Antropologia
Por: LeAntonialli • 14/9/2015 • Trabalho acadêmico • 664 Palavras (3 Páginas) • 292 Visualizações
Luc Ferry é conhecido por defender uma filosofia baseada na razão, afastada de qualquer forma de religiosidade, o que classifica como humanismo secular. Segundo ele, vivemos um momento histórico, o segundo humanismo, que se afasta daquele do iluminismo e tem como principal predicado o amor, não o amor a um Deus, a uma pátria ou a uma grande causa, mas o amor que cerca nossas relações cotidianas. Para ele, é exatamente esse novo amor que dá sentido à nossa existência, o amor aos próximos, e aqui o próximo não tem um sentido cristão que sugere um amor incondicional a qualquer outra pessoa.
No texto, o autor nos apresenta a uma nova noção de sagrado que, segundo ele, não está no sentido religioso, mas sim em seu sentido ideológico e filosófico. Antigamente, as pessoas se sacrificavam pela revolução, pela pátria ou até por Deus, a substituição dos ideais políticos ou religiosos pela vida amorosa de pessoas comuns culmina num dos pontos principais do texto, que é a sacralização do amor, pois o amor passou a ser o pedestal mais importante dos valores que guiam a contemporaneidade, o centro das preocupações dos cidadãos comuns.
Um primeiro ponto importante para compreender a argumentação de Ferry é entender como ele situa o processo da desconstrução das tradições e dos valores que as seguiam, sendo que o início dessa desconstrução pode ser remetido à filosofia nietzschiana que ele classifica como a filosofia do "martelo", responsável pela destituição de ídolos e dos valores judaico-cristão.
De acordo com o escritor, a mudança mais notável que se pode ter hoje é o casamento por amor, antes o casamento se dava por conveniência, ocorria por interesses econômicos e exercia esta função social. Hoje em dia, a maior parte dos casamentos é uma escolha marcada pela paixão, pois antes, o casamento norteado pelo sentimento era muito mal visto pela sociedade.
Aqui encontramos a chave principal do texto, "A revolução do amor": esse amor ao homem, ou o que Ferry denomina de sacralização do Homem, a nova face do sagrado e é exatamente esse novo sagrado que funda o que ele classifica como segundo humanismo. Luc Ferry insiste no segundo humanismo, porque considera que o primeiro humanismo, o das Luzes, esteve centrado no cidadão, no homem jurídico de direito, que exerce uma relação, no caso da democracia, de súdito e soberano ao mesmo tempo, ao passo que esse segundo humanismo considera as paixões dos indivíduos, mas isso não significa o fim dos direitos. O autor defende que esse “amor-paixão” é um acréscimo, que aos poucos vai ganhando maior importância, pois não está mais em jogo o humanismo da razão e dos direitos, mas um humanismo tomado pelas emoções e, sobretudo, pela afetividade nas relações de parentesco e de amizade. Esse humanismo, segundo ele, rompe com uma tradição metafísica, baseada em transcendências, e se firma na imanência do mundo ou, o que o autor toma emprestado de Husserl, a “transcendência da imanência”. O autor se refere ao amor às pessoas que nos são próximas, e não ao amor como abstração. Já o primeiro humanismo tinha como base a secularização da moral cristã, no entanto, seus efeitos se limitavam a direitos formais, ou seja, estava enredada no interior do que foi instituído como Estado-nação.
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