OS CONTRASTES HABITACIONAIS EM SÃO LUÍS: ANÁLISE URBANÍSTICA DOS BAIRROS ILHINHA E PONTA D'AREIA (RESUMO E INTRODUÇÃO)

CONTRASTES HABITACIONAIS EM SÃO LUÍS

Análise urbanística dos bairros Ilhinha e Ponta d’Areia

Juliana Jennifer Cardoso Oliveira^[1]

Resumo: A cidade de São Luís - MA presencia, atualmente, alto grau de desigualdade na forma de vida de diferentes classes sociais, de forma que, enquanto alguns ostentam posses luxuosas e aproveitam vidas confortáveis, outros vivem em ambientes insalubres e sequer desfrutam de saneamento básico. Este artigo aborda os bairros Ilhinha e Ponta d’Areia, comparando as formas de habitação e a maneira como são organizados, considerando que foram ocupados aproximadamente na mesma época. O objetivo é avaliar a diferença evidente entre as duas áreas, quais problemas presentes na comunidade estão relacionados ao urbanismo e compreender o processo de gentrificação ocorrido na Ponta d’Areia. Para tal propósito, utilizou-se pesquisa bibliográfica e análise de dados, mapas e fotografias dos objetos de estudo, no período entre 1950 a 2021. Os resultados apontam que, embora sejam áreas de proximidade geográfica, são muito distantes socialmente, e os fatores que marcam essa distância abrangem desde a estética das habitações até o acesso a serviços básicos. Percebe-se também que a falta de planejamento urbano para coordenar o crescimento populacional ocorrido com o Plano de Expansão da Cidade de São Luís é uma das causas da desorganização da Ilhinha. Além disso, compreende-se que a gentrificação ocorrida na Ponta d’Areia se deu por interesses capitalistas, de forma que as habitações simples deram lugar a construções luxuosas, com habitantes de classes sociais mais altas.

 

Palavras-chave: Contrastes habitacionais; Gentrificação; São Luís; Urbanismo.

Introdução

Segregação espacial e desigualdade são fatores que sempre fizeram parte do cenário urbano de São Luís - MA, de forma que é possível observar, na cidade, contrastes marcantes entre as habitações de diferentes classes sociais.

Santos (2021, p. 53) aponta que a paisagem de São Luís é marcada pela presença de duas “cidades” distintas, sendo uma ocupada pela classe dominante, que desfruta de conforto e infraestrutura, ao passo que a outra é apropriada pelas classes dominadas, grupos mais pobres vivendo em condições precárias e fora do alcance de serviços essenciais, como educação pública e saneamento básico. A capital maranhense apresenta várias áreas de contrastes habitacionais, e neste artigo o caso abordado será o dos bairros Ilhinha e Ponta d’Areia, que possuem proximidade geográfica, mas não social.

Formada entre as décadas de 1950 e 1960, a Ilhinha surgiu nos entornos do bairro São Francisco em razão do crescimento demográfico promovido pelo Plano de Expansão da cidade de São Luís. As primeiras ocupações da área se deram de maneira informal, e os moradores se estabeleceram em palafitas às margens do mangue. Inicialmente categorizada como aglomerado subnormal pelo IBGE, a área é hoje considerada bairro pela Prefeitura de São Luís. Contudo, apesar de não levar mais a classificação, a Ilhinha ainda possui características presentes nesses aglomerados, tais como: saneamento básico precário, irregularidade no padrão urbanístico e moradias inadequadas.