Do Barroco ao Rococó
Por: laryssacosta • 28/8/2017 • Trabalho acadêmico • 3.406 Palavras (14 Páginas) • 309 Visualizações
DO BARROCO AO ROCOCÓ
Com a onda de guerras civis que tiveram origem com as reformas protestantes fazia-se necessário criar uma organização política que pudesse colocar ordem nesses conflitos, com este fim deu-se origem ao Estado Absolutista. Nesse mesmo período, com as reformas religiosas que ocorreram no século XVI que promoveram a expansão do protestantismo, a Igreja Católica passava por um momento de perda de muitos fiéis e apesar de não ter perdido toda sua influência política, economica e religiosa o cenário era preocupante para a clerezia. A igreja buscava encontrar soluções para reafirmar os dogmas do catolicismo e impedir que o protestantismo atraisse mais seguidores. Por isso,se fazia necessário encontrar meios que pudessem atrair seus fiéis de volta e assim recuperar o espaço perdido.
Como forma de retomar seus fiéis, a igreja cria o movimento da Contra-reforma e usa o barroco como recurso para além de atrair seguidores, reafirmar e persuadir sobre a fé Cristã. O Concílio de Trento (1545-1563) é um grande exemplo de intervenção da Igreja Católica como financiadora principal da arte barroca. Nele ficaram estabelecidos um conjunto de medidas que deveriam ser adotadas para atrair de volta os fiéis para a Igreja. Uma dessas medidas era o investimento, por parte da Igreja nas produções artísticas que reafirmassem a tradição católica.
As descobertas feitas pelas grandes navegações realizadas por Portugal e Espanha, foram de grande importância e facilitaram ainda mais a atuação dos contra-reformistas, em especial os jesuítas, que se dirigiam às novas terras conquistadas com o objetivo de doutrinar seus habitantes e fortalecer ainda mais o catolicismo pelo mundo.
O Barroco, é um movimento, que tem duração entre a segunda metade do século XVI (1550) e a primeira metade do século XVIII (1760). A origem do seu termo, enquanto estilo, é associada ao nome que se dá a uma pérola irregular, trata-se de uma expressão que era utilizada pejorativamente fazendo referência ao estilo exagerado do mesmo,uma vez que a sociedade ainda estava desprendendo-se dos conceitos e estilo clássico do Renascimento.
O movimento conseguia retratar em suas obras a realidade da sociedade da época que se revelava dualista onde o homem vivia em constantes questionamentos entre seus ideiais humanistas e o cenário do absolutismo e da Contra – Reforma, era portanto, o movimento dos contrastes.
O Barroco configurou-se como um estilo que definia-se por si só, rompendo com o equilíbrio entre o sentimento e a razão proposto no renascimento. Suas obras tinham um caráter único, era um movimento complexo e ousado na formação de suas soluções estéticas que expressava um modo de ser. Por isso, a dramaticidade e a riqueza de detalhes das formas são suas características principais e garantiam às obras um sentido teatral.Trouxe à tona o interesse pelo comum ao retratar a sociedade bem como ela é, cheia de defeitos e questionamentos.
“O barroco é libertação espacial, é libertação mental das regras dos tratadistas, das convenções, da geometria elementar. É libertação da simetria e da antítese entre espaço interior e exterior. Nesta vontade de libertação, o barroco assume um significado do estado psicológico de liberdade e de uma atitude criativa liberta de preconceitos intelectuais e formais.” (CHRISTINE,2011)
Não foi uma arte hegemônica, as expressões artísticas diferenciavam-se conforme os países em que eram criadas, tanto pela própria cultura local, quanto pelo intervalo de tempo entre a ascensão do estilo em um país e no outro. Na Itália, onde a originou-se, a arte barroca teve grande influência religiosa, posto que a Igreja Católica era sua principal financiadora com a construção das catedrais. A Igreja italiana tinha como objetivo atrair os fiéis com propostas arquitetônicas que mostrassem a imponência do catolicismo. Na França, o objetivo não era diferente, a ideia principal era demostrar poder, entretanto os principais financiadores agora eram os reis que construíam palácios exuberantes na intenção de mostrar a grandiosidade da Monarquia. No norte da Europa, alguns países tinham o protestantismo como religião principal e por isso as imagens religiosas eram proibidas, desta forma o barroco foi mais observado em quadros com motivos de natureza-morta e paisagens. No Brasil o movimento chegou um pouco mais tarde, com suas primeiras aparições no séc XVII, foi o estilo que dominou a maior parte do período colonial e tinham como finalidade demonstrar o poder do domínio da corte portuguesa e assim evitar invasões. Trazido pelos jesuítas, o movimento deixou seu maior legado no Brasil nas artes sacras.
Além de ser um estilo que o emocional se sobressai ao racional, o barroco tinha como expressões marcantes também a dramaticidade, a teatralidade e o realismo que podiam ser observados as intervenções artísticas no ramo da pintura, escultura e arquitetura.
Na pintura a ideia era romper com os padrões renascentistas, as cenas retratadas eram em sua maioria assimétricas e sua composição na maioria das vezes tinha como resultado uma combinação diagonal. Possuiam um grande contraste de sombras propiciados pelo jogo de claro-escuro que tinha por finalidade intensificar a dramaticidade da cena atraves da expressão de sentimentos. Tratava-se de uma pintura que priorizava a escolha do momento mais dramático da cena para retratar da forma mais realista possivel a sociedade como ela é em todas as suas camadas sociais.
Foto 01 - A vocação de São Matheus. 340 x 322 cm. Capela ContarelliS. Luigi dei Francesi, Roma, 1599-1600.
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Fonte: http://virusdaarte.net/wp-content/uploads/2013/04/mateus.jpg
É possível observar na pintura “ A vocação de São Matheus”, de Caravaggio (ver foto 01) traços importantes que revelam a identidade da obra como sendo uma obra barroca. O efeito de claro e escuro é bastante marcado e com isso da a sensação dramática que o barroco costuma empregar, assim como dar uma melhor ideia de profundidade no quadro. Além de dar ênfase no momento mais dramático em que a cena estava acontecendo.
Foto 02 - A glória de Santo Inácio. Andrea Pozzo, 1667
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Fonte: https://image.slidesharecdn.com/aculturadopalco-130924112551-phpapp02/95/a-cultura-do-palco-43-638.jpg?cb=1380022143
Na obra de A glória de Santo Inácio de Andre Pozzo (ver foto 02) o artista utilizou uma das técnicas que mais definia-o, o uso do tromp l’oeil para fazer uma composição de prespectivas no teto da igreja, que causavam a ilusão de que as colunas e paredes não tinham limite e continuavam no teto que representava o céu convidando os homens para viver em santidade. Além deles destacaram-se também na pintura, Velázquez, Rubens,Rembrandt, entre outros.
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