Resenha Crítica Filme Invictus
Por: Camila Bernardi • 1/6/2016 • Resenha • 1.230 Palavras (5 Páginas) • 5.896 Visualizações
O filme Invictus retrata o momento posterior ao fim do regime Apartheid e o consequente período de presidência de Nelson Mandela, que ainda encontrava dificuldades para unir o país e acabar com a segregação racial entre negros e brancos. Muitas eram as questões a serem solucionadas no país, como: saúde, educação, alimentação e infraestrutura. Porém, foi por meio do investimento no esporte e na Copa Mundial de Rugby de 1995 que Mandela conseguiu avançar em direção ao seu sonho e não só ser senhor do seu destino – como incansavelmente gostava de destacar – mas, também, o senhor do destino dos 43 milhões de sul africanos.
O investimento feito no esporte e nesse específico evento esportivo, vão para além do investimento monetário, mas para o investimento emocional, humano e inspiracional em todos os jogadores da seleção de rugby capitaneada por François Piennar. Desses, por meio do incansável esforço e vitórias, para todo o resto da população do país.
Parte dessa rede de esperança criada no país se deu pelo poder persuasivo e negociador do presidente, Nelson Mandela. De uma excelente oratória e com a capacidade de se tratar qualquer temática de maneira absolutamente humana, Mandela viu no rugby o meio para intensificar as mudanças que queria para seu país.
Podemos perceber isso em diversos momentos de negociação do filme. O primeiro, e talvez mais importante e decisivo, foi quando Mandela – mesmo que contrário a vontade de sua assistente Brenda, que acreditava que o presidente tinha questões mais emergenciais para tratar – adentra a reunião que estava por decidir que o time nacional de rugby deveria mudar de nome, símbolos e cores. A reunião era presenciada somente por negros, que unanimamente acreditavam que com essas mudanças, o rugby deixaria de ser retrato dos brancos e passaria a ser dos negros. Foi então que Mandela, até então confesso torcedor contrário do “Springboks”, busca mostrar através de um discurso muito bem feito e elaborado, quais as consequências que aquela decisão de poucos teria para o país como um todo e que, não era hora de medir força com os brancos, mas sim, aproximar-se deles – no caso, mantendo o tradicional time pelo qual torciam – para tornarem-se um só.
Nessa cena, podemos perceber alguns dos ensinamentos adquiridos em sala de aula e no livro de Fisher & Ury. “Como chegar ao sim”. O primeiro, é não tratar o outro lado como opositor, mas como possível aliado, buscando entender seus receios, objetivos e desejos e chegar numa relação ganha-ganha. O outro, é tratar a questão de maneira mais humana possível – percebemos isso quando Mandela conta sua história pessoal vivida na prisão, alegando que todos os “policiais” e só eles torciam pelo “Springboks”. Além disso, a linha lógica por ele construída, assim como seu grande poder oratório, torna-o um grande líder, inclusive persuasivo.
Essas três características: (1) ver o outro lado como solucionador do problema junto com você, buscando um resultado ganha-ganha; (2) tratar o outro de maneira humana e (3) construir uma linha lógica clara e objetiva somado à capacidade oratória brilhante, permeiam não só a acima relatada cena de negociação, mas também outras, como: o chá com François, a negociação com seu antigo chefe de segurança, o trabalho voluntário do time de rugby com as crianças da comunidade e até mesmo, a aposta com o representante da Nova Zelândia para ver quem ganharia a final da Copa Mundial de 1995. Muito disso, proveniente das próprias características pessoais do então presidente da África do Sul.
Quando Mandela percebeu a oportunidade criada através do rugby para unificar de forma mais rápida e intensa seu país, não mediu esforços para tornar o time desmotivado em time campeão. Para iniciar, convocou o capitão do time, François Piennar, para tomar um chá e lhe inspirar. Mandela foi muito efetivo quando do seu objetivo pois foi bastante humano, servindo o chá ele mesmo e tentando ao máximo criar um ambiente intimista e também, contando sua própria história de vida. Então, com seu excelente poder oratório conseguiu mostrar ao capitão do time quão importante seria para o país vencer aquele campeonato e que, eles não estavam em lados opostos negociando, mas sim eram aliados com um objetivo final conjunto: colocar a África do Sul na sua posição de liderança do rugby mundial.
Outra cena no mesmo contexto é quando o time bastante vitorioso recebe a visita do presidente que chega de maneira bem humilde e encanta
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