TEXTO: A CIDADE DO PENSAMENTO ÚNICO

TEXTO: A CIDADE DO PENSAMENTO ÚNICO

De acordo com pesquisas da autora, Otília Arantes, nos dias atuais quando se fala em “fazer cidade, se pensa mais em requalificação, em termos que a ênfase deixa de estar predominante na ordem técnica do Plano para cair no vasto domínio do chamado “cultural”, e está cada vez mais deixando de lado a racionalidade, funcionalidade, zoneamento, plano diretor, etc. Um planejamento busca, inserir a cidade-alvo em um nó da rede internacional de cidades, para assim, torná-la atraente para o capital estrangeiro.  O chamado “tudo é cultura” da última geração que foi inaugurado em meados de 1960 e logo transformado no culturalismo de mercado, que significa representação e sua respectiva interpretação, acabou por fim, moldando, indivíduos que se auto-indetificam pelo consumo ostensivo de estilos e lealdade a todo tipo de marca, e também, o sistema altamente concentrado dos provedores desses produtos tão intangíveis quanto lucrativos, esse seria o chamado poder da identidade. Sendo assim, a âncora identitária da nova urbanística recairia na grande quermesse da chamada animação cultural.

Além disso, a autora chama atenção para um fenômeno que inicialmente foi observado nos Estados Unidos, onde as ferramentas e diretrizes do planejamento dito como convencional passou a ser desacreditado e subestimado por muitos, fazendo com que esses aspectos deixassem de controlar o crescimento urbano, e enquanto isso ocorria outros meios que não fossem relacionados aos regulamentos eram encorajados.  Também passou por um processo resultante dos efeitos do assassinato de Martin Luther King, onde  etnicidades predominantes em bairros norte-americanos tiveram como iniciativa a celebração da “vizinhança” com o intuito de promover o redesenho urbano e tentar mudar a forma na qual os espaços públicos e o centro das cidades eram vistos.