SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM: A REVOLUÇÃO RUSSA E O TRABALHO
Por: Caio Rocha • 21/4/2016 • Resenha • 2.122 Palavras (9 Páginas) • 1.247 Visualizações
PROFESSORA: ADRIANA
HISTÓRIA- 3º A
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3:
A REVOLUÇÃO RUSSA E O TRABALHO
No final do século XIX o Império Russo compreendia uma área de 22 milhões de km2 e abrigava uma população de 160 milhões de habitantes. Desse total de habitantes, cerca de 80% era formado por camponeses que viveram sob um forte regime de servidão até 1860. Boa parte deles deviam pesadas obrigações aos seus senhores, proprietários de terras, e como viviam em uma situação muito precária eram constantemente assolados por doenças, fome e miséria.
Por várias vezes entre os séculos XVII e XIX os camponeses organizaram rebeliões. Além de lutarem por melhores condições de vida, os camponeses também se queixavam do poder centralizado nas mãos do czar e do excessivo luxo em que a corte dos Romanov vivia.
Ora, boa parte das terras e as poucas indústrias que existiam na época na Rússia pertenciam a essa nobreza privilegiada que explorava de maneira significativa a população mais pobre. Foi nesse cenário conturbado que vários movimentos revolucionários de combate ao czarismo se organizaram no final do século XIX.
- Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR): O partido foi criado em 1898 inspirado nas ideias de Karl Marx e Friedrich Engels, mas desde o início houve muitas divergências entre os integrantes do grupo sobre o modo como a luta contra o czarismo fosse conduzida.
A primeira ruptura se deu em 1903 no congresso do partido. Nessa ocasião Vladimir Ilich Ulianov (mais conhecido como Lenin) apresentou a proposta que o partido deveria ser dirigido por um pequeno grupo de revolucionários que adotariam um regime bastante severo. Os apoiadores de Lenin ficaram conhecidos como bolcheviques (maioria).
Por sua vez, Julius Martov defendia que um maior número de pessoas pudesse representar o partido, todavia, ele não conseguiu mobilizar um grande número de seguidores e por isso ficou conhecido como menchevique (minoria). Conforme o tempo foi passando outras diferenças distanciaram ainda mais os dois grupos, já que os bolcheviques defendiam uma aliança com os trabalhadores (operários e camponeses) para “derrubar” o czarismo enquanto os mencheviques queriam se aliar a burguesia para conseguir isso.
As revoluções de 1905
Entre 1904 e 1905 a Rússia e o Japão se envolveram em uma guerra imperialista pelo controle da Manchúria (região situada no nordeste da China). A Guerra Russo-Japonesa, como ficou conhecida, “trouxe” um desgaste muito grande aos russos e sua consequente derrota fez transparecer ainda mais as fragilidades do império.
A população revoltada com o czarismo e com a corrupção dos membros da corte, organizaram uma série de greves e manifestações nas grandes cidades russas. No dia 22 de janeiro de 1905 muitos operários em greve e seus familiares caminharam desarmados até o Palácio de Inverno na cidade de São Petesburgo (na época Petrogrado) para entregar uma petição (abaixo assinado) ao czar:
“Majestade. Nós, trabalhadores e habitantes da São Petesburgo, nossas mulheres, nossos filhos e nossos parentes velhos e desamparados, viemos a vossa presença, majestade buscar verdade, justiça e proteção. Fomos transformados em pedintes, somos oprimidos, estamos a beira da morte. [...] Paramos o trabalho e dissemos aos nossos patrões que não recomeçaremos enquanto não aceitarem nossas reinvindicações. Não pedimos muito: a redução da jornada de trabalho para oito horas, o estabelecimento de um salário mínimo de um rublo por dia e a abolição do trabalho extraordinário.
Os oficiais levaram o país à ruína completa e o envolveram numa guerra vergonhosa. Nos, os trabalhadores, não temos como fazer ouvir sobre a maneira como são gastas as enormes somas que nos são retiradas em impostos. [...]
Estas coisas, majestade, trouxeram-nos diante de vosso palácio. Estamos procurando a nossa última salvação. Não recusai ajuda ao vosso povo. Destruí (sic) o muro que se levanta entre vós e o vosso povo. [...]
Eduardo Valladares e Márcia Berbel. Apud BOULOS JUNIOR, p. 48.
Esse documento nem chegou a ser entregue ao czar Nicolau II, que mesmo sabendo que tal manifestação era pacífica, ordenou que os soldados atirassem nos manifestantes. Os guardas então metralharam as pessoas a queima roupa. Não se tem o número exato de mortos, mas as estimativas apontam para, pelo menos, mil pessoas, que foram atingidas pelos tiros ou foram pisoteadas na hora do pânico. Testemunhas oculares disseram que a neve ficou vermelha de tanto sangue. Esse episódio ficou conhecido como “Domingo Sangrento”.
CURIOSIDADE: A manifestação foi organizada pelo padre ortodoxo George Gapon e as pessoas carregavam símbolos religiosos e cantavam “Deus salve o czar”. |
Isso ocorrido agravou ainda mais as tensões e muitas outras greves e manifestações eclodiram por todo o Império Russo. Um dos protestos mais famosos foi o dos marinheiros do navio de guerra (encouraçado) Pontemkim, que se rebelaram contra as condições deploráveis de trabalho, a fome e os castigos físicos a que eram submetidos. Mais uma vez o governo reagiu violentamente.
Daí a população se uniu e formaram-se os primeiros sovietes, ou seja, conselhos onde os deputados eram eleitos pelos operários, camponeses e soldados. Esses acontecimentos de 1905 “forçaram” o czar Nicolau II a iniciar uma série de reformas para apaziguar os ânimos da população. O czar convocou a Duma (Parlamento Russo) para dar uma relativa ideia de democracia ao governo, todavia a aristocracia russa a manipulava com facilidade de acordo com seus interesses, enquanto as manifestações continuaram a ser reprimidas com violência.
A Revolução de Fevereiro
Em 1914, determinada em controlar o acesso ao Mar Mediterrâneo e ao Mar Negro a Rússia se uniu à França e a Grã-Bretanha e ingressou na Primeira Guerra Mundial. Cerca de 13 milhões de soldados foram deslocados para lutar contra a Tríplice Aliança, mas o exército russo (apesar de numeroso) era despreparado e carecia de armas, botas, cobertores... Além do mais a Rússia não contava que a guerra duraria tanto tempo e isso consumiu demasiados recursos do Estado (leia-se impostos). As inúmeras perdas nas frentes de batalha fizeram com que a já revoltada população russa ficasse ainda mais insatisfeita.
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