ECONOMIA DE ÁGUA EM COBERTURAS VERDES A PARTIR DA INSTALAÇÃO DE VEGETAÇÃO NATIVA
Por: Beatriz Conforto • 21/3/2016 • Projeto de pesquisa • 1.167 Palavras (5 Páginas) • 339 Visualizações
ECONOMIA DE ÁGUA EM COBERTURAS VERDES A PARTIR DA INSTALAÇÃO DE VEGETAÇÃO NATIVA
Introdução |
No meio urbano, principalmente em áreas de grande concentração de prédios comerciais, são altos os índices de poluição atmosférica e sonora, assim como os níveis de umidade são relativamente baixos. Podemos atribuir esses fatores à falta de áreas verdes e de solo permeável, o que interfere na qualidade sensorial e até de saúde das pessoas que frequentam esses locais.
A vegetação nativa do estado de São Paulo, segundo o botânico Ricardo Henrique Cardim, autor do projeto SkyGarden no portal Árvores de São Paulo (2010, s/p):
São Paulo era um ecótono – uma região de transição entre diferentes vegetações – aqui existia um mosaico de formações, e não um tapete contínuo de Mata Atlântica como aquela que vemos na Serra do Mar. A Mata de Araucária, originária do Sul, o Cerrado, do Centro-Oeste, a Mata Atlântica de Encosta, da Serra do Mar, e a Mata Semi-decídua, do interior do Estado, se encontravam nessa área, em um fluxo de diferentes floras. O resultado foi uma área de grande diversidade de paisagens.
No caso da Av. Paulista, especificamente, a vegetação original é a Mata Atlântica, que com a urbanização das cidades foi praticamente desmatada por inteiro na região.
Inseridos nesse plano, algumas soluções foram criadas na tentativa de recuperar alguns benefícios oferecidos pela presença de áreas verdes. Como implantar esses espaços no meio urbano e quais as vantagens proporcionadas? Segundo Dominique Gauzin-Müller no livro Arquitetura Ecológica (2001, p.68)
Em um meio em que a poluição e os ruídos são muitas vezes sentidos como uma agressão, as funções reguladoras das áreas verdes, mesmo que não sejam exuberantes, não devem ser minimizadas. A vegetação melhora o clima urbano de várias maneiras:
-As árvores absorvem a agua pelas raízes e a restituem por meio da evaporação, devolvendo a umidade ao ar frequentemente seco das cidades;
-A massa vegetal regula a temperatura, podendo causar uma diminuição da temperatura de 1°C a 4°C nos dias de calor;
-A fotossíntese retém o carbono e libera oxigênio;
Essas ideias se materializaram em forma de jardins suspensos e telhados verdes. No Brasil, essa técnica ainda é recente, quase embrionária.
Inaugurado em 1966, o Edifício Gazeta é a quinta sede da Fundação Cásper Líbero e foi o primeiro prédio no Brasil a possuir as características necessárias para manter uma redação, gravura, composição e distribuição de jornal. Com 68.000m² de área construída e 14 andares, o local recebe cerca de 20 mil pessoas por dia sendo um dos edifícios mais movimentados da Av. Paulista.
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Figura 1 – Terraço-Jardim Edifício Gazeta – Fonte: Árvores de São Paulo, 2014
Em 2014, o prédio recebeu o primeiro telhado verde sustentável da extensa avenida. Cerca de 80 espécies nativas foram implantadas em 27m² sendo desde gramíneas até árvores de 4 metros. Sendo um prédio relativamente antigo, essa instalação foi analisada para não interferir na estrutura e nem na conservação do mesmo. Essas condições foram alcançadas graças ao uso de um substrato especial oferecido pela empresa SkyGarden. Originário do Japão, esse material pesa apenas 40kg/m² enquanto a terra convencional 300kg/m², tem uma capacidade de retenção de água no solo (com espessura de 20cm) de 80L, três vezes mais do que a comum. Além disso, o plantio pode ser realizado a partir de 4cm de espessura e o resíduo tem durabilidade de 10 anos sem reposição.
