PROBLEMAS DO DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA URBANA MUNICIPAL
Por: Thaís Lobo • 11/3/2018 • Tese • 971 Palavras (4 Páginas) • 382 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE ARQUITETURA
DISCIPLINA: OFICINA DE PLANEJAMENTO URBANO:
PROBLEMAS DE DESENVOLVIMENTO URBANO MUNICIPAL
PROFESSOR: Hamilton Moreira Ferreira
ALUNA: Thaís Eugênia Lobo
Resenha I: “O que é o urbano no mundo contemporâneo?”, Roberto Luís
Monte-Mór
O texto apresenta alguns conceitos comuns ao analisar o modo de vida
contemporâneo, tais como política, civilização e cidadania, utilizando a cidade como
forma de expressar a manifestação desses conceitos, através do domínio da cidade
urbana industrial que impõe-se sobre os demais modos de vida e principalmente sobre
o campo.
Esta relação entre a cidade e o campo bem como a dominação da primeira
sobre a segunda é fato que há muito caracteriza as sociedades, e que sofreu uma
intensificação com a consolidação das sociedades capitalistas e industriais, que
valorizam o capital e não os meios de produção, o trabalho intelectual e não o manual.
A relação, a dicotomia existente entre cidade e campo ultrapassa a questão física e
espacial, atingindo as esferas social e cultural. É cada vez mais tênue, na atualidade, a
linha que separa os dois âmbitos,ficando cada vez difícil a tarefa de definir o conceito
de rural na sociedade global.
Monte-Mór aponta que legalmente, no Brasil, as cidades estão definidas pelo
seu perímetro urbano, mas enfatiza a questão humana no processo de ocupação. Na
prática, as cidades e o espaço político e sociocultural por ela gerado, constituem um
agente transformador poderoso no que diz respeito à reorganização do espaço urbano,
da população e das atividades econômicas.
A cidade e o campo são elementos socioespaciais colocados como opostos,
mas que se complementam. No que tange a organização social as cidades figuram
como centro, concentrando as atividades que remetem à vida humana contemporânea,
como a diversidade, a competição, o movimento, a mudança. O campo, por sua vez,
mesmo diversos entre si, contém os mesmos processos, porém coordenado pela lógica
das cidades.
“A cidade, na visão histórica dominante na economia política,
constitui o resultado do aprofundamento da divisão
socioespacial do trabalho em uma comunidade.4 Esse
aprofundamento resulta de estímulos provocados pelo contato
externo e da abertura para outras comunidades, envolvendo
processos regulares de troca, baseados na cooperação e na
competição. Implica, assim, de um lado, um sedentarismo e
uma hierarquia socioespacial interna à comunidade e, de
outro, movimentos regulares de bens e pessoas entre
comunidades. Localmente, exige uma estrutura de poder
sustentada pela extração de um excedente regular da
produção situada no campo. Assim, a cidade faz emergir uma
classe dominante que extrai e controla esse excedente
coletivo mediante processos ideológicos, acompanhados,
certamente, do uso da força.” (MONTE-MÓR, Roberto Luís. O
que é urbano, no mundo contemporâneo. Revista Paranaense
de Desenvolvimento, 2006. p. 11)
Lefebvre denomina a chamada “cidade política” como forma de dominação da
cidade sobre o campo, a partir do controle exclusivamente político. A produção é
concentrada no campo, e a cidade, como espaço não produtivo porém privilegiado
política e ideologicamente, retira do excedente do campo a sobrevivência dos que a
habitam. Lefebvre cita ainda a cidade mercantil como a primeira inflexão na relação
entre campo e cidade, com a permissão da entrada da burguesia nas cidades.
A segunda transformação da cidade em seu caminho para o urbano foi a cidade
industrial, que deu início à urbanização como hoje entendemos. Antes da propagação
das indústrias as cidades eram poucas e se resumiam aos locais de concentração de
atividade comercial e o poder, mas após isso, com a cidade industrial e o surgimento
da classe trabalhadora, os centros urbanos passaram não só a comercializar a
produção dos campos mas também a definir os seus paradigmas. O campo não era
mais isolado e auto suficiente, agora dependia das cidades para produzir e sobreviver.
Essa fase marca a concretização da subordinação do campo aos moldes da cidade.
No mundo contemporâneo, o urbano, visto como um tecido que nasce nas
cidades mas se expande para além delas, é ainda uma síntese desta antiga dicotomia
campo-cidade.
...