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Crise de Valores Estudo de Caso

Por:   •  30/9/2020  •  Seminário  •  1.269 Palavras (6 Páginas)  •  528 Visualizações

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CURSO: BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL

CASOS PRÁTICOS

CRISE DE VALORES

A indústria de papel e celulose verdejante S.A. opera na região norte do Brasil, nas cidades de Marabá e Altamira, no Pará. Os escritórios da direção da empresa localizam-se em Cametá, cidade do mesmo Estado. Os principais níveis decisórios da empresa podem ser assim dispostos:

VERDEJANTE S.A.

No interior da sala do diretor financeiro, acontecia o seguinte diálogo:

César Bezerra: - “Virgínia, Leo falou-me que você está ameaçando ir a público com seu Parecer sobre o relatório que o Leo produziu! Acho uma imprudência. Você está arriscando sua carreira, seus amigos e sua empresa”.

Virgínia ouvia pacientemente. Refletia sobre o conteúdo do relatório depositado em cima da mesa do diretor.

-“Sinto muito, César. Eu sei como isso é importante para você, mas não tenho escolha. Não posso ficar impassível vendo as coisas acontecerem. Você sabe que esses números não tem fundamento!”

O Parecer intitulado “Espécies Ameaçadas: a Indústria de Papel e Celulose no Norte do Brasil”, versava sobre a posição desse ramo da indústria em face das propostas governamentais de controlar os efluentes tóxicos lançados nos rios daquela região. Uma seção do Parecer detalhava as conseqüências financeiras da instituição de mecanismos de controle do lixo industrial. Nely Castro, presidente da Verdejante, iria depor na semana seguinte perante a Comissão Ambiental da Câmara dos Deputados. Ela daria a opinião oficial final do setor de papel e celulose à proposta governamental.

A Verdejante possui duas unidades produtoras de papel e celulose, em Marabá e Altamira, e é a empresa-líder no país. Devido à recessão, ela vinha enfrentando problemas econômicos na região onde estão localizadas as fábricas.

A seção do relatório que versava sobre o impacto financeiro da instalação do equipamento de controle dos efluentes foi preparada por Leo Pinheiro, gerente financeiro da empresa, com 25 anos de trabalho. Antes de assumir a Gerência Financeira, ele trabalhou no Departamento de Contabilidade. Embora Leo e Virgínia estivessem na mesma linha hierárquica e fossem companheiros de trabalho, o relacionamento entre eles era problemático.

César Bezerra: -“Virgínia, sua teimosia está nos causando problemas! Espere aqui. Vou falar com Nely e veremos o que ela pensa.” – César saiu do escritório, batendo a porta.

Quando ele saiu, Virgínia pôs-se a recordar os 12 anos em que vinha trabalhando na Verdejante. Tinha começado a trabalhar na empresa após o curso ginasial, como trainee. Ingressou fazendo pequenos serviços no Departamento de Contabilidade. Lembrava-se, nitidamente, de quanto ficou estressada, após três noites sem dormir, ajudando a compor as demonstrações contábeis para a reunião de diretoria no início da semana seguinte. Lembrava-se do nascimento de seu primeiro filho e da atenção dos administradores da empresa, pagando todas as despesas hospitalares. Lembrava-se de como, através de seu talento, tinha ascendido ao cargo de contadora, disputando com outros colegas, com igual tempo de empresa. César Bezerra conseguiu que a Verdejante arcasse com as despesas de seus estudos de pós-graduação no CIERA, centro de estudos de Contabilidade Internacional, de excelência reconhecida mundialmente. Virgínia assumiu, à época, o compromisso de retornar para a empresa tão logo defendesse sua dissertação de mestrado. No CIERA, Virgínia destacou-se como aluna brilhante e dedicada. Sua dissertação foi aprovada com a nota máxima. Ela voltou vitoriosa para a Verdejante e logo foi indicada para uma chefia da divisão da contadoria da empresa, e três anos depois, para contadora.

A porta abriu-se abruptamente, interrompendo os pensamentos de Virgínia. César, acompanhado da presidente, Nely, entrou na sala. Nely era uma senhora de 60 anos, aproximadamente. Ela tinha uma longa história na Verdejante e uma sólida reputação no ramo de papel e celulose.

-“Qual é o seu problema, Virgínia?”, perguntou Nely. “César disse-me que você quer divulgar seu Parecer para o público, com uns comentários nada favoráveis para a empresa. Qual é o problema?”

-“Bem, Nely, identifiquei alguns problemas sérios no relatório e coloquei-os em meu Parecer. No paper consta que teremos problemas financeiros se formos forçados a construir um lago artificial para o depósito dos dejetos industriais. As demonstrações indicam que a empresa pode quebrar, se a reforma constitucional, relativa ao meio ambiente, for aprovada pelo Congresso. Sabemos que as estimativas de custo estão infladas, apesar de não existirem fatos concretos que justifique tal inchaço. Para você ter uma idéia, nossos custos operacionais estão 50% mais altos. Eu diria que o mais adequado seria dimensioná-los entre 10 e12% a mais, somente, como aliás, era o que previa o relatório gerencial elaborado por Leo, no ano passado.De lá para cá, não ocorreu nenhuma mudança relevante que implique retificação do relatório. Além desse fato, Nely, você terá

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