Resenha Do Texto Retirado Do Livro Urbanismo

Kevin Lynch, um dos grandes autores do urbanismo e apreciador do ponto de vista da consciência perceptiva, analisou a cidade, seu planejamento e a reação das pessoas frente a esse lugar, ou vice-versa, de forma esclarecedora em seu texto “A imagem sobre a cidade”. Nele, Lynch descreveu a cidade como uma construção de grande escala dentro do espaço e detalhou a percepção e relação nesse lugar. Os moradores e usuários são os principais responsáveis por mudanças, desenvolvimento e evolução de um local.

Uma sequência de acontecimentos e lembranças relacionadas a um lugar estão sempre ligados ao seu meio ambiente. Cada habitante participa e modifica constantemente a estrutura da cidade, não somos meros expectadores dessas mudanças, participamos ativamente dessas sucessões de fases que nunca terão fim. Nós somos os responsáveis de darmos vida, ou não, a um lugar. Na cidade de Belo Horizonte, por exemplo, espaços públicos como o complexo paisagístico e arquitetônico da Praça da Liberdade, que através de um planejamento pensado nos usuários e com estratégias para atrair pessoas de todos os lugares da cidade e turistas que visitam a cidade, o local é vivido todos os dias, em diferentes horários, por pessoas com diferentes necessidades. A legibilidade desse complexo, um conjunto bem unido, de símbolos reconhecíveis é crucial para a cidade.

A faculdade de organização é fundamental para a eficácia, sobrevivência, localização e solidez dos cidadãos de uma cidade. Um lugar organizado e dotado de elementos fundamentais nos dá uma sensação de segurança e de intensidade, abrindo caminho também para novas estruturações que mudam junto com as necessidades das pessoas. O que hoje pode ser necessário para a vida dos cidadãos, daqui uns anos a mudança será necessária e cabível. Isso acontece em praças, vias, locais públicos e até privados.

Uma imagem marcante ou um ponto de referência, varia de indivíduo para indivíduo, principalmente em paisagens onde não há presença de um elemento mais destacado, como por exemplo, o pirulito da Praça Sete em Belo Horizonte, que se destaca e destoa da paisagem ao seu redor, tornando um marco em comum para diversas pessoas, As significações nas cidades se desenvolverão sempre sem nossa intervenção, livremente. A imagibilidade, o agrupamento de numerosas imagens individuais sempre vai estar presente em uma cidade, e é assim que essa deve caminhar. Complexos arquitetônicos como o da Pampulha, são capazes de evocar uma imagem viva em seus expectadores e ali é possível encontrar imagens públicas.

Um bom planejamento deveria partir da percepção dos usuários e moradores, os principais precursores para mudanças que devem ser feitas, buscando sanar problemas com novas soluções. Esses novos planejamentos devem estar sempre abertos a mudanças e adequações a indigências. O mundo vai continuar alterando a cada instante e, junto com ele, indivíduos, desejos pessoais e coletivos.