qualidade total foi adotado pelas principais empresas, que não desejavam ficar excluídas do mercado em intenso processo de mudanças. A qualidade total é explicada por Chiavenato (2006, p. 330):

A qualidade total é uma decorrência da aplicação da melhoria contínua. A palavra qualidade tem vários significados. Qualidade é o atendimento das exigências do cliente. Para Deming, “a qualidade deve ter como objetivo as necessidades do usuário, presentes e futuras”. Para Juran, representa a “adequação à finalidade ou ao uso”. Para Crosby, é a “conformidade com as exigências”. Feigenbaum diz que ela é “o total das características de um produto ou serviço referentes a marketing, engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em uso, atenderá às expectativas do cliente”. No fundo, os vários conceitos de qualidade falam o mesmo idioma por meio de vários dialetos. Por trás dos conceitos de qualidade está a figura do cliente. Que pode ser interno ou externo.

O conceito da qualidade total abrange todas as instâncias da organização, compreendendo não somente os clientes externos, mas incluindo os funcionários e fornecedores, os clientes internos. Os funcionários, que passam a ser vistos como colaboradores e não como meros recursos, sendo alvo de programas que visam melhorar a qualidade de vida no trabalho, como uma extensão da qualidade total. Ainda de acordo com Chiavenato (2006, p. 331):

O gerenciamento da qualidade total (Total Quality Management – TQM) é um conceito de controle que atribui às pessoas, e não somente nos gestores e dirigentes, a responsabilidade pelo alcance de padrões de qualidade. O tema central da qualidade total é bastante simples: a obrigação de alcançar qualidade está nas pessoas que a produzem. Os funcionários, e não os gestores são os responsáveis pelo alcance de elevados padrões de qualidade.

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