ENSAIO SOBRE ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS NO BRASIL
Por: adriannasc • 12/7/2022 • Ensaio • 2.704 Palavras (11 Páginas) • 140 Visualizações
Projeto VII- Urbanização de Assentamento Precário.
QUAL O PAPEL DA CLASSE DOMINANTE NA EXISTÊNCIA DE
ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS NO BRASIL?
Gabriel Viana Nascimento
RESUMO
O seguinte trabalho tem por objetivo expor as relações entre o sistema capitalista e
a existência de assentamentos precários nas grandes metrópoles urbanas no mundo
e no Brasil, fazendo um apanhado histórico da formação destes assentamentos
desde a consolidação do sistema capitalista até os moldes de globalização do
século XXI. Propondo deste modo, uma reflexão sobre a violência de classe e a
negativa dos direitos básicos ao trabalhador vinculados aos interesses da classe
dominante na manutenção destas regiões.
Palavras-chave: Capitalismo, Assentamentos precários, Urbanização.
INTRODUÇÃO
A existência de assentamentos precários é comum a maioria das metrópoles
urbanas a nível mundial, marcadas pela falta de acesso ao saneamento básico,
serviços essenciais e com altas taxas de violência, essas áreas coexistem entre o
legal e o ilegal, sendo a morada de grande parte da classe trabalhadora. O acesso
aos bairros de melhor localização é limitado aos que possuem maior poder
aquisitivo, às margens da especulação imobiliária, e se observa a criação de uma
cidade dividida em duas. Deste modo, é essencial compreender os processos
econômicos e históricos que deram origem às grandes áreas de baixadas nas
cidades, e qual o interesse das classes dominantes na existência destas áreas, de
modo a compreender com mais eficiência os meios que podem levar a resolução
desta problemática.
O SURGIMENTO DOS ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS NO SISTEMA
CAPITALISTA
O modo de trabalho consolidado pelo modelo capitalista, está diretamente atrelado
com o trabalho assalariado, antes de sua consolidação, as cidades funcionavam
majoritariamente sobre a ótica de troca de mercadorias, desta primeira formulação
surgiram as classes em suas primeiras formas, separando o poder político-religioso
da mão de obra camponesa e do trabalho artesanal, sendo o mercado um sítio onde
se localizava a cidade, com uma origem política e religiosa (SPOSITO, 1988). No
período feudalista a produção estava centrada no trabalho agrícola, sobre a visão de
proprietários e não proprietários, ou seja, os camponeses e os senhores
feudais. Neste período, se observa o poder se concentrando não mais nas mãos de
um grande chefe de estado, mas nas mãos de variados senhores de terras. Com a
consolidação do capitalismo advinda de fatores como a abertura de portos e a
ascensão da classe burguesa, que gradualmente enfraqueceu as bases feudais, as
cidades receberam um novo caráter: O de comércio e prestação de serviços.
Houve então um adensamento urbano e uma reformulação da ideia de trabalho, com
a concentração da burguesia em certas áreas dos centros urbanos e o dos artesãos
em outras, surgem também, os arrendatários capitalistas em meados do século XIV,
transformando a terra em uma mercadoria. “Karl Marx em sua obra O Capital afirma
que o dinheiro que circulava desta maneira, tornava-se capital. Portanto, aqueles
que dele se beneficiavam desde o fim do período medieval — a burguesia — eram
os capitalistas.” (SPOSITO, 1988).
O surgimento da indústria substitui o modo de trabalho manufaturado e a revolução
agrícola aumenta a produtividade e diminui a necessidade de trabalhadores nos
campos, com este processo, ocorre um movimento de saída dos campos para as
cidades em busca de melhores condições de vida (fenômeno observado
posteriormente no Brasil). Um outro motivo para a ida dos trabalhadores para as
cidades no contexto da Inglaterra foram as Leis de Cercamentos que privatizaram
grandes lotes de terra de uso comum de camponeses em detrimento de senhores de
terra.“O salariado nasceu da apropriação pessoal do solo e dos instrumentos de
produção por alguns. Era a condição necessária para o desenvolvimento da
produção capitalista.” (KROPOTKIN, 1892.). As cidades não possuíam infraestrutura
para abrigar os trabalhadores vindos dos campos, que começaram a se aglomerar
nas áreas próximas às fábricas em construções irregulares com péssimas condições
sanitárias, o que trouxe consigo uma série de problemas sociais, que eram
agravados pela alta carga horária das fábricas e as condições degradantes de
trabalho. “A população de Manchester cresceu dez vezes entre 1811 e 191 1 - e o
mesmo ocorreu em Birmingham. Nos Estados Unidos, a população de Chicago foi
de 4 mil habitantes em
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