Os Olhos Da Pele – Juhani Pallasmaa
Por: Tiago Hobold • 11/12/2024 • Resenha • 1.161 Palavras (5 Páginas) • 16 Visualizações
ESCOLA SUPERIOR DE CRICIÚMA – ESUCRI
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TIAGO HOBOLD
RESENHAS
“OS OLHOS DA PELE – JUHANI PALLASMAA”
“ARQUITETURA VIVENCIADA – STEEN EILER RASMUSSEN”
CRICIUMA
2019
Os Olhos da Pele – Juhani Pallasmaa
No primeiro momento, sentidos na arquitetura, parece ser uma questão desnecessária. Os edifícios são construções que devem ser bastante funcionais e se possível, incluir um componente estético. Hoje uma boa parte dos arquitetos tentam cumprir primeiramente os requisitos de funcionalidade e depois disso concentrar-se na forma que dará ao edifício o seu estilo individual e com isso o seu reconhecimento na sociedade. Além das exigências funcionais, o design deve trasmitir como as pessoas irão se sentir dentro do prédio e como vão viver no espaço, não somente em termos de como ele se parece, mas também como ele toca, como cheira, e trasmite sons, fazendo com que arquitetura seja uma experiência multissensorial.
Em sua segunda parte, o livro “Os Olhos da Pele” do arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa, fala sobre a importância de incluir todos os cinco sentidos na arte de projetar edifícios. Nas suas primeiras palavras ele lembra que estamos muito ocupados pelo sentido visual, deixando de lado o que é de extrema importância na arquitetura.
Certamente a visão desempenha um papel importante, pois nossa primeira impressão é determinada pela visão da arquitetura. Sendo assim, o livro tenta destacar a importância da experiência em arquitetura priorizando outros sentidos além dos estímulos visuais. Ele aponta como o próprio olho pode ser tendencioso, podendo se separar dos outros sentidos como, por exemplo, o tato, pois com a percepção de um edifício através do nosso sentido de toque, temos uma influência decisiva na percepção da arquitetura, considerando ela prazerosa ou não.
Pallasmaa fala também da importância da sombra na criação de luz. São elas que tornam nossas imagens visuais muitas vezes incertas, mas que nos fazem pensar com clareza. Nesse sentido, ele critica a arquitetura atual que parece não ter essa apreciação da sombra.
O autor prossegue levando o leitor através de todos os sentidos em questão, ou seja, audição, olfato, tato e paladar. Para cada sentido ele cita um exemplo da natureza, descrevendo assim como é um reconhecimento de todos os sentidos que completa um espaço. Todo o argumento é muito bem ilustrado com citações e referências experienciais, que se somam e são muito pertinentes ao argumento. O autor satura o texto com exemplos. Isso torna o argumento muito convincente ao leitor, porém ao mesmo tempo cansativa. O autor também faz referências psicológicas e fisiológicas, tornando os argumentos cientificamente sólidos e não apenas algo poético.
Segundo Juhani, como humanos, procuramos sensações. Se deixarmos de fora as sensações físicas, seja apreciando os sons e aromas da natureza, ouvindo música, movendo nosso corpo, nossas mentes facilmente começam a gerar seu próprio drama para preencher o vazio. Se quisermos melhorar nossas casas, por exemplo, acabamos facilmente mudando a aparência. Ao moldar nosso ambiente de vida para encontrar e saudar todos os nossos sentidos, nos sentimos mais vivos, porém um espaço pode parecer bonito visualmente, mas isso não é suficiente para que seja agradável morar. Ele liga o olfato à memória e acrescenta que o cheiro é de longe um dos meios mais fortes que aumentam a memória de uma experiência.
Os sentidos permitem as pessoas entrarem no ambiente e consequentemente faze-lo entrar nas pessoas proporcionando uma experiencia mais genuína e autêntica quando algo é sentido pela pele, ou cheirado ou ouvido. Cada partícula do nosso corpo deve estar envolvido na formação de um edifício, seja na maneira como as sombras são criadas, os sons e ecos são transmitidos, como o edifício se sente no toque, como se sente ao sabor ou simplesmente como ele parece de longe. Os arquitetos devem usar esse fato para criar construções mais intensas, mais emocionantes e profundas do que objetos sem alma que abordem apenas a visão.
Arquitetura Vivenciada – Steen Eiler Rasmussen
Todos nós temos que começar por algum lugar, e o trabalho básico, o conhecimento básico e as definições simples são uma boa maneira de começar a desvendar algo que é, na verdade, extremamente complexo. É este conceito abordado pelo autor e arquiteto Steen Eiler Rasmussen no primeiro capitulo de seu livro Arquitetura Vivenciada.
O autor enfatiza que a Arquitetura não é algo facilmente julgado apenas pelo exterior de um prédio, como julgar um livro da capa. Ele afirma que a arquitetura não pode ser explicada como qualquer outra arte, deve ser experimentada, sendo essa a intenção de Rasmussen ao explicar às pessos como experimentar a arquitetura com esse primeiro capitulo. Ele mostra uma semelhança entre um produtor de teatro e um arquiteto. Arquitetos estão moldando nossas vidas, nosso ambiente de vida como um produtor teatral lida com os atores no palco. A idéia do arquiteto como produtor teatral coloca ênfase não na coisa, mas na “peça”, nos eventos que a arquitetura molda, instiga e sugere ao “espectador”.
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