O Processo de Urbanização no Brasil
Por: Fabricio1981 • 21/8/2018 • Resenha • 428 Palavras (2 Páginas) • 274 Visualizações
Ao longo de 75 páginas, Villaça (1999) analisa empiricamente, o planejamento urbano brasileiro desde o século XIX, e discerne sobre o crescimento das cidades, o rápido processo de urbanização e os crescentes desafios de infraestrutura na mesma escala.
Mesmo nos dias atuais, seu diagnóstico sobre o discurso e a real implementação de projetos urbanísticos se mostra parcialmente factível, mas há de se considerar outras variáveis. Um plano não está totalmente desassociado de projeto. Um projeto não pode se desassociar de diagnóstico. Mesmo quando uma implementação de um projeto não se concretiza, pode daí surgir outras diretrizes para uma solução alternativa, desde que o interesse político seja separado do interesse coletivo comum.
Outra importante contribuição do autor é a análise crítica do passado para uma melhor compreensão de tomada de decisões acertadas no futuro.
Sobre o zoneamento, ocorre algumas questões em seu texto. O autor considera o zoneamento como parte não integrante do planejamento strictu sensu e cita vários planos, dentre eles o Agache como exemplo. Porém uma rápida pesquisa sobre estes planos, como o Agache para o Rio de Janeiro, mostra que o zoneamento foi a principal ferramenta de intervenção adotada na tentativa de organizar a cidade para evitar o caos e o crescimento desordenado.
O plano Agache, traçou avenidas monumentais, determinou zonas comerciais e residenciais, bairros de intercâmbio e de negócios, praças, jardins, monumentos e apesar de não ter sido integralmente implementado, não se pode ignorar o seu legado e nem negar o seu desenvolvimento como o autor afirma.
O Plano foi entregue a administração municipal, que o encomendou, em 1930, e apesar de todos os percalços, não foi simplesmente engavetado. Mesmo apesar de não ter sido implementado integralmente, muitas das intervenções na cidade, nos anos seguintes, tiverem o plano como instrumento de inspiração. Porém, para uma melhor analise sobre o argumento do autor seria necessário um estudo mais detalhado de todos os planos citados.
Por outro lado, o argumento do autor de que por trás dos grandes projetos de intervenção urbana, estavam apenas o interesse das elites brasileiras parece perfeito. Mesmo hoje em dia, como a implementação do Porto Maravilha no Rio de Janeiro, os maiores beneficiários foram as empreiteiras, políticos e empresários do ramo imobiliário em detrimento da população local. Ocorreu uma verdadeira higienização da área relegando a população a indenizações pífias, ou para periferias distantes.
Mais uma vez a história se mostra cíclica, provando que por vezes não adianta aprender com os erros do passado, enquanto prevalecer os interesses econômicos e políticos sobre o do bem comum.
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