Os Rios Voadores

A floresta amazônica funciona como uma “bomba de água”, captando a água dos solos e emitindo para a atmosfera em forma de vapor. Parte desse volume é transportado pelo ar: daí surgem os chamados rios voadores. Essa característica, em conjunto com suas restantes, torna a Amazônia capaz de produzir sua própria chuva. Além disso, o ciclo da água no Brasil depende de sua existência e funcionamento, bem como a mesma possui o poder de resfriar o planeta com toda sua magnitude.

Entretanto, com a procura constante por terras para atividades econômicas, o território sofre com desmatamentos há pelo menos 50 anos, perdendo cerca de 400.000 km² de floresta entre os anos de 2000 e 2017. Em 2019 também foi constatado um expressivo aumento no número de queimadas, chegando em 72.000 focos de incêndio em agosto do mesmo ano.

A agressividade do capitalismo, grandes corporações e potências econômicas tem em apagar, destruir e jogar no lixo nossas origens e hábitos ancestrais; e forçando, assim, um estilo de vida completamente “não-natural”. Não podemos permitir que nosso planeta seja reduzido a uma fazenda/parque, porque nosso povo não pode ser representado por espaços setorizados no nosso território e ainda serem “produtos de vendas” para a população. Não podemos acreditar que nosso planeta/casa está dependendo de produtos/artefatos para nos distrair.

Para buscar a utopia do nosso planeta, precisamos buscar o equilíbrio do que consumimos com o que o planeta nos oferece, diminuir a velocidade de consumo, de como consumimos nossos recursos e conscientizar as pessoas a manter um ritmo que preserve ao máximo a sustentabilidade.

Além disso, é muito importante discutir o direito à cidade, que faz referência à necessidade de defender e participar deste bem comum. Esse direito de todos, diz respeito a um poder e vontade de refazer o mundo aos olhos de cada indivíduo, entretanto para balanceamento dessa ideia, surge então a questão de atender a um direito coletivo visando as subjetividades e lutas de cada cidadão.

Analisando a arquitetura e o urbanismo que geralmente projeta visando o futuro, o debate contrapõe-se exatamente levantando a ideia da necessidade de participação dessa geração atual que será posteriormente o próprio futuro. Deste modo, inclui-se um imediatismo característico dessa atualidade que busca, em resumo, sair da conformidade e obter a representatividade em suas diversas formas.

O direito à cidade finalmente volta-se para a necessidade de uma integração para que as consequências espaciais destas desigualdades e opressões sejam vistas. Deste modo, resume-se em uma evolução pessoal e ironicamente de uma mudança na infraestrutura não só da cidade, mas sim da mentalidade humana.

Em nossa sociedade há diversas culturas e significados que aumentam a sua complexidade de entendimento. Por isso, a arquiteta Diana Agrest discute a relação da arquitetura moderna com a semiótica, baseando-se em seus entendimentos para questionar se em todo lugar a arquitetura é entendida. Na semiótica temos os seguintes termos: significante, signo e significado. A significante faz parte do entendimento do objeto; em seguida vem o signo, que realiza o desenho do pensamento; e por fim o significado, que representa o objeto depois de construído.

Para facilitar, foram criadas ferramentas para favorecer sua compreensão; como a fenomenologia e o estruturalismo. Na arquitetura, a fenomenologia pesquisa a experiência do espaço edificado, trazendo sensações com cheiros, luzes e formas; e o estruturalismo entra como uma alternativa de pensamento. O arquiteto holandês Jaap Bakema (1914-1981) tinha um pensamento que a arquitetura não poderia ser desvinculada do urbanismo, pois estava relacionada com a estrutura mais profunda da sociedade.