A COMPLEXIDADE E CONTRADIÇÃO EM ARQUITETURA
Por: Angela Candeia Todescatto • 31/10/2017 • Resenha • 1.023 Palavras (5 Páginas) • 1.495 Visualizações
Aprendendo de Roberto Venturi
O texto começa com a experiência do autor enquanto estudante, onde o desanimo o dominava em relação às suas aulas de arquitetura e que através de um livro de Venturi ele percebe a certeza quanto da escolha da profissão.
COMPLEXIDADE E CONTRADIÇÃO EM ARQUITETURA , 1966
Na análise do primeiro livro de Venturi, considerando a época em que foi escrito, Roberto “refuta a ideia modernista de que a organização funcional de um edifício obedece a uma lógica unitária, responsável pelo seu conteúdo estético”. Para ele, em sua descrição, há muito mais em um processo de projeto do que de dedução. Este primeiro livro seria contra a “incoerência e arbitrariedade da arquitetura incompetente e a complicação preciosista do pitoresco e do expressionismo abstrato”. Apresenta também uma posição contraria a arquitetura de simplificação, em que programas simples são relacionados a formas expressionistas. Este livro sugere a possibilidade de uma arquitetura concreta, mas sua característica mais importante é a de oferecer instrumentos operativos de projeto. Devido a revalorização que ele dava ao papel dos precedentes e ao que se refere à criação, fez com que ele fosse considerado o arquiteto mais influente dos nossos tempos. Para Venturi, os arquitetos não devem
se guiar pelo hábito, mas por precedentes cuidadosamente considerados,
caso a caso.
Levando em consideração a época em que Venturi escreve seu primeiro livro, exterior e o interior constituíam um contínuo espacial, assim como todas as fachadas dos edifícios eram consideradas principais. Para ele, o significado da arquitetura “deriva de suas características interiores e de seu contexto particular”. A idéias de que forças exteriores contribuem para moldar um edifício tem como corolário edifícios de forma complexa, cujas faces respondem a situações contextuais diferentes, voltando-se a poder falar em frentes, fundos e lados.
“Projetar tanto de dentro para fora quanto de fora para dentro cria tensões necessárias que nos ajudam a fazer arquitetura. Já que o interior é diferente do exterior, a parede – o ponto de transição – passa a ser um fato arquitetônico. A arquitetura acontece no encontro das forças interiores e exteriores de uso e espaço. Essas forças interiores e ambientais são gerais e particulares, genéricas e circunstanciais. A arquitetura como parede entre o interior e o exterior é o registro espacial e o cenário desse acordo”.
Outra das muitas idéias presentes em Complexidade e Contradição é a de que muito do conteúdo expressivo da arquitetura reside na distorção de esquemas compositivos de acordo com as singularidades de cada caso. As próprias complexidades e contradições mencionadas no título do livro seriam o resultado de uma dialética entre o sistema e suas transgressões.
Durante todo esse primeiro livro, assim como em sua prática, Venturi enfatiza o uso de convenções arquitetônicas – tanto elementos como métodos construtivos – como ingrediente essencial para a criação de uma arquitetura que possa comunicar e facilitar a identificação do
usuário com os edifícios.
A partir dessa perspectiva, o trabalho do arquiteto consistiria na organização de objetos a partir de partes convencionais e na criteriosa introdução de partes novas quando aquelas não servissem mais. Para que essa arquitetura ‘convencional’ não seja confundida com a arquitetura do passado, Venturi sugere duas estratégias:
1. Uso das convenções de modo não convencional, a fim de torná-la viva;
2. Criação de “elementos vestigiais”, os quais são “o resultado de uma combinação mais ou menos ambígua do velho significado, evocado por associações, com o novo significado criado pela função modificada ou nova, estrutural ou de programa, e o novo contexto.
APRENDENDO DE LAS VEGAS, 1972
A partir do estudo realizado por Venturi, Scott-Brown e Izenour sobre Las Vegas, em 1970, as idéias e a prática de Robert Venturi começam a mudar drasticamente. Em primeiro lugar, o populismo se torna um tema central e o papel do arquiteto passa a ser concebido de modo diferente.
A unidade estética do objeto arquitetônico, em Complexidade e Contradição considerada difícil porém digna do esforço de buscá-la – há mesmo um capítulo entitulado “A obrigação para com o todo difícil”– já é considerada em Aprendendo em Las Vegas impossível de ser alcançada, e em vez dela é proposta a separação entre elementos que atendem ao programa funcional e os que desempenham um papel estético. Em último e decisivo ataque ao expressionismo dos anos 60 surge a idéia do “galpão decorado” (decorated shed), determinando a autonomia dos aspectos estruturais e figurativos da arquitetura, pois o edifício consistiria em um volume simples, barato, ‘funcional’, que resolveria o aspecto pragmático do problema, sendo sobre esse galpão aplicados elementos decorativos bidimensionais, os quais tomariam conta do aspecto representativo/ comunicacional.
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