Antropologia
Por: JamilisGrasse • 7/5/2015 • Projeto de pesquisa • 440 Palavras (2 Páginas) • 197 Visualizações
O funk carioca nasceu nas favelas do Rio de Janeiro e tornou-se um dos maiores fenômenos de massa do Brasil.
Em grande parte das letras, o que ouvimos é um linguajar obsceno, vulgar e que muitas vezes faz apologia às drogas e à violência, enquanto a bossa nova canta sobre a mulher de Ipanema que passeia pela praia. Isso pode ser explicado pelo fato de o funk foi fruto de comunidades pobres, em sua maioria negras, que não tinham outro meio de expressar tudo aquilo que acontecia a sua volta e tudo aquilo que o governo parecia ignorar.
Se você nasceu numa classe privilegiada, logo, você usufrui da ideia de privacidade, educação e saúde de qualidade, lazer e dignidade. Já nas periferias, o nível de pobreza é alto, as moradias são impróprias, sem o mínimo necessário para uma vida de qualidade. Grande parte da realidade nas favelas e morros brasileiros é a falta de assistência por parte do governo. Não há investimento em educação, em saúde pública, em lazer e atrações culturais em geral.
Portanto, o que o funk carioca faz é nada mais do que mostrar a situação precária que essa enorme parcela do Brasil se encontra. O funk, nesse cenário, passa a exercer a função de porta voz das comunidades esquecidas pelos governantes.
Ademais, o funk passa a ocupar o espaço vazio deixado pelo Estado, preenchendo a falta de diversão que está presente nas classes privilegiadas do Brasil. Ao mesmo tempo, funciona como uma válvula de escape para os diversos problemas enfrentados no cotidiano de quem convive diariamente com a violência e a miséria. Por ser um estilo musical de baixo custo de produção comparado aos demais, o funk se torna uma opção economicamente viável, de fácil acesso, tanto para quem o produz quanto para quem ouve.
Nos baile funk, as pessoas se identificam. A condição de vida em que se encontram é quase sempre a mesma, assim como a indumentária, o vocabulário e o grau de instrução. Nesse contexto, o funk passa a ser a forma de expressão cultural local, onde adeptos de um mesmo estilo de vida se sentem à vontade. Enquanto, as pessoas de um universo social diferente, os olhariam com estranheza, com um olhar etnocentrista, fazendo com que o funk se torne uma representação das diferenças entre as classes sociais e o preconceito que estão presentes frequentemente na sociedade brasileira.
Ainda que revoltante, essa situação se tornou comum, e as pessoas das classes mais baixas do Brasil acomodadas visto invés de reivindicarem por melhorias, essas pessoas se adaptaram a esse abandono e usaram o funk como um remédio que alivia o problema mas que em hipótese alguma o soluciona.
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