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Agronegócio como Causa da Destruição da Biodiversidade na Floresta Amazônica Brasileira

Por:   •  10/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.034 Palavras (9 Páginas)  •  385 Visualizações

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Agronegócio como causa da destruição da biodiversidade no Brasil

Heraldo Augusto Souza Cerqueira de Aragão¹

¹ Graduando do 1º Semestre do Curso de Direito – Faculdade Regional de Alagoinhas – UNIRB, 2016

Resumo

O agronegócio avança a passos galopantes sobre a Floresta Amazônica. Estima-se que 75% das áreas desmatadas são devido à pecuária e à produção de soja[1] que, devido à alta demanda por terras, segue destruindo a fauna e a flora de modo a abrir novos campos e pastos. As políticas públicas de proteção ambiental são ineficientes ou negligentes no seu trabalho. A mídia invisibiliza ou antagoniza os ativistas, indígenas e ribeirinhos que protestam contra a mercantilização do patrimônio natural. Baseado em artigos acadêmicos e publicações da mídia local e internacional, este trabalho tem por objetivo discutir os motivos pelos quais o agronegócio continua destruir nossa biodiversidade desenfreadamente e quais medidas seriam necessárias para proteger nossos patrimônios naturais frente à selvageria do mercado de grãos e carne.

Palavras-chave: Desmatamento. Política Ambiental. Mídia.

Introdução

A soja é cultivada há milhares de anos na Ásia, mas foi no ultimo século que ela sofreu uma tremenda expansão. Nos últimos 50 anos, a produção de soja cresceu de 27 para 269 milhões de toneladas. Hoje o cultivo de soja ocupa uma área de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados. A América do Sul é a região onde esse crescimento foi mais acentuado, apresentando um aumento de produção de 123% entre 1996 e 2004. A tendência é que essa realidade se acentue, sendo que a ONU prevê que, até 2050, a produção de soja irá dobrar.[2]

A monocultura da soja é um processo destrutivo: a cada ciclo de cultivo e extração, adubos e agrotóxicos cada vez mais fortes são utilizados para acelerar o crescimento, afastar pragas e tornar o solo novamente produtivo após as colheitas. O aumento da demanda do mercado internacional e a morte de campos superexplorados levam aos agricultores a buscarem maneiras de abrir novos campos a qualquer custo, seja desmatando florestas ou expulsando e assassinando povos indígenas.

No Brasil, o grosso da produção de soja e consequentemente do desmatamento, encontra-se no cerrado do Centro-Oeste do país, em área que abrange desde a quase inexistente Floresta Amazônica à boa porcentagem do Pantanal Mato-grossense. O Cerrado já perdeu cerca de metade de sua vegetação natural desde a década de 1950.[3]

Em meio a retração generalizada da economia, o agronegócio segue um caminho totalmente oposto. Com injeção pesada de tecnologia, câmbio favorável e campo livre para exploração da terra sem fiscalização eficiente, o setor assumiu o protagonismo da balança econômica nacional e deve ultrapassar a barreira das 100 milhões de toneladas exportadas de soja em 2016.[4]

A projeção é que o Brasil consiga superar os Estados Unidos e assuma a liderança no mercado mundial de soja já no ano de 2017. Com faturamento total de 88 bilhões de dólares e responsável por 46% do total de exportações do país, o agronegócio apresenta números impressionantes e poderia ser motivo de orgulho para o país se o custo socioambiental não fosse tão absurdo.[5]

Pesquisas indicam que a pecuária e a produção de soja são responsáveis por 75% das terras desmatadas da Floresta Amazônica, sendo que em âmbito global, entre 36 e 65% do desmatamento é feito de forma ilegal. As principais empresas envolvidas neste negócio são muito poderosas, listadas em bolsas de valores com centenas de milhões de dólares e uma equipe imensa de advogados contratados para mascarar a ilicitudes de seus negócios.[6]

O preço que pagamos pelo enriquecimento exponencial destes magnatas do agronegócio é estupidamente alto: o desmatamento da nossa flora já vem causando uma grande alteração climática no planeta, destruição das nascentes e consequentes desaparecimentos de rios, lagos e boa parte de nossos recursos hídricos, extinção de cada vez mais espécies de animais, extensa diminuição das reservas de carbono, que contribui para o fortalecimento do Efeito Estufa e genocídio das mais diversas populações indígenas que ainda resistem a essa ofensiva de caráter internacional contra suas terras.

Um dos casos mais notórios foi a resistência dos índios Guarani-Kaiowa pela manutenção de suas terras tradicionais contra  as as investidas do agronegócio que só foi alcançar a atenção da mídia após 10 anos, com a publicação de uma carta ao Governo Federal anunciando o suicídio coletivo de 4.000 indígenas após ordem de despejo emitida pela Justiça Federal do Tribunal Regional de São Paulo-SP, alegando que a Justiça Brasileira iria matar todos os Guaranis e Kaiowas.

Metodologia

        Foi realizada uma extensa pesquisa, utilizando ferramentas de busca de artigos e revistas acadêmicas, além de matérias publicadas nos principais veículos de mídia, impressas e audiovisuais. Grande parte da pesquisa foi realizada nas edições da revista acadêmica online Acta Amazonica. Boa parte dos dados sobre o desmatamento foi retirado dos relatórios bianuais da WWF (Fundo Mundial para a Natureza, em inglês).

Resultados e Discussão

É evidente que todo esse crescimento desenfreado do desmatamento só é possível com todo um aparato político-midiático que drible e conforme nossa frágil legislação ambiental ao mesmo tempo que se invisibiliza as atrocidades e consequências do processo, escondendo da população a realidade por trás de todos aqueles números.

Prova disso foi a nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura (2015-2016), conhecida como “Miss Desmatamento” por ativistas, devido a seu extenso envolvimento político no fortalecimento do agronegócio em detrimento dos recursos naturais e populações indígenas.

Posteriormente foi nomeado o “rei da Soja” Blairo Maggi (2016-), o maior produtor de soja do mundo e, como governador do estado de Mato Grosso, contribuiu ativamente para o desmatamento de boa parte do Cerrado e o “desaparecimento” de dezenas de tribos indígenas nativas.

A política de favorecimento ao agronegócio tem sido particularmente perversa. Depois de ocupar boa parte do cerrado, a monocultura de soja hoje se expande para a Amazônia, ocupando o Norte do Mato Grosso e o eixo da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém. Essa ultima cidade abriga um enorme terminal portuário da Cargil para escoar a produção de soja do Centro-Oeste para a China. Isso significa que é questão de tempo até a soja começar a ser produzida na floresta amazônica.

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