O Estilo Gótico na Catedral de Segóvia
Por: Luiza Ferreira • 4/6/2019 • Artigo • 5.564 Palavras (23 Páginas) • 265 Visualizações
METODOLOGIA E TÉCNICA DE PESQUISA APLICADA À ARQUITETURA
FERREIRA: Luiza¹; SANTOS²; Mariana2;
¹UFPa, luiza_ferreira96@hotmail.com
²UFPa, maiana28.ms@gmail.com
TÍTULO: O ESTILO GÓTICO DA CATEDRAL DE SEGÓVIA: HISTÓRICO, CONTEXTO E ANÁLISE ARQUITETÔNICA.
RESUMO
O estilo gótico, surgido na idade média, ou idade das trevas para os renascentistas, foi posterior ao estilo românico. A partir das evoluções técnicas e estruturais, estilo gótico se tornou distinto e vinculado a grandes catedrais da idade média, período de grandes transformações sociais. Dentre as peculiaridades das catedrais góticas, um componente marcante é o emprego dos arcos em ogivas e os arcobotantes. Outra característica é a presença de vitrais para a iluminação interna das catedrais e a verticalidade como imponência nesse estilo. A catedral de Segóvia, conhecida como a Senhora das catedrais, traz consigo todos esses elementos em evidência e esbanja grandiosidade e imponência, assim como na idade média, até os dias de hoje.
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Palavras-chave: Gótico, Catedral, Segóvia.
JUSTIFICATIVA
Este estudo é importante para identificar formas de representação e transformação da arquitetura no período medieval, como forma de comunicação e expressão dos ideais da sociedade intelectual e clérigo da época, e auxílio para os construtores como processo de evolução estrutural. As grandes formas das catedrais góticas a serem construídas na Idade Média eram muito desafiadoras aos mestres de obras, projetistas e arquitetos, já que eram auxiliados apenas pelos desenhos manuais, diferente de hoje, em que existem inovações tecnológicas de alta precisão que facilitam a elaboração de projetos e obras. A catedral de Segóvia é um ícone de uma das últimas fases do tardo gótico, e nela é possível perceber todas as formas de expressão englobadas no estilo, em sua essência, por isso faz-se necessário o estudo desta catedral, a fim de dominar as vertentes do estilo na sua forma mais original. Caracterizá-la torna-se imprescindível para que estudantes de arquitetura e linguagens artísticas tenham uma plena compreensão do estilo gótico.
1 INTRODUÇÃO
A produção a seguir tem por finalidade apresentar um estudo sobre a catedral de Segóvia, a partir de diversas referências bibliográficas de periódicos, trabalhos de conclusão de curso, pesquisas realizadas na internet e outros.
Está dividida em sete tópicos assim distribuídos: Breve histórico da arquitetura gótica, onde será apresentado o início desse estilo; técnica- ; estrutura- onde foi possível observar o novo estilo que, traz um grande avanço estrutural na criação de arcos ogivais; planta baixa- representa uma forma inovadora de dimensão do espaço; forma e volumetria- apresenta uma riqueza em detalhes e grandiosidade, embora com uma composição construtiva muito mais leve ; simbolismos e elementos artísticos predominantes – onde é possível observarmos a expressão da história da humanidade os reflexos expressos nesse estilo, nessa perspectiva, é possível compreender como ocorreu o processo de implantação e construção da catedral de Segóvia.
2 BREVE HISTÓRICO DA ARQUITETURA GÓTICA
A Arquitetura Gótica é tida como um marco na história do continente europeu e das artes em geral, uma vez que rompeu com o modelo de construção vigente até então, sendo uma vertente totalmente inovadora. Sendo posterior à arquitetura românica e, ainda carregando traços semelhantes do românico, teve o surgimento no norte da França durante a alta idade média, entre os anos de 1050 e 1100 e inicialmente era conhecida como “obra francesa”. A origem do termo “gótico” está no fato de seu aparecimento ter sido fora da Itália e surgiu no início do Renascimento com uma conotação pejorativa, numa clara alusão do mundo civilizado e do mundo bárbaro.
Esta concepção arquitetônica apresenta abóbadas amplas e altas, sustentadas por pilastras ou colunas. Elementos denominados arcobotantes e contrafortes eram responsáveis pela manutenção do equilíbrio da construção, procurando compensar o peso desmedido das abóbadas. Vitrais e rosáceas tomam o lugar de densas paredes. Estes aspectos constituem as características principais de uma arquitetura considerada pura.
Muitas catedrais góticas caracterizam-se pelo verticalismo e majestade, denominando-se durante a Idade Média, como supremacia e influência para a população. O surgimento do estilo gótico está ligado com a substituição do trabalho servil para o trabalho livre nesse setor da sociedade medieval, que deve ter estimulado a criatividade dos construtores da época (FREITAS 2013, 205).
3 ESTUDO DA OBRA
3.1 Técnica
Os trabalhos de execução das igrejas eram feitos por partes, e cada atributo que estariam presentes nos adornos das igrejas, eram elaborados por pessoas com distinto talento para determinada função (PANOFSKY, 1991).
O sistema social da época estava em ascendente evolução na perspectiva urbana, isto implicava na inserção de possíveis artistas amadores da época ao meio erudito, isto por que a interpretação do ideário escolástico, apesar de ser de concepção clériga, era de entendimento mais acessível, mesmo para aqueles que não gozavam de intelecto altamente desenvolvido, e isso possibilitava a tramitação destes artistas a eventos sociais. Até então, segundo Panofsky (1991), a escolástica detinha o monopólio da formação intelectual […].
Desta forma, a técnica construtiva de adornos, objetos e esculturas decorativas eram, analogamente, terceirizadas, na fase de concepção e constituição, remetendo-se ao fato de que os arquitetos “criavam a forma de um edifício sem intervenção manual própria”. Neste sentido, tratava-se da abstração do arquiteto e da concretização do leigo quanto às predileções do primeiro. Estes conceitos também são provindos da escolástica medieval.
Infere-se que as técnicas construtivas de adornos, rosáceas, vitrais, dentro outros elementos decorativos da arquitetura gótica, são de concretização do artista contratado, apesar de seu idealizador de abstração ser o arquiteto, e os materiais construtivos, provavelmente eram usuais do artista. Faziam uso de pedra calcária tanto para paredes como para a estrutura das catedrais.
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