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Índice Alfabético Para Catálogo Sistemático Sociologia da Educação

Por:   •  9/8/2015  •  Trabalho acadêmico  •  111.179 Palavras (445 Páginas)  •  294 Visualizações

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Fernández Enguita, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo / Mariano Fernández Enguita trad. Tomaz Tadeu da Silva . — Porto Alegre : Artes Médicas, 1989. 272p.

1. EDUCAÇÃO — ASPECTOS SOCIAIS 2. EDUCAÇÃO E ESTADO 3. COMUNIDADE E ESCOLA 1. Silva, Tomaz Tadeu da II. t.

                                                                                                                         CDD 370.19

                                                                                                                      CDU 37.015.4

Índice alfabético para catálogo sistemático

 Sociologia da Educação 37.015.4

Bibliotecária Neiva Vieira — CRBIO/563

Mariano Fernández Enguita

A FACE OCULTA DA ESCOLA

Educação e Trabalho no Capitalismo

Tradução:

TOMAZ TADEU DA SILVA

Porto Alegre/1998

Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa à

EDITORA ARTES MÉDICAS SUL LTDA.

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IMPRESSO NO BRASIL

Clube dos Editores

PRINTED IN BRAZIL

À memória de Carlos Lerena,

companheiro, amigo e mestre

Também o indivíduo singular tem que percorrer, quanto a seu conteúdo, as fases de formação do espírito universal, mas como figuras já dominadas pelo espírito, como etapas de um caminho já trilhado e aplainado; vemos assim como, no que se refere aos conhecimentos, o que em épocas passadas preocupava o espírito maduro dos homens desce agora ao plano dos conhecimentos, dos exercícios e até dos jogos próprios da infância, e nas etapas pedagógicas reconheceremos a história da cultura projetada como em contornos de sombras.

G. W. F. Hegel, Fenomenologia do Espírito.

A filogenia e a ontogenia de um mesmo ser constituem aspectos complementares, de nenhum dos quais é possível conhecimento pleno sem o conhecimento do outro.

Faustino Cordón, A evolução conjunta dos animais e de seu meio.

PREFÁCIO

Há três anos publiquei um livro, Trabalho, escola e ideologia, ao longo de cuja elaboração mudou minha concepção do papel da educação na sociedade. Quando comecei a escrevê-lo estava convencido que se tinham atribuído muitas virtudes e defeitos à educação ou, para sermos mais exatos, uma relevância social que não tinha. Em geral, parecia-me insatisfatória qualquer consideração que lhe atribuísse grandes poderes sobre os indivíduos e a sociedade, seja para adaptar os primeiros à segunda, seja para levá-los à sua transformação, pois ambas as versões colocavam a eficácia da escola em sua mensagem ideológica.

Trabalho, escola e ideologia pretendia demonstrar que as idéias das pessoas se formam essencialmente através de suas práticas sociais, mas eu localizava essas práticas fora da escola, fundamentalmente no trabalho — daí a ordem dos substantivos no título — e relegava a escola ao limbo das superestruturas, tal como as concepções cujas insuficiências tinham me levado a escrevê-lo. Entretanto, em seu processo de gestação cheguei à conclusão de que a escola não era um simples veículo para a transmissão e circulação das idéias, mas também e sobretudo o cenário de uma série de práticas sociais materiais. Carecia de sentido, por conseguinte, pretender que as práticas no trabalho tivessem uma grande eficácia ideológica e, ao mesmo tempo, ignorar a eficácia das práticas na escola. Nessa mudança de perspectiva tiveram uma grande influência o muito discutido, mas já clássico, livro de Bowles e Gintis, Schooling in Capitalist America, e uma releitura de autores tão díspares quanto Althusser, Parsons e Dreeben.

Isto se traduziu na redação do capítulo VII do referido livro, “A aprendizagem das relações sociais de produção”, cuja tese central era a de que, através das relações sociais e das práticas no interior da escola, crianças e jovens são conduzidos a aceitar as relações sociais do trabalho adulto. Este livro desenvolve a mesma tese, mas de um modo diferente.

A idéia de que a escola prepara para o trabalho, não já em termos cognitivos, embora também, mas sobretudo em termos de atitudes, disposições, formas de conduta e aceitação das relações sociais imperantes pode ser aceita, em geral, pela maioria dos estudiosos da educação. Mas assume dimensões inteiramente diferentes segundo consideremos que a organização social atual do trabalho é algo natural, racional ou simplesmente inevitável, ou que é uma forma histórica determinada não pelas necessidades das pessoas, nem da “produção” em geral, mas pelos imperativos de sua forma capitalista e industrial. No primeiro caso, a socialização para o trabalho na escola poderia ser ou não conveniente, mas teria a aura da necessidade e da funcionalidade. No segundo, deve merecer o mesmo juízo que merece a forma histórica do trabalho para cuja aceitação prepara; e, se consideramos esta como opressiva e imposta, teremos de ver também a socialização para a mesma como um processo de imposição e domesticação.

Enfim, se aceitamos que uma função primordial da escola é a socialização para o trabalho — e assim o fazem não apenas a maioria dos estudiosos da educação, mas também seus agentes e seu público —, salta aos olhos a necessidade de compreender o mundo do trabalho para poder dar a devida conta do mundo da educação.

A primeira parte deste livro é consagrada ao trabalho. O capítulo 1 trata de suas condições e sua evolução gerais ao longo da história da humanidade. Os capítulos seguintes estão dedicados a mostrar os processos históricos altamente conflitivos pelos quais homens e mulheres foram privados do controle sobre suas condições de vida e de trabalho e conduzidos ao trabalho assalariado, forma que hoje nos aparece como a mais natural do mundo, mas que não foi vista do mesmo modo por aqueles que haviam conhecido outras e foram subitamente arrancados delas. O capítulo II centra-se na resistência oferecida ao processo de industrialização, em especial durante a Revolução Industrial, pelas populações dos países que hoje consideramos avançados. O capítulo III analisa o caso dos países coloniais, particularmente Africa, em que a rapidez da mudança, que condensou em decênios o que na Europa havia durado séculos, converteu em aberto — e violento — choque cultural o que entre nós tinha sido uma evolução relativamente pausada.

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