Os Estilos Arquitetônicos
Por: Isac Bernardo • 21/9/2018 • Trabalho acadêmico • 3.831 Palavras (16 Páginas) • 284 Visualizações
BIOGRAFIAS
Eugéne Emmanuel Viollet-Le-Duc: (1814-1879). Arquiteto, escritor, diretor de canteiros de obras, desenhista e um dos primeiros a abordar questões referentes à restauração. Questões estas que provocaram e ainda provocam muitas polêmicas, principalmente devido ao seu modo de pensar e agir quando da intervenção em determinado edifício de importância histórica.
"RESTAURAÇÃO: A palavra e o assunto são modernos. Restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelecê-lo em um estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento." Viollet-Le-Duc (constitui a base de seu pensamento).
De pensamento extremamente racionalista e por muitos considerado “Arauto do Movimento Moderno", era totalmente contrário ao ornamento e às arquiteturas que estavam sendo produzidas no início do século XIX. Esse seu modo de pensar foi resultado, principalmente, de estudos sobre a Arquitetura Gótica, até então desconsiderada e contribuiu fortemente para a sua forma de intervenção em monumentos históricos. Seu foco principal era a recuperação da Unidade de Estilo, ou seja, a recuperação do edifício como um todo.
Sua teoria, portanto, no início do século XIX, ficou conhecida como “TEORIA DO RESTAURO ESTILÍSTICO”.
John Ruskin: (1819-1900). Escritor, crítico de arte, crítico social britânico, poeta e desenhista. A postura de John Ruskin é bem clara, pois o seu pensamento vincula-se ao Romantismo, movimento literário e doutrinário (final do século XVIII até meado do século XIX), e que dá ênfase a sensibilidade subjetiva e emotiva em contraponto a razão.
Esteticamente, Ruskin apresenta-se como reação ao Classicismo. Na sua definição de restauração dos patrimônios históricos, ele considerava a real destruição daquilo que não se pode salvar, nem a mínima parte, seria uma destruição acompanhada de uma falsa descrição. Autor inglês do Século XIX, apresentava ideias opostas às de Le-Duc. Defendia a não intervenção nos monumentos antigos, por considerar que quaisquer interferências imprimem novo caráter à obra, tirando sua autenticidade. A partir da visão de Ruskin a história e a condição atual devem ser maximamente respeitadas, admitindo-se somente intervenções de conservação.
"Podemos viver sem a arquitetura de uma época, mas, não podemos recordá-la sem a sua presença.” John Ruskin.
Segundo Ruskin, a melhor forma de destruir um monumento é restaurá-lo.
CAMILLO BOITO: (1834-1914). Nasceu em Roma no seio de uma família que gozou de grande prestígio intelectual e artístico. Arquiteto, escritor e historiador italiano, voltado à crítica de arte e teoria do restauro.
Suas contribuições na área da Arquitetura e da restauração classificaram sua obra como detentora de uma posição moderada entre Ruskin e Viollet-le-Duc.
Boito chama a atenção para o fato de que restauração e conservação não são a mesma coisa, sendo, com muita frequência, antônimas. Os conservadores são tidos como “homens necessários e beneméritos” . Dessa forma, dirige seu discurso sobretudo aos últimos, pregando a precedência da conservação sobre a restauração e a limitação desta ao mínimo necessário. A regra geral para a escultura era a de que não houvesse completamentos, excetuando-se quando fossem devidamente documentados, pois os mesmos poderiam desfigurar a obra, levando-a por um caminho totalmente diferente do que aquele previsto por seu autor.
Apesar de se basear em documentações, desenhos e fotografias, seus métodos de intervenção sofreram forte influência da “restauração estilística” de Viollet-le-Duc, mas, paralelamente, preservava aspetos da degradação natural das edificações (pátina) como prova das marcas deixadas pelo tempo, invocando assim um certo romantismo ruskiniano.
Gustavo Giovannoni: (1873 -1947). Arquiteto, engenheiro e historiador.
Durante seus quarenta anos de carreira, ganhou destaque no cenário italiano, movendo-se entre os temas da restauração arquitetônica e urbana.
Para Giovannoni, Era preciso pensar sobre a relação entre o novo e o velho, ou seja, entre a historicidade e a contemporaneidade dos edifícios, para, assim, propor adaptações funcionais para o novo e o velho.
Em 1912 surge a Teoria do Restauro Científico, que consiste em consolidar, recompor e valorizar os traços restantes de um monumento. A teoria defende antepor a conservação em relação à restauração, não a excluindo, mas aceitando- a com limitações e como forma de consolidação. A Restauração Científica sustentava-se em evidências documentais, evitava tanto o fatalismo passivo de Ruskin, como o intervencionismo de Le Duc; caracterizava-se por métodos e conhecimentos próprios das ciências humanas, sendo também denominada de arqueológica, histórica e filológica. Nesse período as várias teorias sobre a conservação de patrimônio provocavam muitas discussões, gerando muitas divergências e críticas. Para tentar minimizar essas discussões, muitos profissionais e instituições se debruçaram na tentativa de normalização de procedimentos básicos, que geraram as chamadas Cartas Patrimoniais. O monumento deveria ser restaurado apenas quando fosse imprescindível, sendo as intervenções condicionadas às características físicas, natureza, história e características formais, e projetuais.
Cesare Brandi: (1906-1988). Autor, historiador da arte, ensaísta e crítico de arte.
Após 2º Guerra Mundial, frente do Instituto Central de Restauração (ICR) de Roma, do qual foi diretor por duas décadas, desde sua fundação, em 1939, até 1960, coordena a restauração de inúmeras obras de arte destruídas nos bombardeios e, paralelamente, desenvolve sua Teoria da Restauração, em que delimita preceitos teóricos que servirão de embasamento à prática do restaurador, aliando suas pesquisas teóricas nos campos da estética e filosofia da arte com as práticas e experiências desenvolvidas no âmbito do ICR. Diante de tamanha destruição, o caráter artístico não pôde mais ser colocado em segundo plano, já que a fruição da obra-de-arte está relacionada à observação de sua imagem figurativa somada ao caráter histórico. É este aspecto que diferencia a obra-de-arte de outros produtos da ação humana. Brandi afirmava que “restaura-se somente a matéria da obra de arte” (BRANDI, 2004, p. 31), já que o restaurador só atuará nesse nível e uma obra se manifesta por meio da matéria que, por sua vez, é o que degrada. Conhecendo o objeto
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