A TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA
Por: lkyrb • 19/3/2021 • Resenha • 1.131 Palavras (5 Páginas) • 226 Visualizações
Arquitetura e Urbanismo
TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA
Data - 05/11/2020
A arte grega.
Na península helênica, um novo componente étnico modifica e
caracteriza progressivamente a cultura da proto-história mediterrânea. A
crescente infiltração de povos provenientes do norte (dórios) determina, em
contrapartida, a migração dos povos helênicos da costa ocidental para o
Oriente: a Ásia Menor converte-se, assim, no centro da cultura jônica, sempre
imbuída de um cálido sentimental da natureza e sensível a todas as
modulações afetivas, o que a torna sutilmente antitética ao severo rigorismo
formal, à tendência ao simbólico e ao abstrato, própria da tradição dórica, que
domina o período dito medievo helênico, entre os séculos XII e IX A.C.
Com a combinação das duas componentes, dórica e jônica, tentou-se
explicar a coexistência, na grande arte grega, de uma abstrata exigência a
priori de ordem, simetria e proporção, e de uma sempre renovada, às vezes
impetuosa e dramática, experiência de vida. Na verdade, da fase arcaica à
clássica, e desta à difusão das correntes helenísticas, o desenvolvimento
histórico da arte é inseparável do desenvolvimento da cultura e da consciência
política do povo helênico.
Desde seu primeiro aparecimento no âmbito da civilização mediterrânea,
a sociedade grega se funda no pensamento de um prefeito equilíbrio entra
humanidade e natureza: nada existe na realidade que não se defina ou tome
forma na consciência humana. Aristóteles explicará que o primeiro estágio da
“política” é a família, o segundo é a aldeia, o terceiro é a cidade. As próprias
leis do estado têm seu fundamento nas leis naturais e “natural” é o fundamento
da lógica e da ciência, da moral e da religião. Por esse ideal de liberdade a
Grécia combaterá longamente o império persa, última forma do obscuro
despotismo asiático; e essa longa luta histórica nada mais será do que o
resultado da mítica luta de liberação da consciência dos opressivos terrores do
mundo pré-histórico e proto-histórico, com suas ameaçadoras potencias
sobrenaturais.
Nesse sentido, tem uma função ativa ou construtiva: alia-se ao
pensamento dos filósofos e ao gênio inspirado dos poetas na busca de uma verdade que não está além, mas dentro das coisas e que não se alcança
ultrapassando a experiência, mas aprofundando-a e esclarecendo-a.
Explica-se também assim o que, aos nossos olhos, poderia parecer um
limite de arte clássica: o fato de eleger quase como único objeto a figura
humana. Essa é de fato considerada, entre todas as formas naturais, a mais
próxima do ideal, a mais livre das contingências acidentais.
Com o termo clássico, relativamente recente, os teóricos dos séculos
XVIII e XIX indicaram, de fato, a perfeição da forma artística, seu caráter de
universalidade, a eternidade do seu valor. Diremos, pois, que talvez em
nenhum outro período a arte tenha expressado tão plenamente a realidade
histórica, no seu conjunto, como no período dito clássico da arte grega.
O cânon se refere, para a arquitetura, às relações métricas entre as
partes e entre cada parte e o todo, para a escultura, às dimensões relativas das
partes da figura humana. O cânon não é, contudo, uma constante iconográfica,
mas um sistema de proporções entres as partes e das partes com o todo,
refletindo o conceito helênico.
O classicismo assumiu como modelo a arte do passado, não somente
implica a desconfiança na capacidade da arte de exprimir a realidade histórica
presente, mas também, reduzindo a arte à imitação de modelos históricos,
anulando o valor da criatividade que é próprio da arte clássica. O conteúdo
fundamental da arte clássica é o mito: nem por isso, contudo, pode-se
considerá-la sagrada ou religiosa como será, por exemplo, a arte cristã da
Idade Média. A religião grega não nasce como revelação, mas como a lenta
formação do mito mediante o relato verbal, escrito ou figurado das antigas
sagas sobre as origens do mundo e os primeiros eventos do gênero humano.
As representações poéticas ou plásticas não dependem, pois de um sistema
teológico, e menos ainda de uma concepção teórica da ordem social.
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