Como Luhmann supera a distinção clássica entre sujeito e objeto sem apelar para uma correlação absoluta, a partir do conceito de observador?
Por: Igor Vilela da Silva • 18/11/2018 • Artigo • 772 Palavras (4 Páginas) • 228 Visualizações
Como Luhmann supera a distinção clássica entre sujeito e
objeto sem apelar para uma correlação absoluta, a partir
do conceito de observador?
“Em primeiro lugar, ao observar os sistemas físicos, químicos,
orgânicos, psíquicos e sociais, o observador já está previamente
condicionado por eles. Ele próprio faz parte do mundo que observa;
isto é, necessita operar fisicamente, organicamente, dispor de preceitos
de cognição, participar da ciência, da sociedade, comunicar-se segundo
as restrições impostas pelos meios de comunicação (revistas,
jornais...). Não existe, portanto, uma diferença constitutiva a partir da
referência geral do sistema entre sujeito e objeto, já que os dois
participam de uma base comum operativa já determinada.
Consequentemente, a diferença entre objeto e observador não constitui
uma diferença introduzida simplesmente pelo observador particular,
que é, assim, visto sob um ângulo distinto: o próprio mundo já aparece
diferenciado a partir do momento em que distingue entre observadores
e o observado”. (2010, p. 75-6)
A Teoria dos Sistemas desenvolvida por Luhmann, combatia o
antropocentrismo característicos das ciências sociais existentes na sua
época, que tendiam a desconsiderar os acontecimentos que não
estivessem sendo rigidamente guiados pelo homem, como se os seres
humanos fossem aquilo de mais importante em todo o Universo. Além
disso, tais ciências tendiam a afastar o homem da sociedade para
analisá-lo, o homem era estudado isoladamente e não como integrante
de um todo, elas buscavam sua mera descrição, tal qual faziam com
quaisquer outros objetos. Tal fato não faz muito sentido, um objeto
25/09/2018 Como Luhmann supera a distinção clássica entre sujeito e objeto sem apelar para uma correlação absoluta, a partir do conceito d…
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para ser bem compreendido precisa estar encaixado em seu contexto, e
o contexto dos seres humanos é precisamente a sociedade, que os
molda e é moldada por eles.
A distinção clássica entre sujeito e objeto é rompida por Luhmann
quando ele afirma que o observador não é um sujeito localizado fora do
mundo dos fatos, não é distinto dos objetos que observa, ao contrário,
ele também é um objeto, dessa maneira o observador está dentro do
contexto que ele procura observar e descrever. O homem está na
sociedade e deve ser analisado juntamente com ela. Luhmann não
queria distanciar o homem do estudo dos sistemas, mas queria evitar o
equívoco de afirmar que tudo se reduz ao humano. O homem depende
dos sistemas assim como os sistemas dependem dele, ele não é
hierarquicamente superior ou independente das outras estruturas.
Luhmann objetivava respeitar a complexidade existente no mundo
natural, ao invés de fazer abstrações simplistas e que se mostrassem
incapazes de responder seus questionamentos. Ele queria ser capaz de
responder perguntas como: o que forma a essência de um sistema,
como os sistemas se relacionam e como discernir um sistema do outro.
Para conceituar o termo “observador”, Luhmann aponta a diferença
entre observar algo e a observação propriamente dita. Observar é a
operação, enquanto observador é um sistema que usa as operações de
observação de maneira recursiva, como sequências para obter uma
distinção em relação ao meio. Para que um observador possa observar
as operações, ele próprio precisa ser uma operação.
Na realidade,
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