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A IMPORTÂNCIA DA PRECISÃO DOS CONHECIMENTOS METODOLÓGICOS

Por:   •  23/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.540 Palavras (7 Páginas)  •  135 Visualizações

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A IMPORTÂNCIA DA PRECISÃO DOS CONHECIMENTOS METODOLÓGICOS NAS PESQUISAS CIÊNTÍFICAS.

INTRODUÇÃO

Tendo em vista a importância do domínio das técnicas de pesquisa na produção do conhecimento científico, este trabalho tem como objetivo, ao analisar um caso específico a respeito das pesquisas qualitativas no campo da educação, compreender a importância do domínio metodológico por parte dos sujeitos durante a execução de pesquisas científicas.

DESENVOLVIMENTO

Os desestabilizadores efeitos da reestruturação socioeconômica e o movimento crítico da virada do século XX culminaram na transformação das abordagens de produção de conhecimento científico. A teoria crítica, e a virada linguística foram cruciais na ascensão da subjetividade ao nível da objetividade em pesquisas científicas nas áreas humanas e sociais. Segundo Boaventura de S. S. “O processo histórico da crise final do paradigma da ciência moderna iniciou-se [...] pela crise da epistemologia.” No campo da Educação essa nova abordagem foi crucial na apreciação de elementos antes não mensurados por vias matemáticas.

Tal mudança traduz-se no aumento das pesquisas qualitativas na educação que surgem como forma de evitar o tecnicismo e o reducionismo lógico-formal e a inclusão da subjetividade. Porém a onda de subjetividade que, a princípio ampliaria o leque de perspectivas de tratamento do objeto, tem sido alvo de críticas quanto à falta de rigorosidade e apontadas como empobrecedoras na produção do conhecimento.

Moraes em “Recuo da teoria: dilemas na pesquisa em educação” aponta para um recuo da teoria em decorrência ao processo de incorporação da teoria crítica às ciências sociais e humanas como uma época cética e pragmática, de textos e interpretações, que não mais se aproximam da realidade, mas se constituem em simples relatos, presas nas injunções de uma cultura. A teoria, segundo Moraes, pode promover o ceticismo generalizado sobre as questões do conhecimento, da verdade e da justiça uma visão que os torna, ao fim e ao cabo, sem sentido e absurdos, trazendo como consequência a paralisia e uma boa dose de irracionalismo.

Porém o que mostra o artigo “Sobre a proximidade do senso comum das pesquisas qualitativas em educação: positividade ou simples decadência?” de Catia Piccolo Viero Devechi e Amarildo Luiz Trevisan é que a decadência e o empobrecimento da educação, já denunciado por diferentes autores da área, surgem “não em consequência das abordagens qualitativas em si mesmas, mas do seu emprego indevido ocasionado pela falta de domínio, por parte dos pesquisadores, dos pilares básicos que sustentam as pesquisas qualitativas”. O artigo aponta como solução a melhor compreensão dos aspectos técnicos e metodológicos de cada abordagem.

As pesquisas qualitativas surgem na educação como consequências das críticas às abordagens puramente quantitativas. Enquanto nas pesquisas quantitativas a finalidade da investigação consiste na busca por regularidades que podem aplicar-se à prática com o objetivo de melhorar sua eficácia, prestando pouca atenção aos estudos subjetivos ou interativos, as pesquisas qualitativas aparecem para dar conta do lado não perceptível e não captável apenas por equações.

Enquanto os positivistas defensores da objetividade e das abordagens puramente quantitativa buscam independência entre sujeito e objeto e neutralidade no processo de investigação, para os qualitativos, conhecedor e conhecido estão sempre em interação.

Vale lembrar que a dicotomia quantitativo/qualitativo e objetivo/subjetivo não são totalmente dissociadas e sim complementares. Portanto a pesquisa qualitativa não é contrária à pesquisa quantitativa, pois não se trata de posições antagônicas, mas diferentes e complementares. Cada abordagem possui sua vantagem, mas o que as tornam inadequadas são ou o seu uso ineficiente ocasionado por incompetência por parte do sujeito quanto ao domínio metodológico, ou a tendência ao reducionismo a apenas umas das abordagens, pois ambos são necessários na prática de pesquisas bem-sucedidas. O quantitativo, embora com intensidades diferentes, está presente em todas as abordagens qualitativas, e vice-versa.

Segunda Habermas a razão está na base da validade da linguagem e está presente na atividade comunicativa encaminhada ao entendimento. A linguagem por si própria detém o elemento fundamentador do conhecimento, a cognição. A subjetividade, portanto, dentro da linguagem, torna-se um importante elemento na ampliação dos horizontes e das perspectivas das diferentes abordagens. O próprio senso comum contribui, dentro de uma perspectiva da racionalidade comunicativa, com o desenvolvimento do conhecimento dentro dos diálogos, visto que o ser estudado está inserido no mesmo mundo ao qual nós também estamos inseridos, portando, também sofremos influências diretas do exterior.

Aceita a importância da subjetividade na produção do conhecimento cientifico, para melhor compreender os diferentes tipos de abordagens qualitativas deve-se entender a relação sujeito-objeto de cada abordagem assim como as concepções de mundo na qual se alicerçam seus fundamentos.

Dentre os tipos de abordagens qualitativas tratado no artigo de Devechi e Trevisan a diferença básica entre elas está na posição do sujeito e na compreensão do objeto lembrando que a alteração do eixo de gravidade do objeto em relação ao enfoque da pesquisa não pode de fato deixa-lo de lado ou abandona-lo completamente uma vez que ele é o elemento fundamental ao entendimento do mundo.

As diferentes abordagens qualitativas tratadas no artigo são: as fenomenológico-hermeneuticas na linha de Husserl, Heidegger e Gadamer; as crítico-dialéticas seguindo a linha marxista; e as hermenêutico-recontruitivista com base em Habermas, Apel e Honneth.

Na abordagem fenomenológica-hermenêutica o sujeito aparece como intérprete do objeto buscando compreende-lo a partir de um momento histórico em que o mesmo ocorre. O mundo é visto como inacabado e, por isso, o conhecimento é dinâmico e em processo de decodificação constantes. Os significados são apreendidos pelo sujeito; ele é quem tem a obrigação de compreender da melhor formar possível o objeto da investigação.

Na abordagem crítica-dialética o sujeito apresenta-se como elemento que se contrapõe ao objeto; as pesquisas tem caráter conflictivo e cabe

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