A vegetação originária utilizada, afeiçoa-se perfeitamente ao clima local, contribuindo o para a redução e melhoria de muitos itens citados ao início da pesquisa. Ocorre também a reinserção da fauna nativa, auxiliando no controle de pragas urbanas e no ecossistema da região, em contraponto, o uso de vegetação estrangeira pode potencializar esses problemas.
Em contraponto, localizado no décimo quarto andar do prédio sede da prefeitura de São Paulo (Edifício Matarazzo), o terraço verde, cujo nome homenageia seu idealizador e principal mantenedor, Walter Galera -já falecido- conta com 400 espécies de plantas, dentre elas árvores de até 8 metros, árvores frutíferas, samambaias, chefleras, Palmeiras Areca, dentre outras. Possui também um lago com carpas que ajuda na umidade do ambiente e na constituição de um micro clima mais auto suficiente.
Criado há mais de 50 anos, o bosque, como é chamado por alguns, possui 40cm de profundidade preenchidos por terra, área a qual se encontram enterradas as árvores e plantas. Sua vegetação chega a absorver 30% da radiação natural e a proporcionar 16% a mais de umidade, melhorando o micro clima da região e o conforo térmico do prédio. O edifício Matarazzo não possui o décimo terceiro andar, fato que facilitou a implantação do telhado verde.
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Figura 2 – Terraço-jardim Edifício Conde Matarazzo – Fonte: Diário de São Paulo, 2015
Este trabalho consistirá na exposição dos benefícios relacionados à economia de água tratando-se de vegetação nativa e estrangeira. É importante ressaltar que ambos edifícios possuem traços de vegetação nativa, mas apenas a Fundação Cásper Líbero contém uma cobertura verde composta por Mata Atlântica em sua totalidade. Serão analisadas as diferentes espécies e a sua capacidade de retenção de água assim como as técnicas de reuso revertidas para o prédio onde se encontra e outros benefícios proporcionados por elas.
Assim, os objetivos desta pesquisa resumem-se em:
- Explicitar os benefícios da implantação de telhados verdes.
- Relacionar os atuais problemas climáticos de grandes áreas urbanas com o desmatamento da mata regional nativa.
- Confrontar a instalação de coberturas com vegetação nativa e estrangeira.
- Comparar o consumo de água a partir de cada vegetação.
- Comparar o uso de terra comum com o do substrato SkyGarden.
- Justificar a preferência pela escolha de mata nativa.
Métodos
A fim de atingir os objetivos acima, o processo metodológico será composto por:
- Pesquisa de referências bibliográficas que explicitem as técnicas e benefícios trazidos pelo uso de coberturas verdes.
- Análise de dados e levantamento das informações que serão utilizadas.
- Levantamento histórico do Edifício Gazeta e Edifício Conde Matarazzo.
- Levantamento de dados sobre economia de água e reuso em cada edifício.
- Avaliação do material obtido.
- Redação preliminar sobre a relação da importância da reinserção de mata nativa e seus benefícios para a economia de água.
- Revisão e formatação do texto segundo normas ABNT.
- Redação final.
Cronograma
Atividade | Meses | ||||||||||||
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | ||
1.Pesquisa de referências bibliográficas | |||||||||||||
2. Análise de dados | |||||||||||||
3. Levantamento histórico | |||||||||||||
4. Levantamento de dados | |||||||||||||
5. Avaliação do material obtido | |||||||||||||
6. Redação preliminar | |||||||||||||
7. Revisão e formatação | |||||||||||||
8. Redação final |
Referências
DURAN, Sergio Costa. A Casa Ecológica: Ideias práticas para um lar ecológico e saudável. São Paulo: Gg, 2011. 159 p.
GAUZIN-MÜLLER, Dominique. Arquitetura Ecológica. Paris: Senac Sp-, 2001. 304 p.
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