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A Filosofia

Por:   •  6/6/2015  •  Bibliografia  •  10.671 Palavras (43 Páginas)  •  199 Visualizações

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FICHAMENTO – PLATÃO

Platão e a República – Jayme Pavioni

A República investiga a verdadeira definição de justiça a partir da cidade. 7

O pensamento filosófico de Platão trabalha com os princípios da unidade e da multiplicidade, isto é, de um lado, com o mundo perfeito e inteligível das ideias ou formas imutáveis e objetivas da verdade como modelo – tanto das condutas dos indivíduos e da sociedade como da formação dos dirigentes políticos. 8

O objetivo central da República, segundo uns, é o conceito de justiça e, segundo outros (incluindo Aristóteles), o conceito de cidade ideal. Podemos acrescentar ainda um terceiro objetivo: o projeto de uma reforma educacional. 16

A moldura narrativa insere os enunciados em forma de discurso direto. 17

Estrutura da República:

A República está dividida em dez livros. O Livro I, segundo alguns estudiosos foi escrito antes da fundação da Academia, gira em torno da pergunta “O que é a justiça?” . 19

Nos Livros II e III, continua o debate sobre as definições de justiça, com Sócrates descrevendo a formação do Estado e a desagregação das primeiras formas de sociedade, essencialmente fundadas nas relações econômicas, onde reina a injustiça. A questão da justiça é examinada em relação à educação do grupo político-militar dirigente. 19

O Livro IV delineia a estrutura do Estado (polis). Platão estabelece uma relação estreita entre o cidadão e a cidade. Um reflete o outro. Ele examina a correspondência entre as funções da alma e os papéis sociais. A sociedade compreende três classes com funções próprias: classe dirigente de governantes ou políticos, outra, de militares ou guardiães e ainda uma produtiva, isto é, de agricultores, artesãos e comerciantes. Platão, com esse sistema, separa riqueza de poder político. 19-20

À classe do governo corresponde a virtude ou qualidade da sabedoria; aos guardiães ou militares, a coragem; e aos produtores, a moderação ou temperança. A justiça é harmoniosamente distribuída a todos. Essa organização social tem base na estrutura da alma individual, dividia em três partes ou funções motivacionais: a racional ou calculadora; a desejante ou concupiscente; e a intermediária entre essas duas (o thymos), que se emociona, que se indigna contra a injustiça, própria dos soldados. Alma justa, portanto, é aquela na qual as funções de comando e de obediência estão adequadamente distribuídas. 20

O Livro IV aprofunda a busca por uma resposta à pergunta “O que é justiça?”, que só será respondida nos Livros VIII e IX. 20

Nos Livros V, VI e VII, Platão descreve as formas de vida da classe dirigente e a natureza do governo. 20

O governo da cidade deve ser confiado ao rei-filósofo, cujas condições intelectuais e moreis dependem do exercício da dialética que conduz à intuição das essências e do bem, como ideal supremo. 20-21

A política passa a ter uma fundamentação ético-ontológica e epistemológica. 21

A questão da educação dos governantes, discutida nos Livros II e III, é retomada e aprofundada. 21

Nos Livros VIII e IX, Platão ilustra a decadência de diversos tipos de Constituições e analisa a melhor forma de governo entre a timocracia, a oligarquia, a democracia e a tirania. As relações entre a justiça e a felicidade individual e coletiva constituem o pano de fundo dessa reflexões. 21

O Livro X da República crítica e ineficácia educativa da poesia de Homero e das formas artísticas tradicionais, discutidas nos Livros II e III. E conclui com um dos grandes mitos sobre o destino da alma, sobre a felicidade e a infelicidade, a justiça e a injustiça, os prêmios e os castigos no além. 21

O projeto político de Platão pressupõe um sistema de educação fundado numa teoria da alma (antropologia) e numa concepção especial da natureza da filosofia e do papel do filósofo. 21

As definições de Justiça

Resumo do Livro I (327a- 354c)

O diálogo começa naturalmente, examinando a velhice e a riqueza em relação a uma vida feliz e uma moral correta. A riqueza por si mesma apesar de útil não torna o homem mais feliz. A conversa desloca-se para o verdadeiro argumento: fazer o que é justo é dizer a verdade e restituir o que se recebeu. 22

Polemarco apresenta algumas definições de justiça e de vida justa. 22

Primeira definição: fazer o que é justo significa das a cada um o que lhe é devido. Sócrates  mostra que tal definição é inútil. Polemarco: a justiça consiste em beneficiar os amigos realmente bons e prejudicar os inimigos que sejam homens maus. Para Sócrates, essa nova formulação é adequada ao homem justo, mas transforma os homens injustos em mais injustos – como médicos que tornam os doentes mais doentes. Para Sócrates jamais é justo prejudicar ou fazer mal a alguém. 22-23

Traspimaco interrompe o diálogo, que, a seu ver, é um “falatório inútil”. 23

Quer saber se a justiça é dever, utilidade, vantagem ou conveniência. Sócrates, responde que não sabe. Após alguma relutância, Trasímaco concorda em apresentar sua definição: a justiça é simplesmente o interesse do mais forte. O governante poderoso estabelece suas próprias leis. O justo, para os governados, consiste em obedecer a essas leis. Sócrates argumenta que os governantes podem cometer erros, ao propor leis que não atendam aos interesses da população. Trasímaco pondera que o governante não pode cometer erros, pois não se chama de matemático alguém que erra um cálculo. Sócrates alega que a função do governante não é servir a seus interesses, mas sim aos do povo. 23

O objetivo do governante é governante é governar zelar pelo bem comum. 23

Trasímaco defende a ideia de que a justiça é uma virtude apenas para os covardes e os ingênuos. As pessoas que levam vida justa, em geral, são ignorantes. Para os homens forte e inteligentes, a injustiça é mais vantajosa. 23

Sócrates ataca os argumentos de Trasímaco em três aspectos:

1) um médico ou um músico sabe mais seu ofício que os outros. Só quem pouco sabe da arte de tocar flauta procura ser melhor que um verdadeiro flautista. O injusto também quer superar seu semelhante. O justo não quer suplantar ninguém.

2) mesmo entre assassinos e ladrões deve existir uma certa justiça em suas relações, para que uns possam confiar nos outros. Em vista disso, não é possível afirmar que a injustiça é um fonte de força.

3) cada instrumento tem função própria. A da faca é cortar. A do homem é viver. Como a injustiça é fonte de discórdia, cabe à justiça ser virtuosa. Logo, o homem injusto não pode viver bem, viver feliz. 24

- O tema central da justiça está conectado ao problema da vida feliz e da função do governante. 24

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