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Resenha do livro: Os Olhos da Pele, de Juhani Pallasmaa

Por:   •  22/8/2018  •  Resenha  •  1.006 Palavras (5 Páginas)  •  3.599 Visualizações

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PALLASMAA, J. Os Olhos da Pele: A Arquitetura e os Sentidos. 2ª ed., Porto Alegre: Bookman, 2011. 76 p.

Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos (Bookman, 2011,76 páginas), do arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa, é um livro formado por textos reformulados em estrutura editorial a partir de uma coletânea de ensaios, periódicos e desdobramentos de outros livros do mesmo autor. O livro traz críticas de Pallasmaa ao que ele considera ser a supremacia da visão nos processos cognitivos e de concepção de arte e arquitetura contemporânea.

O autor já possui uma trajetória positiva como arquiteto e designer, e é conhecido internacionalmente por seus escritos sobre arte, arquitetura, filosofia da cultura, e psicologia ecológica, e conferências que realiza em vários países europeus, além dos Estados Unidos, Canadá, entre outros.

Com a primeira edição publicada em 1997, e a segunda apenas em 2005, Os Olhos da Pele traz textos em que o arquiteto finlandês segue em defesa da inclusão dos variados sentidos nos processos cognitivos da arquitetura, mas em sua maior parte enfatizam a especial riqueza que representa o sentido do tato como catalizador e a mão como ferramenta e articuladora dos níveis expressivos, se contrapondo à cultura tecnológica atual. Organizado em duas partes, o livro percorre os aspectos históricos da consolidação do paradigma visual até sua desconstrução rumo a uma Arquitetura mais completa e integrada, tendo os sentidos e o corpo como novo paradigma.

A primeira parte do texto aborda a dominância do sentido visual na cultura ocidental, principalmente na prática e no entendimento da arquitetura atual. Pallasmaa comenta sobre como a visão era considerada o mais nobre dos sentidos, desde os pensamentos gregos, onde os cinco sentidos formavam um sistema hierárquico, em que a visão estava no topo, e descreve suas preocupações sobre essa predileção em direção à visão e a negligência de outros sentidos, discutindo as consequências do desaparecimento das qualidades sensoriais das artes e da arquitetura, e como isso promove uma falta de humanismo e ausência de conexão humana ao mundo.

O autor desenvolve a ideia de que, apesar da nossa percepção do mundo ser formulada por informações provenientes dos cinco sentidos, muita da arquitetura produzida atualmente considera apenas um - a visão. Tal hegemonia fez possível a criação de obras gloriosas, mas que apresentam características que enfraquecem a nossa capacidade de empatia e participação no mundo. Este ocular centrismo de muitos dos projetos modernistas, por considerar que abrigaram o intelecto e o olho, criam uma arquitetura niilista e narcisista, aqui o autor enfatiza que apenas a sensação de desconexão da visão permite uma visão niilista, de maneira oposta, o tato, devido à sua proximidade e veracidade se faz impossível de se presumir um sentido niilista do próprio.

Pallasmaa discute como a arquitetura de imagens visuais dominou o pensamento nos últimos 30 anos, vista apenas como um meio de auto expressão e um jogo artístico-intelectual desvinculado das conexões sociais e mentais essenciais, perdendo a temporalidade quando busca impacto instantâneo. Em vez de uma experiência embasada na existência humana, a arquitetura atual se resume a edificações que se tornaram produtos visuais desconectados de profundidade, tornando-se isoladas e distantes.

 

A segunda parte se concentra em apresentar o objetivo maior da arquitetura na visão do autor e como se caracteriza a chamada arquitetura sensorial. Em sua abordagem sobre o papel da arquitetura, coloca que é a possibilidade de ação que separa a arquitetura de outras formas de arte, ele relata que uma boa arquitetura oferece formas e superfície moldadas para o toque dos olhos. Portanto, uma reação corporal é um aspecto inseparável da experiência arquitetônica. Segundo ele, a arquitetura deve atender a todos os sentidos simultaneamente, reforçando a experiência existencial, nossa sensação de pertencimento ao mundo, tendo como tarefa fundamental a acomodação e a integração, vinculando as experiências de estar no mundo e aumentando nosso senso de realidade e de si mesmo. Quando ela é significativa nos faz experimentar a nós mesmos como seres humanos e espirituais. A atual super valorização das dimensões intelectual e conceitual da arquitetura contribuíram pra o desaparecimento da sua essência física e sensorial.

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