Aspectos históricos da urbanização

LAMPARD, Eric E. Aspectos históricos da urbanização. In. HAUSER, Philip M.  e SCHNORE, Leo F. (Org.). Estudos de Urbanização. São Paulo: Pioneira, 1975. cap. 14, p. 487-520

Thais Reis Mazine/Teoria da arquitetura e urbanismo I

Erick E.Lampard explica, neste capítulo, os aspectos históricos da urbanização. Inicialmente ele nos apresenta três conceitos de urbanização: o behavioral, o estrutural e o demográfico, o primeiro põe em foco a conduta dos indivíduos, independente de seu âmbito social e local; o segundo ignora o comportamento padronizado do individuo e se fixa em atividades-padrão da população; o terceiro focaliza-se no espaço, ignorando o comportamento individual e a estrutura das ocupações.

Lampard também clarifica que o objetivo desse capitulo é estudar a organização e incidência histórica da urbanização, apresentando a urbanização como um “processo social que, necessariamente ,precede e acompanha a formação de cidades”

Posteriormente, ele apresenta que, para que o crescimento das cidades ocorra, não depende apenas de população e espaço, mas também de capacidades adequadas, ele cita que o tamanho real das concentrações populacionais em qualquer período é determinado pela capacidade tecnológica da população, que seria sua capacidade de adaptação. Logo, a disponibilidade de recursos naturais aliados a tecnologia são essenciais para o desenvolvimento da cidade.

Dentro da ecologia humana, o autor divide a historia da urbanização em duas fases, sendo elas: incipiente e efetiva. A primeira é resultado de uma organização urbana primária; a segunda é aquela capaz de se transplantar para fora da “ambiência matriz”, artefato da cidade definitiva, em sua “capacidade de produzir, armazenar e utilizar reservas sociais”. Em estudo posterior, a urbanização efetiva apresenta diferenças, distribuídas em novas categorias: urbanização clássica, onde medidas sociais de repressão e equilíbrio moderam o crescimento da população; e urbanização industrial, em que o uso da tecnologia e organização abrandam as pressões antes prevalecentes, acarretando em uma concentração populacional.

Para o filósofo Robert M. Adams,”os aparecimentos das cidades... foi proeminente um processo social, mais resultado... das interações do homem com seus semelhantes do que sua interação com o meio.” Desta forma, entendemos que é através do equilíbrio entre a própria  população e seu meio, associada pela tecnologia e organização social que a estrutura da comunidade é gerada

Willey confirma tal premissa ao afirmar que “ a intercomunicação e os estímulos recíprocos... promoveram o florescimento cultural”, essa ideia veio de estudos com povos do Peru e Mesopotâmia, em que, após o rompido o limiar da urbanização efetiva, foi extinguido o regionalismo e subculturas, dando espaço a uma troca de culturas e saberes, deve haver uma simbose entre os dois lados, para que o sistema não desintegre.

Em seguida Lampard retrata sobre a formação das cidades e as organizações sociais que nelas existem, através de divisão de trabalho e métodos transitivos de produção. Ele também cita a importância do desenvolvimento espiritual, no ponto de vista arqueológico, onde a aceleração da urbanização efetiva associa-se a essa expansão espiritual, mais nela do que na própria subsistência física.

Em suma, O autor é rico ao citar diferentes pesquisas e apresentar autores distintos que colaborem com sua premissa, apresentando uma grande variedade de povos e sua evolução do âmbito da urbanização. Conclui-se, então, que a urbanização efetiva não é um processo social universal, e depende das condições de cada região e a interação do povo com o meio, além das necessidades de cada cidade e sua evolução espiritual em nome da convivência em grupo e progresso social.