Os Resíduos, Classe A, Agregado, Reciclado.
Por: Claudemir Martins • 1/10/2022 • Tese • 8.239 Palavras (33 Páginas) • 133 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Com o constante crescimento da urbanização, a construção civil segue aquecida. Todavia, por consumir muitos recursos naturais e ser responsável pela larga produção de resíduos inertes, torna-se cada vez mais preocupante os impactos causados por ela no meio ambiente, inclusive por não se saber o que será da construção civil quando os recursos se tornarem escassos. A preservação da natureza deixa de ser um obstáculo entre o progresso e o desenvolvimento, e passa a ser elemento necessário para sua perpetuidade.
Apesar de parecer novidade, os resíduos de construção e demolição são usados desde 1860, mas sua importância e aplicabilidade, de fato, ocorreram em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando faltavam recursos e sobravam destroços (LEVY, 2001).
Entende-se por resíduos da construção civil, materiais provenientes de obras, demolições e reformas, que variam desde entulho de concreto, sacos de cimento, até tintas e solventes provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos. Em julho de 2002 foi publicada a Resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 2002), estabelecendo diretrizes para a redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos, classificando-os em Classe A e B – resíduos recicláveis e/ou reutilizáveis – e Classe C e D – resíduos não recicláveis e perigosos, respectivamente.
Os resíduos Classe A (recicláveis e/ou reutilizáveis), principal objeto de estudo deste trabalho, são definidos pelo CONAMA (BRASIL, 2002, p.95) como:
Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.
Na Resolução, também são definidas responsabilidades para os agentes envolvidos com os resíduos, sendo eles os geradores, transportadores, além dos locais de destinação. Essa questão fez com que o reaproveitamento dos resíduos da construção civil se tornasse um tema muito discutido nos últimos anos, principalmente, no que diz respeito à sua gestão. Apesar disso, o uso dos agregados reciclados ainda é pouco expressivo.
Com este trabalho espera-se ampliar a discussão sobre o uso desses resíduos, de maneira a contribuir para a sua adoção.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Analisar a viabilidade técnica e econômica do aproveitamento dos resíduos Classe A da construção civil.
1.1.2 Objetivos específicos
Analisara composição dos resíduos Classe A as propriedades do agregado reciclado e seus usos, a situação atual das usinas de reciclagem no país, os processos de reciclagem em usinas fixas e móveis e os custos do aproveitamento dos resíduos.
Investigar o uso do agregado reciclado pelo setor da construção civil.
1.2 JUSTIFICATIVA
Os Resíduos da Construção Civil (RCC) chegam a representar cerca de 50 a 70% do total de resíduos gerados em todo o Brasil, o que o torna um dos grandes geradores de impactos ambientais (CONSTRUIRMAIS, 2012). A disposição final inadequada e de forma ilegal em ruas, terrenos desocupados, encostas e leitos de córregos e rios causa diversos problemas ambientais e à saúde pública. Entre eles, o Sindicado da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SINDUSCON-SP, 2005) aponta a poluição de rios e a obstrução de bocas de lobo, com comprometimento da drenagem urbana, além do surgimento de criadouros de vetores de doenças.
Além da limpeza de rios e bocas de lobo, o município acaba assumindo os custos de coleta, transporte e disposição final, de competência da fonte geradora. Em outro panorama, os resíduos gerados são destinados aos aterros municipais, onde se acumulam, contribuindo para o esgotamento desses.
De acordo com pesquisas realizadas pela Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção (ANEPAC, 2015), o consumo de agregados naturais na construção civil no ano de 2014 foi de 740 milhões de toneladas, praticamente a mesma demanda do ano de 2013. Em 2015, segundo a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON, 2019) o volume de agregados reciclados produzido nas usinas recicladoras foi de 431.500 m³ por mês, ou seja, mais de 7,7 milhões de toneladas de insumos por ano.
Com o aproveitamento desses resíduos, haverá uma redução da extração de recursos naturais e também dos custos na compra de agregados, uma vez que o agregado reciclado de areia, segundo Vieira e Molina (2004), chega a ser 47,06% mais barato do que o convencional.
É, portanto, importante buscar soluções para o acúmulo de resíduos, optando-se por reaproveitá-los quando possível, de maneira a reduzir os impactos ambientais evidenciados.
1.3 METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa teórica e prática.
Foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre a geração de resíduos na construção civil, a composição dos resíduos Classe A as propriedades do agregado reciclado e seus usos, a situação atual das usinas de reciclagem no país, os processos de reciclagem em usinas fixas e móveis e os custos do aproveitamento dos resíduos.
Foram realizados um estudo de caso, com analise técnica, e pesquisas de opinião em obras para avaliar as dificuldades de armazenamento e de reutilização dos resíduos Classe A, além do interesse das empresas em adotar uma cultura sustentável, com objetivo de construir um plano de ação para otimizar a gestão, e a coleta e reciclagem desses resíduos no canteiro, para o aproveitamento do agregado reciclado.
Foi analisado o comparativo econômico dos custos, entre o armazenamento e descarte correto, o tratamento e posterior aplicação, ou ainda por meio da instalação de usinas móveis em canteiro.
Foi feita uma visita técnica em uma Usina de Reciclagem, de maneira a levantar dados sobre o processo de reciclagem e a demanda dos agregados produzidos.
Foram observados os preceitos da ética em pesquisa e apresentados os termos de consentimentos livres e esclarecidos para as empresas participantes desta pesquisa.
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