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O BARROCO NO BRASIL

Por:   •  8/5/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.897 Palavras (16 Páginas)  •  220 Visualizações

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TEXTO 1

O BARROCO NO BRASIL

Ao decorrer da Idade Média, a física e a metafísica andavam juntas, acreditavam que o céu estava logo acima das nuvens, a intuição prevalecia sobre a intuição, a intenção sobre a ação e o significado das coisas sobre sua aparência. A razão e a fé se associavam e o pensamento crítico a respeito dos dogmas da Igreja não era desejável. Porém, o racionalismo renascentista, Henrique VIII e as teses de Lutero desafiaram esta unidade ideológica cristã, separando, enfim, a religião da ciência , a fé da razão e o espiritual do temporal.

Diante deste cenário, o catolicismo reage com a tentativa de reafirmar firmemente sua doutrina e, em lugar de aceitar os questionamentos e tentar se adaptar às propostas racionais, negou a legitimidade das análises racionais que o contrariava. Portanto, manteve-se a antiga ideia de que o empírico prevalece sobre o racional, agora, porém, acrescida da necessidade de defendê-la contra as divergências internas causadas por tais questionamentos. Esta necessidade resulta na Contra-Reforma, que tinha como propósito reafirmar a verdade divina em detrimento do raciocínio humano e a condenar as rebeldias como heresias.

Nela nasce o barroco, onde as perspectivas ilusórias de difundem, predomina-se a composição aberta, o desenho assimétrico, as curvaturas contínuas e os espaços indirecionais envolventes, as estruturas são escondidas e desmentidas pela ornamentação e persiste a crescente complexidade das soluções que visavam impossibilitar a compreensão e enfatizar sua significação mítica. Como resultado da Contra-Reforma, instrumento do absolutismo político ou expressão de um período romântico, o barroco busca a prevalência da aparência sobre a realidade, novamente o empírico sobre o racional, o todo sobre o detalhe, e a complexidade sobre a clareza.

Uma das características do barroco é a não incorporação de novos elementos à arquitetura, apenas utiliza-se as características dos estilos que o antecederam: os exteriores tem suas colunas e frontões gregos, cúpulas e abóbadas romanas, arcos mouriscos e bizantinos, as ogivas, pináculos, góticos, a folha de acanto helênica e os arabescos muçulmânicos, portadas românicas e nervuras estruturais aparentes renascentistas. Porém, o barroco não se submete às características, regras e espírito da antiguidade clássica, mas prefere incorporá-las à sua conduta e utilizá-las para concretização dos seus objetivos. Assim, a incoerência e as distorções desse estilo não são acidentais e não podem ser classificadas como erros, ao contrário disto, foram pensadas para demonstrar que tudo deve ser, e está, submetido à fé. Tal propósito é o que faz com que o barroco seja considerado um estilo completo e independente.

PORTUGAL

Portugal sempre foi um país católico. Entretanto, a despeito de seu considerável êxito nos caminhos marítimos, jamais alcançou a riqueza adquirida por seus países vizinhos no período barroco. Seu limitado território, sua escassa população, as sucessivas guerras que enfrentou no período, a dominação espanhola de 1580 a 1640, e os reduzidos benefícios que obteve de suas colônias, impediram-no de acumular recursos suficientes para o uso do barroco como afirmação de glória e poder. Enquanto a Espanha, muito mais rica, absorve o estilo com uma desenvoltura que permite a criação de interpretações próprias de considerável importância, Portugal aceita o barroco com certa dificuldade, bastante timidez e menor imaginação. Suas mais notáveis construções ainda são modestas comparadas às francesas e espanholas.


Pela parte da Igreja Católica não há tanta motivação para afirmar-se em Portugal, pois sua população em geral pobre não se inclina a discussões metafísicas e aceitam pacificamente os preceitos tradicionais da Igreja. O Vaticano já não tem forças para dirigir a conduta dos reis e concentrar as economias nacionais nas iniciativas de caráter religioso, que permitiram a grandeza das catedrais bizantinas e góticas. Depende, agora, do apoio recebido das cabeças coroadas e das ordens religiosas – jesuítas, carmelitas, dominicanos, franciscanos, etc – com prestígio e poder próprios. É tamanha a fraqueza do Vaticano que o Papa Júlio III, em 1551, transfere ao rei de Portugal, Dom João III, completa jurisdição espiritual sobre as terras descobertas. Por sua vez, as ordens religiosas, com suas sedes principais na Espanha e Itália, preferem atuar em países e territórios que lhe oferecem maiores possibilidades de expansão.

Estas circunstâncias enfraquecem consideravelmente o barroco lusitano que só adquire maior significação quando o ouro é encontrado no Brasil e assim desperta adormecidas ambições, cria problemas, desafia a autoridade real e provê, enfim, as bases necessárias ao florescimento do estilo.

Ainda que algumas construções portuguesas, como os Jerônimos, Tomar, Sé de Lisboa e Igreja do Senhor Bom Jesus de Braga atestem a alta capacidade artística de Portugal, não é visível o estado de espírito e as condições que durante todo o período barroco fizeram a grandeza dos monumentos italianos, franceses e germânicos. O barroco português não é espetacular, é mais significativo na honestidade de sua tradução arquitetônica, na sinceridade econômica das soluções, no refinamento dos detalhes, na modéstia e austeridade das composições e na ingenuidade dos desenhos. Tal reflexo vem em perfeita relação a maneira de ser um pequeno povo, agarrado à terra e ao mar, em luta constante pela sobrevivência e que entra na história com a estória de sua valentia.

1500-1650

Em 1500, no reinado de Dom Manuel, o Venturoso, Portugal incorpora o Brasil a seus domínios. O Brasil revela-se uma terra imensa e fértil; nada mais. Seus nativos são pobres e andam nus; não tem uma estrutura social desenvolvida; nem tesouros acumulados. Sem recursos próprios a empregar, procura o rei interessar seus fidalgos na exploração da colônia. A iniciativa falha. Em 1530 envia então Afonso de Souza à nova terra para nela estabelecer pontos permanentes de povoamento e cuidar do desenvolvimento. É quando se fundam os primeiros povoados fixos brasileiros. São Vicente, ao sul, e Olinda, ao norte. Entre estes dois pontos extremos, pouco mais tarde é criada a cidade de Salvador (1549), onde se estabelece o Governador-Geral da colônia.

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