CONFORTO TÉRMICO NO EDIFÍCIO SANTA FILOMENA
Por: João Pedro Moura Pacheco • 19/6/2018 • Relatório de pesquisa • 1.958 Palavras (8 Páginas) • 261 Visualizações
CONFORTO TÉRMICO NO EDIFÍCIO SANTA FILOMENA
Gustavo Iocida Paternostro – E11
Jennifer Drago – E11
João Pedro Pacheco – E11
Professora Orientadora: Drª. Erika Ciconelli de Figueiredo
O adensamento construtivo é característico de cidades em que o número de habitantes é elevado. Para comportar esse número de pessoas, a solução mais presente é a verticalização de edifícios, muitas das vezes com grandes gabaritos de altura. Esse adensamento pode resultar em construções com uma tipologia específica de edificação, em que é possível perceber que os mesmos tendem a ser projetados a fim de aproveitar ao máximo a área do lote, excluindo assim os recuos laterais que dão possibilidades de aberturas que fornecem ventilação e luminosidade aos ambientes, além de tornar a paisagem urbana fragmentada. (REYNALDO et al., 2012) Ainda segundo Reynaldo “A tendência atual de produzir cidade com crescimento em altura privilegia o espaço edificado, compromete a qualidade do espaço livre público e amplia a pressão da urbanização”. Com a somatória desses fatores citados - que se encaixam a cidade de São Paulo -, ocorre um efeito típico encontrado nessa tipologia urbana: as ilhas de calor.
Os efeitos das ilhas de calor são causados pelo aumento de temperatura em regiões centrais da cidade e, à medida que se afasta deste, as temperaturas tendem a diminuir em seu entorno. Ou seja, o poder refletor de calor de suas redondezas é muito maior do que no centro das cidades. (BIAS; BAPTISTA; LOMBARDO, 2003). Dados da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente - SVMA (2008) indicam diferenças de até 10ºC no gradiente horizontal de temperatura no município de São Paulo, ocorrendo as mais altas temperaturas nas regiões centrais mais densamente urbanizadas e as mais baixas nas periferias serranas ou próximas aos grandes reservatórios de água. (GENGO; HENKENS, 2012). De acordo com Garland, outro fator que provoca esse aquecimento deve-se à materialidade das construções: “Ilhas de calor são formadas porque muitos materiais de construção comuns absorvem e retêm mais calor do sol do que materiais naturais em áreas rurais menos urbanizadas” (GARTLAND, 2008, p.09).
A Figura 01 ilustra a temperatura do clima na cidade de São Paulo. A imagem prova que nas regiões centrais da cidade, as temperaturas (representadas pelos tons laranja escuro) são mais elevadas que nas demais áreas.
[pic 1]
Figura 01: Mapa da temperatura aparente da superfície na cidade de São Paulo. Fonte: SVMA, 2002, s/p.
Em São Paulo as condições climáticas são alteradas pelas ilhas de calor, transformando as temperaturas dos ambientes urbanos e afetando o conforto térmico. A cidade enfrenta problemas como degradação ambiental, como ausência de vegetação, e de qualidade de vida. A vegetação é um fator importante, pois tem como função fornecer melhorias significativas no clima urbano. “É no centro das áreas urbanas, nos lugares pobres em vegetação, que as temperaturas atingem valores máximos. Por outro lado, os valores mínimos são registrados em áreas verdes e reservatórios de água” (SOUZA; MASSSAMBANI, 2004 apud LOMBARDO p.02). Prova disso, citado por Pereira et al. (2006), enquanto em casos em que a temperatura da vegetação densa (no caso de florestas) é de 16 °C, a temperatura no centro de São Paulo atinge 28 °C. A vegetação é capaz de filtrar o ar e manter as temperaturas em níveis menores de sua origem. Ela se faz necessária para manter o equilíbrio ambiental e proporcionar melhor conforto térmico. (GENGO; HENKENS, 2012) Tais questões ficam claras quando Gengo e Henkens afirmam que:
A arborização urbana, jardins verticais, calçadas verdes, telhados verdes, jardins filtrantes são técnicas que além de melhorar o visual do ambiente, são facilitadoras para melhorar a qualidade ambiental e podem ser usadas por gestores ambientais a fim de melhorar a qualidade do meio ambiente. O paisagismo contribui para a diminuição do calor, elevação da umidade, diminuição da erosão, melhor drenagem da água, preservação ambiental e atração da avifauna. (GENGO; HENKENS, 2012, p.56)
Devido tais preocupações, percebe-se que nos últimos anos a cidade de São Paulo vem realizando o emprego de áreas verdes em espaços densos e com escassez de arborização, a fim de destacar a paisagem urbana, e segue a tentativa de criar conscientização ambiental e paisagens visivelmente impactantes. Segundo Scherer “Os benefícios estéticos e psicológicos também representam uma importante justificativa para o aumento do verde, uma vez que o bem estar do homem está intimamente ligado ao seu contato com a natureza” (SCHERER; FEDRIZZI, 2014, p.49) Neste contexto, os jardins verticais passaram a ser vistos como uma alternativa para localidades tomadas por edifícios, amenizando problemas ambientais e melhorando a vida urbana nos grandes centros, onde o desenvolvimento tecnológico e o crescimento populacional acarretaram danos à natureza (SOUZA 2012 apud PERINI et al.) Peck ressalta que o efeito dos jardins verticais pode ser superior ao obtido com telhados verdes, principalmente no caso de edifícios com vários pavimentos. Isso acontece, pois a área de superfície vertical é geralmente superior e abrange todos os pavimentos e não somente a cobertura. Portanto, as superfícies verticais representam um vasto território a ser explorado e uma grande oportunidade para aumento da massa vegetal nas cidades. (SCHERER; FEDRIZZI, 2014 apud PECK)
O objetivo dessa pesquisa é analisar a influência da instalação do jardim vertical no conforto térmico do Edifício Santa Filomena, comparando a influência das temperaturas obtidas depois do emprego do mesmo em seus ambientes internos. Como benefícios para o próprio edifício, Sousa (2012) destaca o contributo para a eficiência energética, a proteção da estrutura do próprio edifício, melhorias na qualidade do ar interior, proteção acústica, e benefícios em termos econômicos assim como valorização do edifício. O
Edifício Santa Filomena fica localizado na encosta do Elevado Presidente Costa e Silva – conhecido como Minhocão, na região central (local de maior concentração de ilhas de calor) da cidade de São Paulo. A execução do jardim vertical foi realizada pelo artista Pedro Wirz em maio de 2016, na empena cega da edificação. O aspecto cinza da região do Minhocão começou a ser modificada pela iniciativa de transformação socioambiental de autoria do
Movimento 90°, que desde 2013 dedica a fazer o Elevado o primeiro “corredor verde” da cidade. Cercado por edifícios, o Elevado impede a subida de gases gerados por veículos que circulam embaixo dele, fazendo da região uma concentração de poluentes. O coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP),
...