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Abrigos emergenciais efêmeros

Por:   •  10/4/2024  •  Artigo  •  1.201 Palavras (5 Páginas)  •  95 Visualizações

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Introdução

Todos os anos o Brasil passa por diversas situações de desastres, principalmente enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra, onde milhares de famílias ficam desabrigadas e desamparadas . Após a tragédia, a população é levada para os abrigos improvisados, que não proporcionam conforto, segurança, privacidade e qualidade de vida para os desabrigados. Além disso, esses espaços acabam gerando sentimentos de angústia e medo, e não de alívio como muitos podem pensar.

[pic 1]

Abrigo improvisado em ginásio esportivo, após chuvas torrenciais e deslizamentos em Teresópolis, 2011. Fonte: https://nacoesunidas.org/onu-brasil-esta-entre-os-10-paises-com- maior-numero-de-afetados-por-desastres-nos-ultimos-20-anos/

Os abrigos improvisados no Brasil, geralmente são instalados em igrejas, escolas ou ginásios esportivos, por se tratar de locais um pouco mais amplos e que possuem a infraestrutura mínima para atender os desabrigados. Porém, muito desses abrigos acabam superlotados, a infraestrutura acaba não sendo suficiente para atender a todos, não proporcionam a qualidade de vida mínima para os desabrigados e as pessoas acabam sofrendo física e mentalmente.

[pic 2]

Ginásio Tesourinha recebe desabrigados das chuvas em Porto Alegre, 2015. Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/10/chuva-tira-800-pessoas-de-casa-em- porto-alegre-e-prefeitura-define-acoes.html

[pic 3]

Desabrigados em ginásio esportivo, após o desastre em Mariana. Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/seis-meses-apos-desastre-em-mariana-moradores-vivem-em- meio-devastacao-19225581

Uma solução para o problema dos abrigos improvisados no Brasil, seria a criação de um sistema de abrigos emergenciais temporários, que faça uma intermediação entre os abrigos improvisados e as novas moradias

definitivas. Para esse sistema ser eficiente e proporcionar a qualidade necessária, eles precisam ter "cara de lar", ser mais humanos e trazer conforto e acolhimento para os indivíduos que se encontram fragilizados e vulneráveis.

Arquitetura emergencial

O termo "Arquitetura Emergencial" foi criado em 1978 pelo arquiteto Ian Davis com a finalidade de produzir a referência de um modelo de arquitetura efêmera emergente em casos de desastres naturais ou produzidos pelo homem. O arquiteto ainda afirma que "... o abrigo deve ser considerado como um processo, não como um objeto”.

Os abrigos emergenciais são estruturas temporárias criadas para atender as necessidades básicas daqueles que perderam seus lares em desastres. São capazes de trazer de volta o direito à moradia, dignidade e conforto de um lar para a população que sofreu com as catástrofes naturais ou provocadas pelo homem. O abrigo ajuda também na inclusão social dos moradores.

Segundo Ian Davis, os abrigos de emergência servem para:

  • Proteção contra o frio, calor,vento ou chuva;

  • Armazenamento de pertences e proteção da propriedade;

-Estabelecimento de reivindicações territoriais (direito de propriedade e ocupação);

-Segurança emocional e necessidade de privacidade;

-Um endereço para a recepção de serviços (ajuda médica, distribuição de alimentos, etc.).

"A necessidade por abrigo torna-se fundamental em uma situação de emergência. Um abrigo pode ser uma das chaves para salvar vidas e prolongar a sobrevivência." (ANDERS, Gustavo C.)

O que é disponibilizado atualmente para as pessoas afetadas por desastres mais graves ou por conflitos de guerras, são os abrigos da ONU (Organização das Nações Unidas). Esse abrigo, em geral, é similar à uma barraca de acampamento e proporciona certa privacidade para as pessoas, mas não o seu conforto, o acolhimento e qualidade de vida necessários.

Esses abrigos são mais utilizados para abrigar refugiados de guerras, onde a situação é mais emergente. Por se tratar, as vezes, de milhares de pessoas, o abrigo precisa ser barato, de fácil transporte e de rápida montagem, pouco sendo pensado no conforto e acolhimento dessas pessoas.

[pic 4]

Campo de refugiados em Mahama, Ruanda.

Recentemente foi criado um novo tipo de abrigo emergencial, pela ONU em conjunto com a Fundação IKEA, o "Better Shelter". Esse novo projeto, se assemelha mais com o aspecto de um lar, porém ainda precisa de ajustes para atender todas as necessidades da população afetada.

[pic 5]

Refugiados venezuelanos abrigados em uma unidade "Better Shelter" em Roraima.

Através de estudos, foi constatado que uma resposta adequada para essa situação não deve levar em conta apenas o armazenamento, o transporte e a produção do abrigo, mas também, os aspectos sociais, econômicos e culturais da comunidade em questão. Portanto, a melhor opção nesses casos, é optar por um abrigo que atenda a essas características, e não escolher apenas o mais em conta. A vida e a melhora daquelas pessoas depende da qualidade do abrigo e do tempo em que permanecerão naquele local.

Abrigos emergenciais e a criação de espaços humanizados

Em geral, não pensamos nos abrigos emergenciais como espaços que precisem ser humanizados. Pensamos apenas que estes devem suprir as necessidades básicas daqueles que perderam seus lares, como um teto, uma área para fazer as refeições, a higienização e dormir.

Porém, quando esses espaços são criados a partir do pensamento da humanização, a melhora das pessoas é imediata. A população que irá frequentar esses locais por um tempo indeterminado, precisa sentir que o local se assemelha com suas casas. O espaço deve trazer acolhimento e conforto para essas pessoas, que se encontram em um momento de fragilidade e vulnerabilidade.

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