A Oração aos Moços
Por: karladilma • 1/6/2015 • Resenha • 2.574 Palavras (11 Páginas) • 761 Visualizações
Rui Barbosa é convidado para paraninfo dos bacharelandos da velha Faculdade de Direito do Largo de São Francisco no final do ano de 1920.Não pode estar na solenidade, por sérios problemas de saúde, mas redigiu um discurso aos formandos; Oração aos moços, que foi lido pelo professor Reinaldo Porchat em março de 1921, no templo do Ensino de Direito de São Paulo, assim considerado por Rui Barbosa. Desejava ele associar na celebração do nascimento de novos bacharéis, a comemoração de 50 anos consagrado ao Direito considerado por ele um sacerdócio. Porém era mais do que ele merecia, fez–se presente em palavras e sentimentos. Em um texto denso, de entrega e amor que transcende ao oficio profissional.
Mas, recusando−me o privilégio de um dia tão grande, ainda me consentiu o encanto de vos falar, de conversar convosco, presente entre vós em espírito; o que é, também, estar presente em verdade.
Rui Barbosa
Demonstra toda humilde em uma reflexão crítica das suas vivências, compartilha para sinalizar um caminho, de maneira serena que só a maturidade traz. Presenteia Rui Barbosa os iniciantes advogados.
A importância e compromisso do advogado!
Oração aos Moços
Impressiona, desdo início todo o cuidado em justificar sua ausência na cerimônia em razão da frágil saúde. E de forma brilhante afirmar estar presente em alma e coração. Reconhece os momentos distintos entre ele e os formandos; constata os serviços prestados desde os bancos acadêmicos e contribuições a pátria. Faz referência ao herói grego Ulisses* ao declarar não ser tão vitoriosa sua vida política quanto à jurídica. Prega que o silêncio pode se tornar uma injustiça e o crescimento do mau, para tanto os bons precisão se revoltar e manifestar-se, a cólera justificável pelo que é justo. Na busca pela retórica afim de impactar, conselhos de pai para filho, testemunhos de uma carreia pautada pela ética e honradez. Missão, essa é sem dúvidas, uma das ideias que Rui Barbosa tentar passar, com energia, delicadeza em favor de enriquecer e exaltar a carreira que dedicou sua vida. No decorrer deste discurso a definição de igualdade aceita predominantemente.
A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O mais são desvarios da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real.
Rui Barbosa
Neste discurso, o autor orientar com muita sabedoria, derretendo-se em conselhos e ensinamentos: Trabalhar, trabalhar e permanecer estudantes, determinação, disciplina, ler e pensar. Ler é comum, raro é refletir, saber não é absorver conhecimento e sim o que se gera mediante a transmutação dessa assimilação.
Ora, senhores bacharelandos, pesai bem que vos ides consagrar à lei, num país onde a lei absolutamente não exprime o consentimento da maioria, onde são as minorias, as oligarquias mais acanhadas, mais impopulares e menos respeitáveis, as que põem, e dispõem, as que mandam, e desmandam em tudo; a saber: num país, onde, verdadeiramente, não há lei, não o há, moral, política ou juridicamente falando.
Rui Barbosa
Valores, posturas, princípios, Oração aos Moços, mostra-se ainda mais atual quando abordou a ética e a manifestou-se pela justa aplicação da lei lembrando que
Magistrados futuros, não vos deixeis contagiar de contágio, tão maligno. Não negueis jamais ao Erário, à Administração, à União os seus direitos. São tão invioláveis, como quaisquer outros. Mas o direito dos mais miseráveis dos homens, o direito do mendigo, do escravo, do criminoso, não é menos sagrado, perante a justiça, que o do mais alto dos poderes. Antes, com os mais miseráveis é que a justiça deve ser mais atenta, e redobrar de escrúpulo; porque são os mais mal defendidos, os que suscitam menos interesse, e os contra cujo direito conspiram a inferioridade na condição com a míngua nos recursos.
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