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Resenha Livro o Urbanismo em Questão

Por:   •  7/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.650 Palavras (7 Páginas)  •  1.675 Visualizações

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O urbanismo em questão

A expansão das cidades industriais cria a necessidade de um estudo reflexivo e critico sobre as cidades, criando assim o urbanismo como o conhecemos hoje. O urbanismo se propõe a inicialmente a resolver os problemas da cidade industrial no começo do século XIX. Pensadores como Owen,  CarLyle,  Ruskin, Morris, Fourier, Cabet, Proudhhon, Marx e Engels procuram ao longo do século analisar os problemas da cidade porém sem dissocia-lo das questões sociais que o originaram. A essa série de pensamentos e ideias dá-se o nome de pré-urbanismo.

A revolução industrial representa grande mudança na estrutura das cidades, primeiramente pela questão demográfica, ocorre grande êxodo do campo em direção ao meio urbano. A cidade passa então a se modelar de acordo com a nova sociedade e a sua nova demanda, ocorrem mudanças nos meios de produção e transporte e emergem novas funções urbanas.

Uma série de características importantes na transformação das cidades ocorre neste período como: abertura de grandes artérias e estações, especialização dos setores urbanos com a concentração dos negócios em quarteirões próximos ao novo centro, surgem grandes lojas, hotéis, cafés e prédios para locação. A cidade industrial deixa de ser bem delimitada ela se expande, as indústrias se instalam na periferia e classe média e operária se desloca para os subúrbios.

Autores como Owen, Fourier, Richardson, Cabet, Proudhon. Acreditam que a revolução industrial é o acontecimento chave que irá proporcionar bem estar aos homens através de racionalismo, técnica e ciência. É um pensamento com ideias de progresso para o futuro.

O modelo progressista acredita que áreas verdes e abertas são partes cruciais para o planejamento urbano pois contribuem para a higiene e saúde das pessoas, em segundo lugar propõe setorização humana de acordo com as funções, portanto deve haver locais distintos para moradia, trabalho e lazer além de localizar separadamente os tipos de atividades (setor agrícola, industrial e liberal). A cidade ideal progressista possui 4 anéis concêntricos distanciados entre si com vias, circulação, casas, alinhamento e gabarito definidos de maneira precisa. São realizados estudos na tentativa de criar edifícios padrão, entre eles o alojamento padrão é o que possui maior destaque. Porém ao propor setorizações o modelo progressista torna-se um sistema limitador e repressivo, seja pela rigidez de um quadro espacial predeterminado quanto pela limitação do espaço por questões políticas visando o rendimento máximo.

O ponto de partida do modelo culturalista é o agrupamento urbano onde cada indivíduo é único. Para os culturalistas a cidade industrial exerce pressão esmagadora sobre o individuo, os partidários desse modelo tem uma visão nostálgica e romântica das cidades e da sua antiga forma orgânica; o ponto ideológico deste modelo não é o conceito de progresso e sim de cultura portanto considera a possibilidade de reviver passado voltando a antiga organização das cidades.  

A cidade modelo culturalista é bem delimitada e deve contrastar com a natureza. Essas cidades são inspiradas nas cidades medievais portanto apresentam-se irregulares e assimétricas e de dimensões modestas, a população está descentralizada. As características estéticas nessas cidades substituem o papel da higiene no modelo progressista. As edificações devem ser diferenciadas entre si, o destaque é dado a prédios comunitários e culturais.

Marx e Engels criticavam as grandes cidades industriais sem propor um novo modelo, limitavam-se a analisa-las sociologicamente. A cidade para eles é um lugar da história, palco para todas as transformações ocorridas na sociedade. Não propõe uma nova ordem pois acreditam que a nova forma da cidade está ligada a revolução de classes. Porém vislumbra-se uma imagem do futuro urbano onde a diferença entre cidade e campo não existe mais com a eliminação das desigualdades econômicas e culturais que separam os homens do campo dos da cidade.

Os modelos de pré-urbanismo possuem poucas realizações práticas, esse fracasso é explicado pelo caráter repressor e limitador desses modelos e o pelo desprendimento com a realidade da época. Porém o pré-urbanismo tem papel importante, todos esses pensadores imaginaram a cidade do futuro e tentaram elaborar modelos que pudessem ser aplicados para melhoria das cidades industriais.

Nos Estados Unidos o inicio da colonização está ligado a uma imagem de natureza selvagem, quando surge a industrialização, a imagem nostálgica daquela natureza perdida gera uma corrente antiurbana. A grande cidade industrial é criticada sob vários pontos, mas não há a criação de um modelo de substituição, os partidários desse modelo colocam suas esperanças da restauração de um estado rural. O antiurbanismo americano não possui o mesmo alcance das correntes progressistas e culturalistas, porém tem grande influencia sobre o urbanismo americano durante o século XX.

O urbanismo é obra de especialistas geralmente arquitetos ao contrário do pré-urbanismo, o urbanismo é despolitizado e destina à seus técnicos funções práticas ao invés de utópicas como ocorria anteriormente. No entanto não escapa completamente suas funções do campo imaginário, os primeiros urbanistas tem pouco poder de transformação sobre o espaço real: ora por condições econômicas desfavoráveis, ora por conflitos de interesse com estruturas politicas e de poder.

A nova versão do modelo progressista encontra a primeira expressão na obra La cité industrielle do arquiteto Tony Garnier, que teve influencia considerável sobre a primeira geração de arquitetos racionalistas. O modelo encontra a partir de 1928 um órgão de difusão internacional, o C.I.A.M (congressos internacionais de arquitetura moderna), em 1933 esse grupo propõe uma formação doutrinária para as cidades modernas denominado de Carta de Atenas.

A idéia chave do urbanismo progressista é a modernidade. Assim como no pré-urbanismo progressista o urbanismo progressista vê a revolução industrial como ruptura histórica radical, mas o interesse dos urbanistas agora recai sobre as estruturas técnicas e estéticas. As cidades devem realizar a revolução industrial com emprego de novos materiais; mas é preciso obter nas cidades também a eficácia moderna, surge então novas relações com o objeto e uma busca por formas universais. Nesse contexto de busca por formas universais surge o homem-tipo, essa imagem de homem padrão inspira a Carta de Atenas, que analisa as necessidades humanas universais e as divide em quatro funções sendo elas: habitar trabalhar, locomover-se e cultivar o corpo e espírito. Para preencher as funções e ser eficaz os urbanistas progressistas universalizam o plano de cidade.

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