Para que Filosofia?
Por: Juulia Scannapieco • 22/4/2015 • Resenha • 690 Palavras (3 Páginas) • 137 Visualizações
Em nosso dia a dia, deixamos passar despercebidas inúmeras situações em que poderia haver diversas indagações e aprofundamentos de pensamentos. É em questões básicas como "que horas são?" que nossa expectativa, vinda de experiências antigas, é de que alguém nos dê a resposta exata para a pergunta. Essa expectativa vem de uma crença em que as horas podem ser medidas e na existência do tempo.
Mas como seria se ao invés de uma resposta exata, a pessoa indagasse nossa pergunta? Querendo entender e ir muito além do que estamos perguntando, "o que é o tempo?".
Na vida cotidiana, às vezes o silêncio incomoda, por exemplo: um casal quando briga, o silêncio incomoda e o fato de alguma pergunta sem importância aparente ser feita, gera um desconforto. Mas o silêncio não está presente apenas em situações do dia a dia, por traz de uma simples pergunta, o silêncio carrega várias crenças que não questionamos.
Uma frase comum no cotidiano é "ele está sonhando", mas falamos isso referindo-nos a alguém que está pensando em algo que julgo impossível ou improvável, algo que não julgo real ou de plena sanidade. Mas por trás dessa afirmação, há inúmeras indagações como "o que é o sonho?", "o que é a loucura?", "o que é a sanidade?", e crenças como "sonhar é fugir da realidade", "o sonho é sinônimo de coragem quando realizado".
Tudo que questionamos e dizemos em nosso dia a dia, é dito com base em uma carga mental que carregamos de nossa vida, de nossas experiências, de tudo que já ouvimos e vivenciamos. São crenças inconscientes, ideias formadas por um padrão, por um conhecimento. Sendo assim, opiniões são dadas por conhecimento e não por aquilo que se "acha", sem certeza. Sabemos então diferenciar a verdade da mentira, o sonho da realidade. Sabemos que a mentira é o errado, e que sonhar é diferente de mentir, porque enquanto a mentira traz danos, o sonho não prejudica nada e ninguém.
Por termos um conceito pré-formado, acreditamos que sentimentos são de característica subjetiva, como o amor, o medo, o desejo, o ódio, o afeto, entre outros. Esses conceitos pré-formados nos mostram que a vida cotidiana é repleta de crenças silenciosas, afinal cremos em tudo a nossa volta, no tempo, no espaço, nos sentimentos, nos valores impostos pela sociedade, na loucura e na realidade.
O ato de questionar de forma mais profunda as questões do cotidiano é chamado de atitude filosófica. Ao invés de dar respostas simples, responder com questões. Por exemplo: ao invés de dizer "ela é louca", dizer "o que é a loucura?", "o que é o sonho?", "como é ser louco?", "como é sonhar?". Ao invés de julgar o que é belo ou não, começar a indagar a beleza, indagar a existência desta. Atitude filosófica é, então, não aceitar as coisas, ideias e fatos como parecem ser, sem antes investigar e compreender.
A atitude filosófica possui duas faces, a primeira sendo negativa, ou seja, dizer não aos pré-conceitos, ir contra ao sendo comum. A segunda face é positiva, pois interroga as coisas, as ideias e os fatos. As junções dessas faces constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico.
Filosofia, portanto, tem a finalidade de indagar o que parecia um conceito formado, de questionar aquilo que parecia simples, de nos mostrar as inúmeras possibilidades de pensamentos e de crenças que poderíamos ter. Filosofia é quebrar o senso comum, é admitir o que Sócrates afirmava "Sei que nada sei". Filosofia é buscar aumentar o conhecimento, é refletir sobre o que se julga verdadeiro.
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