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RESENHA PRECONCEITO LINGUÍSTICO - Marcos Bagno

Por:   •  28/11/2018  •  Resenha  •  920 Palavras (4 Páginas)  •  1.275 Visualizações

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Preconceito Linguístico: o que é, como se faz

 BAGNO, Marcos – Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 49. Edição, São Paulo: Editora Loyola, 2007.

Marcos Bagno é professor de Linguística, Doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), que dedicou seu trabalho ao estudo da sociolinguística, publicou livros como A língua de Eulália: novela sociolinguística (Ed. Contexto, 1997; em 13ª ed.); Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa (Parábola Ed., 2001; em 2ª ed.); entre outros.

Com foco narrativo em terceira pessoa, “Preconceito Linguístico: o que é, como se faz” é divido em 4 partes, além de uma carta meticulosamente elaborada para a revista Veja sobre a maneira que a publicação expõe a Ciência Linguística. Em pouco menos de 200 páginas, Bagno discorre sobre a questão sociolinguística brasileira, mais precisamente, o preconceito praticado sobre os não falantes da língua portuguesa “pura”.

Na primeira parte do livro, o autor enumera oito mitos que rodeiam e regem o preconceito linguístico, usando de argumentos inteiramente baseados nos estudos da ciência Linguística, Bagno consegue deixar evidente que os preceitos do preconceito sociolinguístico estão diretamente associados a ideologias elitistas, que por motivos ininteligíveis são perpetuados por pessoas que se alto proclamam bem-falantes de uma única e homogênea língua portuguesa, e toda e qualquer variação dela é uma absoluta ignorância de um povo sem instrução.  

Já durante a segunda etapa da obra, são expostos os fatores que compõe uma “trindade” de quatro elementos, que diariamente fazem a manutenção do preconceito linguístico, sendo eles: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino, os livros didáticos e algo que o linguista denominou comandos paragramaticais. Tais elementos trabalham em um ciclo que funcionada da seguinte forma: por conta da mera existência da gramatica tradicional, que segundo o autor estimula o ensino da língua portuguesa, tal como ele é, isso então resulta em uma demanda de livros didático que são inteiramente baseados nas concepções da gramatica sobre a língua. Ainda nessa unidade o autor aponta que a ideia de preconceito já vem ganhando visibilidade do MEC, e ressalta que será necessário um rigoroso trabalho em oposição a esse problema.

Durante a terceira unidade o texto é diretamente trabalhado na desconstrução dos preconceitos que envolvem a língua, Bagno, salienta as questões sociais, culturais e históricas, atribuindo a cada uma delas sua responsabilidade com o panorama preconceituoso em que a língua se encontra. Indo além, Marcos Bagno propões comportamentos para os educadores, que seriam capazes de desestruturar o preconceito.  

Na última parte do livro, o autor exterioriza o preconceito que os linguistas e a própria Linguística são submetidos, cita aqui a opinião de alguns dos maiores gramáticos do pais sobre a ciência que estuda e língua e seus estudiosos, levando à tona, novamente, que esse preconceito esta arraigado em uma ideologia, que no decorrer da história se mostrou tola e incoerente com o que realmente acontece com a língua, a mudança constante. Durante esse capitulo o autor encarrega-se de derrubar pacientemente e com respaldo empírico os argumentos, na maioria das vezes mais tendenciosos do que lúcidos, dos que se comportam como uma espécie de perpetuadores do bem falar.

De início a produção de Marcos Bagno é extremamente bem construída, concisa e coerente, a maneira que o autor enumera e expõe os mitos da língua, é exposta de forma bem-sucedida e eficiente no que se propõe a realizar, pois a leitura desse livro realmente é capaz de apontar no leitor a percepção de sua contribuição para propagação do preconceito linguístico. O tema é tratado com a seriedade que merece, e nunca entra em segundo plano, e a todo momento faz o leitor refletir sobre não apenas a sua conduta, mas a de toda sociedade em torno do preconceito.

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