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Resenha crítica do texto “Acabaram-se os Sonhos? A paixão pela realidade na nova arquitetura holandesa... E suas limitações.” de Roemer Van Toorn

Por:   •  12/2/2022  •  Resenha  •  2.056 Palavras (9 Páginas)  •  528 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E TEORIA

TEORIA DA ARQUITETURA III

Professora: Fabíola Zonno

Tutora: Letícia Aguilera

Estudantes: Bianca Loisy e Luísa Alves

Resenha crítica do texto “Acabaram-se os Sonhos? A paixão pela realidade na nova arquitetura holandesa… E suas limitações.” de Roemer Van Toorn

  1. Quem é o autor?

Roemer Van Toorn nasceu em Amsterdã, capital da Holanda em 1960,  Formou-se na Universidade de Tecnologia de Delft, onde recebeu grau de mestre em arquitetura com honras em 1992. É escritor, crítico e professor da disciplina de Teoria da arquitetura na UMA School of Architecture na Suécia desde 2010. Antes de iniciar sua carreira na UMA, Van Toorn era responsável pelo programa de História e Teoria e chefe de publicações do Instituto Berlage. Em 1994 publicou, com colaboração de Ole Bouman, seu primeiro livro, um manifesto enciclopédico  “The Invisible in Architecture” [1].Como autor e fotógrafo contribuiu para muitas outras publicações nacionais e internacionais, atualmente investiga como diferentes práticas contemporâneas modificam a arquitetura politicamente sob o título “ Estética como forma de política”.[2]   

  1. Contexto da obra e debate em que se insere

O texto se desenvolve a partir do período pós-moderno com a ampliação do campo disciplinar arquitetônico por teóricos da nova geração que difundiam uma prática arquitetônica crítica e de resistência ao status quo.  Nesse contexto, Robert Somol e Sarah Whiting após identificarem nas arquiteturas das décadas de 80 e 90 o projeto da criticalidade absorver e esgotar a disciplinaridade propuseram uma prática arquitetônica que eles denominaram “projetiva”[3].

  1. Natureza e lógica do texto

Natureza crítica e filosófica, estruturalmente é organizado por linha do tempo apresentando primeiro a prática arquitetônica anterior, arquitetura crítica, e o motivo pelo qual passou a deixar de ser usada, contextualizando para apresentar as principais arquiteturas projetivas: autonomia, mise-en-scene e naturalização.

  1. Tese central do texto

O autor problematiza dois extremos da arquitetura, arquitetura crítica, que rejeita os ganhos da sociedade contemporânea, focada na crítica e na provocação, e arquitetura projetiva, alienada às condições políticas e sociais, focada no contato com o usuário, com o aspecto teatral e tecnológico, e defende um meio termo, em que a interação entre a realidade contemporânea e os “sonhos utópicos” seria a chave para o equilíbrio entre a perspectiva social e política e os aspectos da arquitetura voltada para a realidade moderna.

  1. Perspectiva teórica (interlocutores)

O autor baseia sua perspectiva teórica e crítica em cima de duas formas de praticar arquitetura: a crítica e a projetiva. A partir disso, Toorn realiza um panorama arquitetônico holandes, ao longo de diferentes décadas, e a “categoriza” dentro de algumas vertentes que o mesmo destrincha a partir da arquitetura crítica - desconstrutivismo e regionalismo crítico - e da arquitetura projetiva - autonomia projetiva, mise-en-scène projetiva e naturalização projetiva.

Conceitos estes estabelecidos juntamente com seus interlocutores teóricos e/ou arquitetos, no caso da arquitetura crítica podemos identificar Kenneth Frampton, Manfredo Tafuri, Aldo Rossi, Aldo Van Eyck, Theodor Adorno, Peter Eisenman, Daniel Libeskind, Jean Nouvel e Diller + Scofidio, no caso da arquitetura projetiva podemos identificar Michael Rock, Droog Design, Claus e Kann, Rapp+Rapp, Neutelings Riedijk, MVRDV, NL, Kas Oosterhuis, UN Studios e Nox Architecture.

  1. Principais argumentos que sustentam o pensamento do autor

Ao longo do texto, Toorn desenvolve seus argumentos a partir da reflexão crítica entre 2 formas de praticar arquitetura, como dito anteriormente, porém o autor inicia sua argumentação problematizando a arquitetura crítica, a qual antecede, em período temporal, a arquitetura projetiva.

O autor identifica 2 escolas que estruturam a forma de pensar a arquitetura crítica: o desconstrutivismo e o realismo crítico. No desconstrutivismo, a arquitetura é mais focada na produção do diferente, em desconstruir o “status quo” e superar as condições normativas, é nessas característica que o autor identifica a consciência política e crítica dessa forma de projetar. Um exemplo disso é a Frank House, de Peter Eisenman, que provoca seus usuários sobre a “condição de coabitar” através da colocação de uma fenda entre as camas. O autor traz também o exemplo do Museu Judaico de Berlim, de Daniel Libeskind, que trabalha a desconstrução e a provocação a partir da desconstrução da Estrela de Davi, impactando buscando simbolizar e realçar os confrontos históricos do povo judeu.

Já no regionalismo crítico, a busca por fazer críticas diretas a sociedade é menor, investe-se mais em espaços que fujam da cidade, do capitalismo e da vida urbana. Buscam estruturar-se na topografia, na tectônica, na luz e no isolamento como forma de superar as questões regionais. Como exemplo pode-se citar Termas de Vals de Peter Zumthor, que apesar de ter sido construída mais de dez anos depois do início das discussões acerca do regionalismo crítico, apresenta características projetuais que o ligam ao tema. A obra se mescla com a topografia do vale em que está inserida com metade da construção enterrada na colina, além de fazer uso de uma rocha encontrada na região, o quartzito de Vals.

Para esta forma de projetar, o autor pontua que a sua eventual substituição pela arquitetura projetiva está associada com a rejeita às características da sociedade contemporânea, tais como o luxo, a diversão, a busca pelo prazer e etc, mas também por conta do capitalismo tardio que é identificado como mutável e dinâmico, que fazia com que o que antes podia estar sendo criticado passasse a ser apreciado, e vice e versa, fazendo com que a visão crítica na arquitetura passasse a perder sentido.

O autor define arquitetura projetiva como sendo baseada em uma análise apenas da realidade e não de sonhos utópicos, transformando o projeto em algo concreto a partir da análise dos fatos. Com as palavras de Toorn “ o raciocínio que um projeto é capaz de incorporar na sua negociação com a realidade é o que importa”, assim o autor apresenta três tipos de práticas projetivas encontradas na Holanda: autonomia projetiva, mise-en-scène projetiva e naturalização projetiva.

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