Economia urbana
Por: PolluxSlave • 6/4/2015 • Trabalho acadêmico • 1.524 Palavras (7 Páginas) • 442 Visualizações
Felipe Matheus Brandão Simão
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Êxodo urbano e Sprawl no Brasil: Um estudo sobre os fenômenos e como combate-los
Detroid floresceu da atividade industrial. Durante o século XIX, a cidade se desenvolveu devido a atividade portuária, não demorando muito para se tornar um dos maiores centros da indústria automobilística mundial.
Entretanto, no final da década de 1950, a população, principalmente caucasiana, começou a sair da cidade. Tal fenômeno ocorreu devido a uma grande pressão da força de trabalho sobre os fabricantes que, protegida por uma poderosa máquina política, exigia um conjunto de demandas impossíveis de serem atendidas e a uma sucessão de governos corruptos e desastrosos.
O enorme êxodo populacional encolheu ainda mais a base tributária. Atualmente, a população de Detroit é de apenas 40% do que era em seu auge, e o número de empregos na indústria caiu 90%, para menos de 20.000. Enquanto isso, a dívida municipal é de mais de US$18 bilhões, o que equivale a aproximadamente de US$25.000 por cidadão. E isso em uma cidade em que menos da metade da população adulta está empregada e praticamente metade é formada por analfabetos funcionais.
Hoje, em algumas regiões brasileiras, é possível notar indícios de uma repetição do êxodo urbano que ocorreu em Detroit. Se analisarmos dados do IBGE, é perceptível uma mudança no comportamento migratório da população brasileira. Um exemplo claro é a capital paulista. Apesar do estado de São Paulo possuir um saldo líquido migratório positivo, a capital apresenta uma taxa de emigração maior que de imigração. Isso se deve ao fato de que o homem das cidades está fugindo em direção ao meio rural para evitar à poluição, à violência e ao estresse dos grandes conglomerados urbanos. Há o surgimento dos "neo-rurais", pessoas da cidade em busca de melhor qualidade de vida nas zonas rurais. Aliados à mecanização do trabalho agrícola, esses dois movimentos populacionais conduzem ao crescimento das ocupações não-agrícolas no meio rural sem que, todavia, haja uma política de formação de mão-de-obra nas regiões atingidas. São novos modelos ocupacionais - caseiro, jardineiro, trabalho doméstico e serviços - que surgem para atender ao movimento de êxodo urbano.
É notável, também, uma mudança no fluxo migratório brasileiro. Os deslocamentos de população no Brasil tiveram um período intenso, que foi marcado pelos anos 1960-1980, quando grandes volumes de migrantes se deslocaram do campo para a cidade, delineando um processo de intensificação da urbanização e caracterizando áreas de expulsão ou emigração: Região Nordeste e os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; e áreas de atração ou forte imigração populacional - núcleo industrial, formadas pelos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. O fato é que as principais correntes migratórias observadas no passado estão perdendo intensidade e observa-se também um movimento de retorno às regiões de origem.
Um exemplo no Brasil que possuia certa semelhança com Detroit era o ABC paulista. Era comum se ouvir a expressão “Detroit brasileira” até não muito tempo atrás e dizia-se que com características semelhantes às da cidade do Estado de Michigan onde nasceu a linha montagem, a região que abriga o pólo automotivo do ABC estaria igualmente fadada ao lento e doloroso processo de esvaziamento por que passa a cidade onde estão os fabricantes de veículos americanos. Entretanto, parece que a região paulistana segue uma realidade diferente do que ao que ocorreu nos Estados Unidos, com fortes investimentos e acordos sindicais sendo feitos. A fábrica da General Motors instalada na região do ABC, por exemplo, tornou-se um exemplo para todas as outras da corporação espalhadas pelo globo. Outras empresas como a Ford e a Volks também anunciam uma forte onda de investimentos que gera empregos e traz mais segurança para o futuro da região.
Segundo Glaeser, Detroit e Nova Yorque eram cidades semelhantes. Contudo, enquanto uma sofreu um forte declínio, a outra prosperou de maneira exemplar. O autor atribui essa divergência entre os dois centros urbanos devido a uma mudança estrutural realizada. Enquanto Detroit permaneceu apoiada fortemente apoiada no âmbito industrial, Nova Yorque modificou a sua estrutura, colocando o setor de serviços como seu principal foco. Com um intenso crescimento dos serviços e uma desaceleração da expansão industrial, Detroit se viu prejudicada enquanto a big apple progrediu. Este seria outro motivo que levaria a uma inevitável comparação entre o ABC paulista e a cidade pertencente ao estado de Michigan, visto que a região paulistana possui um alto nível de industrias, principalmente automobilísticas.
A capital, São Paulo, por outro lado, mesmo tendo como prioridade o setor de serviços apresenta saldos migratórios líquidos negativos. Isso ocorre devido a fatores como a alta poluição, trânsito, violência e estresse. Para resolver tais problemas é necessário investir em transporte público de qualidade, estabelecer regras para emissão de poluentes na atmosfera, priorizar programas que aumentem a segurança da população e realizar pesados investimentos em educação para ajudar a prevenir a violência no longo prazo.
Uma outra cidade que possui um centro em acentuada decadência é Recife. A zona cetral da cidade apresenta completos sinais de abandono o que afasta as pessoas da região. Com um alto índice de violência, a tendência é que a cidade vá se esvaziando e com uma arrecadação cada vez menor a situação piore ainda mais. O governo precisa investir em segurança pública e procurar revitalizar o centro da cidade para atrair indivíduos e jogar a cidade em uma situação de expansão e atração populacional.
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