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INDIGNAÇÃO: A MOLA PROPULSORA DA RESISTÊNCIA

Por:   •  10/2/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.601 Palavras (7 Páginas)  •  283 Visualizações

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INDIGNAÇÃO: A MOLA PROPULSORA DA RESISTÊNCIA

CAMPINA GRANDE, 31 DE JANEIRO DE 2017


MARIZETE JOSÉ DE MARIA

NATÁLIA GABRIEL

QUEZIA FIDELES FERREIRA

INDIGNAÇÃO: A MOLA PROPULSORA DA RESISTÊNCIA

        

Resenha crítica apresentada ao Professor Ricardo dos Santos Bezerra como parte dos requisitos para a aprovação no Componente Curricular Direito Internacional Privado, ofertado no turno da noite, no período letivo 2016.2, no curso de Direito oferecida pela Universidade Estadual da Paraíba.

CAMPINA GRANDE, 31 DE JANEIRO DE 2017


RESENHA

INDIGNAÇÃO: A MOLA PROPULSORA DA RESISTÊNCIA

Esperar, não como sinônimo de acomodação, mas como verbo antagônico a exasperar. É assim que se inicia o ensaio “Indignai-vos”, de Stéphane Hessel. Em poucas laudas, o grande pensador alemão nos convida a exercer o direito da indignação. E é com essa ideia que o pequeno, porém poderoso livro conseguiu vender milhões de exemplares ao redor do planeta.

Para Hessel a indignação é o caminho que conduz a esperança. A indignação tem o poder de nos tornar militantes, unidos, de abandonar a indiferença.

Nesse contexto, o grande pensador considera que a exasperação é o caminho para a fúria, o descontrole que acaba por fomentar o terrorismo, em quanto que a indignação leva ao trabalho, a dedicação, conduzindo a esperança.

Conservando o espirito que o ajudou a redigir a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Hessel consegue manter-se fiel aos princípios que fundamentaram a redação daquele texto e rememora o engajamento ocorrido nos anos de 1940, na França, diante da presença do nazismo e da necessidade de resistência a dominação alemã.

Hessel defende a ideia de que a indignação é mais facilmente desperta diante de inimigos poderosos, motivo pelo qual, na atualidade eles são mais difíceis de identificar, posto a utilização de disfarces mais elaborados, o que acaba por conduzir os jovens pelo caminho da indiferença, voltados para dentro de si mesmos. Aqueles que ousam se indignar são taxados de loucos.

Para ele, o fenômeno da globalização, apesar de ter reduzido o mundo a uma sala, não eliminou as atrocidades e é necessário termos olhares mais atentos para que possamos enxergar. O inimigo se mistura nas novas tecnologias, mudando de face, de forma veloz e ágil.

Próximo a completar um século de vida e conservando o vigor da juventude, Hessel relembra os anos de luta e resistência, de engajamento politico que o levou ao Conselho Nacional da Resistência, onde foi organizado um programa propondo para a França libertada um conjunto de princípios e de valores sobre os quais se apoiaria a moderna democracia daquele país.

Ele alerta que para a manutenção das conquistas tão arduamente adquiridas, necessário se faz uma vigilância constante, para que valores e princípios não sejam perdidos. Observa aqui a situação dos imigrantes, das reformas que buscam modificar a Previdência Social e a mídia concentrada nas mãos dos poderosos. Ressalta que todas essas conquistas nasceram no seio do Conselho de Resistência, expressamente previstas em seu programa, que veiculava que o interesse geral deve sobrepujar o particular.

O livro de Hessel é sem duvida um manifesto que se enquadra a qualquer sociedade.

Hessel apoia suas ideias na capacidade de indignação, que bem o coloca como um propulsor para que se saia do ostracismo da indiferença rumo à esperança.

Veja que para demonstrar essa necessidade de indignação ele rememora todo o contexto de seu engajamento politico, bem como as conquistas decorrentes da indignação da sociedade francesa diante da invasão nazista.

Mesmo fora do contexto da realidade francesa vemos que os questionamentos e os problemas apontados por Hessel, são perfeitamente enquadrados na realidade brasileira atual, com a ameaça a direitos arduamente conquistados, a concentração da imprensa nas mãos dos ricos e a ameaça à previdência social, bem como a proliferação de ideias com amplo conteúdo preconceituoso, sexista e racista.

Para Hessel, o poder do dinheiro, nunca foi tão grande, insolente e egoísta para com seus próprios servidores, até mesmo nas mais altas esferas do Estado. A distância entre os mais pobres e os mais ricos nunca foi tão grande, a competição nunca foi tão incentivada. Realmente, o que as pessoas não fazem por dinheiro hoje em dia? Destroem amizades, procuram obter vantagens indevidas, comprometem sua própria moral. Chegamos à era da idolatria do “ter” e não do “ser”, eis o real motivo de tanto desrespeito aos direitos fundamentais e humanitários.

Os responsáveis políticos e econômicos, intelectuais e a sociedade toda não devem se omitir nem se deixar impressionar pela atual ditadura internacional dos mercados financeiros, que ameaça a paz e a democracia. Entretanto, o que vemos é a mídia desempenhando um papel manipulador sobre as massas, influenciando em pesquisas eleitorais, na questão dos imigrantes ilegais, guerras religiosas e petrolíferas.

Em sua obra, ele pontua que cada um de nós devemos ter um motivo de indignação. Desse modo, quando não estamos satisfeitos com algo, temos que procurar uma forma de melhorar/solucionar a questão. Entretanto, o autor não ofereceu sugestões de como interferir na realidade do nosso dia-a-dia. Assim, apontou problemas, mas não revelou as soluções.

Quando o autor propõe que devemos ajudar as pessoas que ainda não são beneficiadas pelos direitos previstos na Declaração Universal, este pensamento se aproxima do proposto pelo jurista Rudolf VonIhering, em sua obra A Luta pelo Direito. Nela, Ihering revela que só na luta os cidadãos encontrarão o direito, pois o direito não é apenas uma teoria pura, mas uma força viva. Assim, precisamos lutar para que aquilo que está no papel se concretize.

Hessel tentou idealizar um Estado perfeito, onde a responsabilidade do sucesso ou insucesso da humanidade recai apenas no indivíduo, em cada ser humano. Entretanto, o Estado Democrático, conforme previsto na Constituição, não é efetivamente exercido por todos, mas sim pela camada dominante da população.

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