A Busca Humana Por Valores Solidários - Ética e Cidadania I - Mackenzie .
Por: renepdc • 25/10/2017 • Resenha • 1.868 Palavras (8 Páginas) • 908 Visualizações
INTRODUÇÃO
O autor viaja desde a antiguidade até os dias atuais refletindo sobre a importância da ética no comportamento da sociedade, bem como os pensadores e religiosos responsáveis por mudanças nos “estatutos sociais” e sua respectiva propagação. A análise, feita do ponto de vista primordialmente cristão, atribui importante relevância às crenças responsáveis por ditar o comportamento certo e errado da sociedade.
Ao final, o autor discorre acerca dos grandes problemas sociais do nosso tempo e, fazendo uma interseção com o tema ética e cidadania, procura alertar o leitor sobre a ineficiência política atual e como cada um de nós pode contribuir por um mundo mais justo, igualitário e, consequentemente, ético.
RESENHA
A evolução humana está fortemente ligada às grandes descobertas tecnológicas. Ao passo que, com cada vez mais poder em suas mãos, o crescimento ético não tem se desenvolvido com a mesma rapidez. O homem dominou o mundo, terra, céu e águas estão sob o controle humano, mas quem controla o chefe? Quem pode frear a irresponsabilidade de quem, ao mesmo tempo em de domina um ambiente o destrói ferozmente? A ética seria a resposta mais óbvia e objetiva, porém, se engana quem pensa esse assunto com tamanha simplicidade.
Nós já desbravamos o universo (uma minúscula parte, é verdade), fomos à lua, enviamos sondas a Marte e com o passar do tempo estamos chegando mais e mais longe. Ao mesmo tempo, somos capazes de desintegrar até a menor matéria existente, o que nos leva a descobertas científicas impressionantes e avanços na área da medicina apontando para uma longevidade extremamente alta já nas próximas décadas. Mais uma vez vemos o desenvolvimento saltar aos olhos, entretanto, mais uma pergunta surge neste ponto: Pensamos muito em viver mais, mas nos esquecemos de pensar onde queremos passar esses dias sobressalentes que tanto buscamos, afinal, com o ritmo de destruição do planeta que habitamos, logo ficaremos sem nossa casa e sem termos para onde correr.
As questões éticas e sociopolíticas, quando praticadas fielmente, devem nortear nossos direitos e deveres, nosso senso de certo e errado e, principalmente, de justiça e injustiça, algo tão alheio à sociedade atual. Vivemos cercados por questões éticas e, quase a todo momento, temos escolhas a fazer que nos direcionam mais para o lado ético ou antiético, cabendo apenas a nós mesmo fazer essa escolha. A sociedade nos entrega as normas morais, nos diz desde que nascemos o que devemos ou não fazer, mas o que realmente essa moral significa para cada um de nós? A ética é a resposta a essa questão, ou pelo menos deveria ser.
Partimos do pressuposto de que todos somos cidadãos e, cercados de direitos e deveres, temos que “nos virar” para levarmos uma vida honesta e ilibada, mesmo frente a tanta injustiça e corrupção em toda parte. Para nos considerarmos cidadãos de fato temos que ter consciência do que exatamente é ser um cidadão, a formação do conceito de cidadania e pertencimento a uma sociedade que, por sua vez, deve deixar bem claro o que espera de cada um dos seus.
Para entendermos um pouco mais do papel da ética na sociedade, precisamos compreender a origem do termo e sua aplicação. A ética existe muito antes de existirem as leis, antes da escrita e, mesmo bastante modificada, permeia a sociedade até hoje. Retornemos então épocas tão distantes que fica difícil até precisar sua data, quando o mundo era tomado por crenças e superstições em excesso, as tradições ditavam as regras e as leis ainda engatinhavam. A Babilônia de Hammurabi é um exemplo, com o primeiro código de conduta escrito que conhecemos, muito dessas crenças viraram leis e o comportamento dito “ético” foram parar no papel, ou melhor, na pedra.
O oriente tem grande relevância no desenvolvimento da sociedade, há mais de 2500 anos, principalmente na China, no Egito e em Israel, com notáveis como Lao-Tsé e Confúcio, que acreditavam em um mundo mais justo, igualitário e com uma sociedade mais amorosa. Com pouco deslocamento geográfico chegamos à Grécia, ao período helenístico e aos pensamentos de pensadores singulares como Sócrates, Platão e Pitágoras, que focavam seus estudos em entender o ser humano em sua essência, partindo do princípio de que antes de qualquer coisa, precisamos nos conhecer, entender nossas necessidades, virtude e defeitos para, só assim, sermos capazes de evoluir enquanto sociedade.
Deixando um pouco de lado o pensamento filosófico, entramos agora na visão cristã do tema, a relação da ética com o pecado e o domínio da igreja sobre as regras e costumes sociais. A influência do pensamento cristão sobre questões éticas é uma constante desde o surgimento dos dez mandamentos, que são tidos como os grandes princípios a serem seguidos pelo povo de Deus. Contudo, essa macrovisão foi dissuadida com o passar do tempo e o Novo Testamento trouxe um olhar mais próximo do que são consideradas as três grandes virtudes supremas: a fé, a esperança e o amor, sendo a última a mais importante delas.
A cosmovisão calvinista é o grande marco da reforma protestante, tendo no trabalho seu ponto chave. O trabalho dignifica o homem, mas desde que o trabalho seja digno. Trabalhar em condições miseráveis não dignifica ninguém, apenas contribui para o enriquecimento descabido de pessoas sem um pingo de ética para com as pessoas. Por isso, a ética calvinista se fundamenta em três pilares base: vocação, honestidade e economia. Partindo do princípio de que toda vocação é valiosa, devemos trabalhar e agir com honestidade, sem esbanjar e poupando o pouco que sobra, para uma vida sem ostentação, mas com riqueza de espírito.
Passamos agora para a modernidade, com o renascimento da cultura e das artes e a transição definitiva do pensamento medieval para o moderno. Galileu, Francis Bacon e René Descartes trazem o método científico indutivo e a nova filosofia moderna. Seguidos de Hobbes, Locke, Voltaire, Kant e Hegel, a filosofia moderna foi se aprimorando e criando diversas vertentes e ideais modernos sobre a ética. Mesmo que ainda sofra certa influência da filosofia platônica, como é o caso de Hegel, a filosofia moderna remonta um cenário mais coeso com a realidade moderna e as novas demandas da sociedade.
Em contraponto a muitos pensadores, Nietzsche defendia a dissolução dos valores morais, já que para ele, toda moralidade é um moralismo, um meio de o mais fraco oprimir o mais forte, em uma visão viciada pela mentalidade cristã. Propagador de uma transvalorização de valores, Nietzsche gera até hoje diversas teorias sobre suas obras, mas é senso comum a moralidade radical e a sobrevivência do mais apto.
Enfim
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