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COMPORTAMENTO CULTURAL ACERCA DA QUESTÃO DA DIFERENÇA DE GÊNEROS E A VIOLÊNCIA SOFRIDA PELAS MULHERES

Por:   •  20/2/2016  •  Artigo  •  3.554 Palavras (15 Páginas)  •  404 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS PROFESSOR MILTON SANTOS

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM HUMANIDADES

CLARISSA SOUZA FEITOSA

COMPORTAMENTO CULTURAL ACERCA DA QUESTÃO DA DIFERENÇA DE GÊNEROS E A VIOLÊNCIA SOFRIDA PELAS MULHERES

SALVADOR

2015


A busca por privilégio, poder e controle ultrapassa a barreira do tempo e se encontra em todos os âmbitos de qualquer sociedade. Quando se trata do espaço doméstico, essa busca parte, principalmente, dos homens. Durante toda a história da família monogâmica, o homem foi o centro do poder. Responsáveis pela produção, questões financeiras e do sustento da família, o sexo masculino, dentro da casa, detinha de todo o poder sobre o feminino e isso se refletia no espaço externo ao lar. A mulher, no seu papel de submissa, tinha como função conceber herdeiros e cuidar dos trabalhos domésticos. Desde a época grega, perpassando pela fase média, época napoleônica, durante o período heroico da Grécia e até no final do século XIX e início do século XX, o homem tinha o predomínio absoluto sobre as mulheres.

Segundo Engels, na obra “A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884)”, as mulheres sempre tiveram a obrigação de serem fiéis, tolerantes e desde a época grega, tinham como função conceber herdeiros, governar a casa e vigiar as escravas que, por ventura, eram amantes dos seus maridos. Os homens, por sua vez, tinham o direito irrestrito de ser infiel e de satisfazer sua libido, eram aqueles que cuidavam da produção, das questões financeiras e do sustento da casa. A autora Margaret Mead em “Sexo e temperamento (1979)”, nos diz que essas atribuições de atividades destinadas a cada sexo, é determinada culturalmente. São criações culturais às quais cada geração é treinada a conforma-se.

Esse estado de subordinação permitiu o exercício do poder por completo dos homens sobre as mulheres. Nesse momento, a violência contra a mulher surge da maneira mais silenciosa e natural possível. O espaço doméstico, considerado como um lugar de privacidade absoluta, “escondido” da sociedade, do trabalho e até da política, transmite a ideia de que esse espaço não é de interesse público e se torna extremamente pessoal. A violência contra a mulher se torna, então, uma atitude praticamente institucionalizada. Esta violência encontra-se em todas as classes, culturas, países e está atrelada a essa desigualdade de poder entre os gêneros que é histórica e é, por este motivo, que se tem uma dificuldade muito grande no combate a esse tipo de atitude, já que há uma barreira de milhões de anos que dificilmente será destruída em alguns poucos séculos.

É importante frisar que essa violência dita neste relatório, não se trata somente da física, do uso da força, mas também da violência psicológica, moral e sexual. Um grande problema no combate a violência contra a mulher, está na vítima entender que só deve procurar ajuda quando o agressor usa a força para provocar alguma lesão sobre ela. Antes disso, todos os maus tratos, humilhações às quais ela passou, são maneiras usadas para resolver problemas familiares e que é de interesse exclusivamente privado.

Ao se tratar da relação de poder entre o homem e a mulher e o quão importante é o trabalho do feminismo nessa relação, surge o termo gênero. Esse termo passou a ser muito usado pelo movimento feminista como uma maneira de referência à organização social da relação entre os sexos. Tratar da relação de gênero é compreender que essa definição teoriza a questão da diferença sexual, questionando os papéis destinados às mulheres e aos homens na sociedade. A historiadora e feminista Joan Scott em “Gênero: uma categoria de análise histórica (1990)”, indica que as condições das mulheres não está determinada pela natureza, pela biologia ou pelo sexo, mas é resultante de tudo o que constitui as relações sociais. Ela afirma que a incorporação do gênero como categoria, abre caminho para a compreensão das desigualdades persistentes entre homens e mulheres, considerando também classe e raça em sua redefinição.

Segundo Scott, o feminismo configura as condições que são definidas com as diferenças de fatores e funções para cada sexo; como os significados de homem e mulher variam de acordo com o tempo e o lugar; como as normas reguladoras do comportamento sexual foram criadas e reforçadas; como emissão de poder e comportamento atravessam questões de masculinidade e feminilidade; como efeitos de estrutura simbólica afetam a vida social.

O gênero é a organização social da diferença sexual. Ele não reflete a realidade biológica primeira, mas ele constrói o sentido dessa realidade. A diferença sexual não é a causa originária da qual a organização social poderia derivar; ela é antes, uma estrutura social móvel que deve ser analisada nos seus diferentes contextos históricos (Scott, 1998). O homem para se encaixar na sociedade tem o dever de ser agressivo, de exigir subordinação, domínio, poder, não pode demonstrar fraqueza, emoções, é um ser competitivo, frio, calculista e são essas formas de pensamento e ações, que fazem parte da construção das identidades do sujeito.

Enquanto isso, as mulheres são vistas como corpos sensíveis, sedutoras, frágeis, submissas, medrosas, e são educadas para permanecer assim, criando também uma identidade para o gênero. A opressão identificada no período da família monogâmica por Engels (1884), está instaurada até hoje, onde o sexo masculino tem sob suas vontades a mulher, os filhos e os escravos. O autor afirma que, a família moderna é fundamentada na escravidão franca ou dissimulada da mulher.

A luta da classe feminina começa a ganhar voz quando, nas conquistas da revolução francesa, que tinha como lema “igualdade, liberdade e fraternidade”, as mulheres que participaram do processo revolucionário, se veem excluída das conquistas politicas, já que acreditavam que os direitos sociais e políticos adquiridos a partir das revoluções deveriam se estender a elas enquanto cidadãs. E, neste momento, as mulheres trabalhadoras romperam o silêncio e passaram suas reivindicações para a esfera pública, quando se inicia o movimento feminista. Na revolução industrial ecoa-se novamente a voz das mulheres, quando assumem os postos de trabalho e são exploradas já que assumem uma tripla jornada de trabalho.

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