O Que é Patrimônio Histórico?

O QUE É PATRIMÔNIO HISTÓRICO?

Carlos A. C. Lemos, O Que é Patrimônio Histórico? Projeto Gráfico da Coleção Primeiros 51 Passos. Editora Brasiliense S.A. 1981. 117 p.

    Carlos Alberto Cerqueira Lemos, escritor brasileiro e arquiteto e urbanista, nascido em 1925, na cidade de São Paulo – SC. Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie (SP) em 1946-1950. Conhecido por seus famosos livros que todo amante pela arquitetura deveria ler, como por exemplo “Arquitetura Brasileira,1982”, “Arquitetura Moderna Paulistana,1983”, e o livro em questão “O Que é Patrimônio Histórico? 1982”.

    Narrado em primeira pessoa, Lemos levanta questões muito importantes sobre o Patrimônio Cultural, explicando de forma simples as três grandes categorias de elementos, os do primeiro grupo são elementos pertencentes a natureza, como os rios, água, peixes que vivem nessas águas e assim por diante. O segundo grupo engloba o conhecimento, que seria toda a capacidade de sobrevivência do homem no seu meio ambiente e o terceiro e último grupo que Lemos cita como o mais importante em questão por reunir todos os meios culturais, como por exemplo os objetos, artefatos e construções obtidas a partir do meio ambiente.

   O autor da uma ênfase na palavra “artefato” por julgar serem objetos que possuem alguma relação com ao homem. Diz que o artefato serve como meio para começarmos a nos questionar algumas das principais coisas sobre a história, como por exemplo “de onde veio?” “como surgiu?” “quem usou?” “quando usou?” “como era utilizado e para que?” “de que classe social pertencia?.

    Os artefatos costumam ter uma longa durabilidade, passando de geração em geração, que conforme o tempo passa e a industrialização vai acontecendo e tomando seu lugar no espaço da sociedade, ele acaba ganhando nova utilidade que não tem nada a ver com o seu propósito de quando foi criado.

    Ao longo da explicação de Lemos sobre os artefatos, ele levanta três novos temas básicos: Por que preservar? O que preservar? E como preservar?.

    Em um trecho em que diz “Devemos, então, de qualquer maneira, garantir a compreensão de nossa memória social preservando o que for significativo dentro de nosso vasto repertório de elementos componentes do Patrimônio Cultural.” Lemos resume o motivo de termos a consciência de preservar não só edifícios mas também qualquer artefato, objeto, obra, musica, qualquer papel que possa ser perdido ou esquecido daqui uns anos e que contribua para a nossa história.

    De forma clara, o autor nos mostra como a preocupação pela preservação e cuidado pelo patrimônio brasileiro, surgiu tarde e individualista, pois no início, quando não se era questionado ou comentado ainda sobre o assunto, algumas pessoas colecionavam objetos de interesse pessoal ou de valor como quadros, obras de arte, joias. As especulações imobiliárias e os desejos pessoais, são maiores que a consciência de preservar nossa história.

    Em 1936, Mario de Andrade produziu uma obra literária de tão alto nível, que fez as autoridades da época, começarem as especulações e os interesses sobre o assunto. Sua obra foi considerada digna de elogios e até virou lei.

    Mario denominava nosso Patrimônio Histórico como “obras de arte” e dividiu sua obra em categorias: Arte arqueológica, Arte ameríndia, Arte popular, Arte histórica erudita nacional, Arte erudita estrangeira, Artes aplicadas nacionais e Artes aplicadas estrangeiras.

    Os planos de Mario eram na época, tão inovadores que não possuíam uma estrutura administrativa e nem verba para bancar tamanha proposta. Porém já de início não foi seguido exatamente o que ele havia proposto. Suas ideias eram muito amplas e isso precisava ser redefinido, pois não seria possível uma fiscalização de tal nível. É complicado classificar todos os bens que compõe o Patrimônio Cultural, sendo assim, estabelecido regras de como e onde preservar, ou, selecionando elementos representativos, como por exemplo a paisagem do Rio de Janeiro – RJ.