Paradigmas de investigação
Por: Dan01lo • 29/5/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 2.236 Palavras (9 Páginas) • 455 Visualizações
INTRODUÇÃO
Os projectos de pesquisa em educação, a coerência e a interacção permanentes entre o modelo teórico de referência e as estratégias metodológicas constituem dimensões fulcrais do processo investigativo.
A presente pesquisa apresenta um breve contributo para a delimitação do paradigma de investigação e explora os fundamentos teóricos e práticos das metodologias e técnicas de investigação que emanam deste paradigma. Subjacente à concretização desta proposta está a convicção de que qualquer actividade científica se enquadra num conjunto de coordenadas espácio-temporais e sócio históricas que condicionam e justificam as suas opções metodológicas. Assim, na primeira parte do documento, caracterizamos sucintamente a os paradigmas de investigação no contexto actual da investigação científica e, na segunda parte, apresentamos algumas metodologias e técnicas presentes em estudos desta natureza.
REVISÃO DE LITERATURA
- Paradigma de Investigacao
- Conceito de Paradigmas
Segundo (Kuhn, 1997) admite pluralidade de significados e diferentes usos, aqui nos referiremos a um conjunto de crenças e atitudes, como uma visão do mundo "compartilhada" por um grupo de cientistas que implica uma metodologia determinada (Alvira, 1982). O paradigma é um esquema teórico, ou uma via de percepção e entendimento do mundo, que um grupo de cientistas adoptou.
- Definição de Paradigma de Investigação
Paradigma de investigação pode definir-se como um conjunto articulado de postulados, de valores conhecidos, de teorias comuns e de regras que são aceites por todos os elementos de uma comunidade científica num dado momento histórico (Doyle, 1991, p. 3322-3330). Ainda segundo a mesma autora, cumpre os propósitos de unificar os conceitos, pontos de vista, a pertença a uma identidade comum e o de legitimar a investigação através de critérios de validez e interpretação
- Diferentes Maneiras de Entender e Fazer a Investigação
As disparidades que se detectaram e registaram nos textos que se apresentavam com o objectivo de escrever a história da investigação educacional não são atributo apenas daquele tipo de escritos.
A análise de textos, recurso metodológico no qual assenta o presente trabalho, mostrou que, com frequência, as fontes de pesquisa apresentam, para temas idênticos, interpretações que, quando não antagónicas, adquirem significações diferenciadas que se torna necessário compreender. Por vezes, quando se consultam diversos textos sobre investigação educacional, tornam-se evidentes interpretações distintas e que, nalguns casos, ignoram, ou praticamente ignoram, desenvolvimentos e interpretações relevantes que as precederam. Esta situação suscita alguma surpresa, especialmente quando se trata de textos publicados a partir do último quartel do século XX, com décadas de história atrás de deles, e torna mais complexo, eventualmente, o processo de decisão dos investigadores em educação quanto às escolhas nos diversos níveis em que têm que decidir, como sejam as abordagens, os problemas ou os métodos.
De facto, uma passagem por um qualquer conjunto de textos que se assumam como da investigação educacional torna evidente, não apenas notável diversidade de sistematizações, mas também que cada abordagem é objecto de discrepantes relevos e juízos de valor. Não estão em causa, e de um modo geral, os dados factuais como os nomes ou as datas, mas sim, as lacunas, as interpretações, as ilações.
Basta comparar as interpretações de distintos autores, em épocas coevas, sobre o mesmo tema, ou as incongruências patentes em algumas obras.
Noutras obras, certos autores privilegiaram determinados modos de pesquisar em educação que são claramente distintos dos modos privilegiados por outros autores, como revela a comparação entre obras que podem ser consideradas de referência: comparem-se as preferências de Elliott (1991), Elliott (1994) ou Carr & Kemmis (1986) pela investigação-acção com as opções de La Orden (1985a) e Tuckman (2002) pela investigação de índole mais tradicional.
Também, alguns teóricos atribuíram importância a determinados tópicos e estudiosos da educação os quais não são sequer mencionados por outros autores, na mesma época, ao escreverem sobre temas idênticos. Tomando como exemplo obras de autores reputados, com interesses semelhantes e com poucos anos a separá-las, Léon et al[1] não referiram as abordagens de investigação qualitativa, enquanto De Landsheere,[2] em obra de título idêntico, reservou um capítulo para o debate entre o quantitativo e o qualitativo.
Quadro n.º 1 – “Bases alternativas para interpretar a realidade social”
(Fonte: Traduzido de Cohen & Manion, 1990:34, adaptado de Greenfield)
Dimensões de | Objectivista | Subjectivista | |
Comparação | |||
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| Realismo: o mundo existe | Idealismo: o mundo existe mas |
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| e é cognoscível como | pessoas diferentes explicam-no |
Base | realmente é. As | de maneiras muito diferentes. | |
Filosófica | organizações são | As organizações são realidades | |
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| entidades reais com vida | sociais inventadas. |
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| própria. |
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| Descobrindo as leis | Descobrindo como as pessoas |
O papel da | universais da sociedade e | interpretam de modo diferente | |
ciência social | da conduta humana | o mundo em que vivem. | |
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| dentro dela. |
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Unidades |
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| |
básicas da | A colectividade: sociedade | Indivíduos actuando sós ou em | |
realidade | ou organizações. | grupo. | |
social |
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| Identificando condições ou | Interpretação dos significados |
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| relações que permitem | subjectivos que os indivíduos |
Métodos de | que a sociedade exista. | aplicam à sua acção. | |
entendimento | Concebendo quais são | Descobrindo as regras | |
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| essas condições ou | subjectivas para tal acção. |
|
| relações. |
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| Um edifício racional | Conjuntos de significados que |
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| construído por cientistas | as pessoas usam para dar |
Teoria | para explicar o | sentido ao seu mundo e ao | |
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| comportamento humano. | comportamento dentro dele. |
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| Convalidação | A busca de relações com |
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| experimental ou quasi- | sentido e o descobrimento das |
Investigação | experimental da teoria. | suas consequências para a | |
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| acção. |
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| Abstracção da realidade, | A representação da realidade |
|
| especialmente através de | com fins de comparação. |
Metodologia | modelos matemáticos e | Análise da linguagem e do | |
|
| análises quantitativas. | significado. |
|
| Ordenada. Governada por | Em conflito. Governada pelos |
|
| um conjunto uniforme de | valores das pessoas com acesso |
Sociedade | valores e tornada possível | ao poder. | |
|
| só por aqueles valores. |
|
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| Orientadas para um fim. | Dependentes das pessoas e dos |
|
| Independentes das | seus fins. Instrumentos de |
|
| pessoas. Instrumentos de | poder que algumas pessoas |
Organizações | ordem na sociedade | controlam e podem usar para | |
|
| servindo tanto a sociedade | alcançar fins que lhes parecem |
|
| como o indivíduo. | bons. |
Patologias | Organizações | Dados fins humanos diversos, | |
organizativas | desajustadas com valores | há sempre conflito entre as | |
|
| sociais e necessidades | pessoas que os perseguem. |
|
| individuais. |
|
|
| Muda a estrutura da | Descobre que valores se |
|
| organização para | incorporam na acção |
Prescrição | satisfazer os valores | organizativa e de quem são | |
para a | sociais e necessidades | esses valores. | |
mudança | individuais. | Se puder, modifica as pessoas | |
|
|
| ou os seus valores. |
...