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A Complexidade e Contradição

Por:   •  21/4/2023  •  Artigo  •  671 Palavras (3 Páginas)  •  71 Visualizações

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Algures numa região longínqua emerge uma estrutura arquitetónica circundada por um lago de tubarões de água doce.

A construção eleva-se em três pisos que se interligam entre si através de um elemento que ainda está por revelar.

A entrada na estrutura é feita através de uma escadaria peculiar com dois sentidos: o primeiro conjunto de degraus obedece às leis da gravidade; o segundo contraria as mesmas. Existe um corrimão que acompanha o conjunto de escadas que não obedece às leis da física e, portanto, está orientado de acordo com a respetiva escadaria. O conjunto de escadas embate num pilar que se ergue verticalmente ao longo de toda a estrutura, tão longo que quase nos guia até ao infinito, sendo simbolicamente comparado ao axis mundi, a coluna cósmica.

Após percorrermos as escadas anteriormente referidas, deparamo-nos com o único acesso para o primeiro piso: uma entrada sufocante, que nasce do chão, cuja dimensão equivale ao diâmetro de uma bola de basquetebol.

Neste primeiro andar, ficamos com a perceção de que não existe nenhuma ligação com os pisos superiores, parecendo impossível chegar aos mesmos. Decidimos, então, aventurarmo-nos pelos mistérios dos corredores.

Do lado esquerdo, após percorrermos o corredor, eleva-se um volume cuja entrada apresenta a forma de um arco a partir do qual nasce uma pala que está à altura de uma girafa bebé. A altura total do volume equivale, por sua vez, a três vezes a dimensão do referido arco. Ao deambular por este volume, o nosso olhar acabava por se focar naturalmente numa porta misteriosa que está naquele espaço, mas que não nos leva a lugar algum (ou voltamos para trás ou caímos em queda livre até aos tubarões).

Regressando ao local de entrada deste piso, seguimos pela direita e somos confrontados com uma passagem estreitíssima, com a altura de um livro e com a largura equiparada a uma estante. A única forma de percorrer este espaço fechado é “de gatas”, espaço este que se desenvolve através de uma rampa ascendente. À medida que subimos esta rampa temos a possibilidade de apreciar a paisagem através de sucessivas janelas. No apogeu desta subida, encontramos um patamar onde está embutido um óculo que transmite a sensação de que quem atravessa o espaço está a ser observado. Depois de chegarmos aqui, o mistério invade-nos quando vemos um túnel cujo final desconhecemos. Guiados pelo nosso instinto, atrevemo-nos a entrar no mesmo e escorregamos numa descida que parece não ter fim. Quando, finalmente, termina, notamos que estamos na água rodeados de tubarões.

 Os mais receosos e que optaram por não entrar no túnel percebem que têm a possibilidade de regressar e prosseguir viagem.  

Somos surpreendidos quando verificamos que a ideia de este piso não ter acesso aos outros era uma quimera e que o acesso ao piso seguinte é feito através do pilar central que funciona como uma trepadeira e que sobe até uma altura considerável.

Concluímos que o piso seguinte tem um pé direito duplo. Ficamos estupefactos quando percecionamos que estamos perante um teto falso e que caminhamos sobre um chão que está repleto de janelas de diferentes morfologias, que se estendem por todo o piso.

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