ABORDAGEM NORMATIVISTA E POSITIVISTA PESQUISA EM CONTABILIDADE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

MARIANA SIQUEIRA VILELA

Trabalho da disciplina Teoria da Contabilidade do Programa de Pós Graduação em Ciências Contábeis.

Profª.  Drª.  Márcia Ferreira

RECIFE,

2017

PESQUISA CONTÁBIL: ABORDAGEM NORMATIVA E POSITIVA

IUDÍCIBUS, Sérgio; LOPES, Alexsandro Broedel. Teoria Avançada da Contabilidade. 1 ed. Atlas: São Paulo: 2008.

LOPES, A. B.; MARTINS, E. Teoria da contabilidade: uma nova abordagem. São Paulo, Atlas, 2005.180 p

KOTHARI, S. P. Capital markets research in accounting. Journal of Accounting and Economics, v. 31, p. 105-231, 2001.

KROENKE, Adriana; SÖTHE, Ari; BEZERRA, Francisco. Evolução do conhecimento contábil nos artigos científicos da revista de contabilidade e finanças sob a visão epistemológica de Ludwick Fleck. Enfoque: Reflexão Contábil, UEM-Paraná, v.30, n.2, p.83-97, 2011.

NIYAMA, J. K. Teoria Avançada da Contabilidade. São Paulo, Atlas: 2014.

Watts, Ross L. ZIMMERMAN, Jerold L. Positive AccountingTheory. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1986.

        Ao longo do tempo a teoria da contabilidade, por se tratar de uma ciência social aplicada, sofreu uma série de mudanças visando uma adequação ao modo de pensar da sociedade.  Isso refletiu diretamente nas abordagens e metodologias adotadas pela pesquisa científica nessa área.  Segundo Lopes e Martins (2005), o método científico contábil consiste atualmente basicamente das abordagens normativa e positiva.

Podemos considerar o auge da teoria da contabilidade o período após a quebra da bolsa de Nova York. A criação da Security Exchange and Comission (SEC), com o objetivo de tornar a contabilidade mais segura para os acionistas, levantou a necessidade de criar normas e eleger entre as práticas contábeis existentes qual seria a melhor. Houve uma mudança em relação à produção contábil onde os principais usuários passaram a serem os investidores e não os gerentes como era de costume. De acordo com Niyama(2014), o processo de regulação teve impacto significativo na pesquisa científica contábil, o foco era estabelecer uma forma correta de ser, criando uma batalha entre grupos na qual havia apenas um vencedor onde geralmente a decisão tinha muito mais teor político do que científico.

        Diante desse cenário, podemos afirmar que durante o período mencionado no parágrafo anterior houve uma dominação da abordagem normativa nas pesquisas contábeis. Essa metodologia caracteriza-se por recomendar procedimentos a serem adotados, de modo mais simples, é uma prescrição contendo as formas que a contabilidade deveria atuar. Também é característica desse tipo de visão a adoção do método dedutivo, criando hipóteses acerca do mundo contábil e emanando receitas sobre quais deveriam ser os procedimentos para que houvesse maximização da utilidade da informação.

        Muitas são as críticas à abordagem normativa aplicada as pesquisas contábeis. Watts e Zimmerman(1986) consideram esse método distante da realidade, enquanto Niyama(2014)  destaca que a maioria das discussões não abordava a prática contábil em si, mas as bases de mensuração. O mesmo também afirma que geralmente a seleção do que é melhor se torna política sendo assim um processo normativo e não investigativo e por último observa que desconsiderar os conflitos existentes entre as partes acaba sem promover avanços na teoria da contabilidade.  Ainda dentro das deficiências dessa abordagem, Kothari (2001) considerou negativo o fato do método se basear em julgamentos que não podiam ser testados.

        No fim da década de 1960 ocorreu o auge das críticas à abordagem normativa aplicada nas pesquisas contábeis e um novo método começou a ganhar destaque nos estudos científicos. Essa visão denominada positiva pode ser caracterizada por focar no que ocorre na realidade e desse modo tentar prever o que acontecerá. Essa abordagem concentra-se na observação dos fatos e se preocupa em compreender o porquê das coisas e princípios. Uma das razões do surgimento desse enfoque na contabilidade visou compreender as relações comportamentais ocorridas na área. A primeira fase do positivismo contábil buscou estudar e avaliar a utilidade das informações contábeis, analisando principalmente o mercado de ações e as alterações nos preços desses ativos. Apenas na década de 1970 começou-se a aplicar o positivismo para explicar e predizer práticas contábeis.