Inventário Casa de Banho - Restauro
Por: Giseleroza • 1/6/2017 • Trabalho acadêmico • 1.539 Palavras (7 Páginas) • 353 Visualizações
INVENTÁRIO – CASA DE BANHO D. JOÃO VI
FICHA TÉCNICA
O nome que ficou marcado, e que identifica o imóvel até hoje é: Casa de Banho D. João VI.
- Nomes Anteriores: Casa da Família Tavares Guerra; Chácara Imperial Quinta do Caju; Casa de Banho D. João VI. - Nome Atual: Casa de Banho D. João VI - Museu da Limpeza Urbana. - Ano de construção: 1810. - Inaugurações: Como Casa de Banho D. João VI – 1817 Como Museu da Limpeza Urbana – 1996
- Endereço: Rua Praia do Cajú, atual 385, antigo 115, Caju, Rio de Janeiro - RJ.
- O entorno imediato da área ocupada, atualmente, é de antigos imóveis construídos na mesma época deste, uma praça localizada na parte frontal do imóvel, há uma proximidade, com o viaduto de acesso da ponte Rio-Niterói, e com o Porto do Rio de Janeiro, tendo como vista frontal o muro do Porto.
- Tombamento em Abril de 1938; Processo nº 26.
- O uso original do imóvel era residencial - um solar de propriedade do negociante de café Antonio Tavares Guerra. - Área aproximada do terreno: 409,29 m² - Área aproximada da edificação: 270,73 m²; - Somente uma edificação, tendo uma parte sua um segundo pavimento; - Estilo arquitetônico colonial; - Localizada na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Caju, na rua Praia do Caju, nº. 385. CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA
- Seu estilo arquitetônico é colonial; - O acesso principal da casa se dá através de um alpendre (pequeno telhado saliente acima de uma porta, de uma janela, para abrigar do sol, da chuva, ou para servir de ornato; telheiro) voltado para um pátio interno, onde se chega ao atravessar o grande arco com marco em pedra da fachada voltada para a rua – foram usadas colunas de ordem dórica para a sustentação do alpendre; - Possui janelas ritmadas, com perfil em arco abatido, emolduradas em madeira - Os telhados em quatro águas, com beiral, possui uma leve curvatura e telhas em bico nos cantos.
- Para a sua construção foi utilizada a alvenaria, em tijolos, com argamassa de cal e areia. Cantarias nas partes estruturais, nas cornijas, nos cunhais. As janelas em madeira e vidro, e as portas em madeira com marco em pedra. Originalmente suas paredes tinham cor branca.
O imóvel em questão, era propriedade da família Tavares Guerra, e ficava à beira mar. Em um determinado, período, Tavares Guerra foi visitado por D.João VI, que estava com uma mordida de carrapato em sua perna esquerda, a qual havia infeccionado e não estava tendo êxito no tratamento com remédios, tendo sido então, recomendado pelo médico da corte, banhos de água do mar.
- O bairro do Caju era valorizado e nobre, e segundo o cronista C. J. Dunlop, do Rio Antigo, "O Caju era uma região belíssima, de praias com areias branquinhas e água cristalina, onde não era rara a visão do fundo da Baía, tendo como habitantes comuns os camarões, cavalos-marinhos, sardinhas e até mesmo baleias". A História do bairro do Caju remonta a época do período colonial do Brasil, entretanto, poucos a conhecem. Era um bairro atrativo, com belezas naturais e localização privilegiada às margens da Baía de Guanabara, a qual na época possuía águas límpidas, calmas e era considerada medicinal. Praia do Caju década de 1940 Fonte: Arquivo pessoal de Iraydes Henriques
Há registros de que como o monarca era avesso a qualquer tipo de contato a água, só aceitou tomar o banho curativo da Praia do Caju se fosse pendurado em uma espécie de tina, a qual permitia que apenas suas pernas se molhassem. Entretanto, há relatos de que devido ao medo de ser mordido por caranguejos, ele entrava em uma tina furada, a qual era içada por escravos e em seguida baixada ao mar, de forma que a água só chegava a altura do ferimento. Sendo assim, o primeiro banho de mar de D. João VI foi na praia do Caju, no ano de 1817, aos seus cinquenta anos de idade, devido a recomendação médica. A partir daí a casa ficou conhecida como Casa de Banho de D. João VI. Com isso, o monarca lançada a moda dos banhos de mar, e ainda, fez com que, o bairro do Caju viesse a ser o primeiro dos nossos balneários, sendo transformado em um ilustre bairro de veraneio com elegantes casas e chácaras. É notória a importância histórica e cultural que tal imóvel tem, sendo um símbolo de um marco na História do Brasil.
Em 1938, a casa foi tombada pelo IPHAN, porém, só veio a ser ocupada em 1961. Foi desapropriada no governo de Carlos Lacerda, e uma vez vazio, o casarão foi praticamente abandonado e esteve a ponto de ruir em vários momentos. Em 1979, o então diretor da Fundação Rio, o escritor Rubem Fonseca, sugeriu que a casa se transformasse em centro de artesanato, entretanto, a ideia nunca vingou. Fonte: Acervo pessoal
Em 1985, a SPHAN finalmente deu início às obras de restauração do imóvel, com o objetivo de aproximar o solar à sua feição original. Tendo sido concluída a reforma em 1987, a Casa de Banhos ganhou festa de inauguração, com exposição fotográfica sobre o bairro do Caju e shows. Mas ainda não seria desta vez que a velha casa deslancharia.
Em 1988, de novo abandonado, o imóvel foi ocupado por uma família de 10 membros. Em 1996, a casa foi finalmente restaurada, com financiamento da COMLURB em parceria com a Região Administrativa da Zona Portuária. O imóvel funcionou como Museu da Limpeza Urbana, vinculado à COMLURB, que criou um espaço para ações educativas, culturais e de lazer, como exposições, seminários, espetáculos musicais, teatrais e de dança, audiovisuais, fóruns de debates, interações escolares e comunitárias. O museu apresentava os primeiros uniformes desenhados para garis, equipamentos utilizados para recolher o lixo, miniaturas de veículos e de carruagens, entre outros objetos que fazem parte da história. Entretanto, atualmente, o museu encontra-se fechado.
Atualmente, o imóvel é um importante registro histórico do período colonial brasileiro, mantendo viva a lembrança de que era um local frequentado pela monarquia. E que foi o primeiro balneário da cidade. Que o Caju, apesar de suas mazelas atuais, um dia já foi um belíssimo balneário de águas límpidas e medicinais, onde era frequentado pela nobreza.
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