MORAL E ÉTICA – DIMENSÕES INTELECTUAIS E AFETIVAS – YVES DE LA TAILLE (2006, 150 p.)
Por: Matheus Kazuo • 5/5/2020 • Trabalho acadêmico • 1.359 Palavras (6 Páginas) • 428 Visualizações
Matheus Kazuo Hirata Murakami
RA: 7837096
Turma: 003209A02
RESENHA CRÍTICA
MORAL E ÉTICA – DIMENSÕES INTELECTUAIS E AFETIVAS – YVES DE LA TAILLE (2006, 150 p.)
O presente trabalho é uma resenha crítica do capítulo I (página 49 a 69) do livro Moral e Ética – Dimensões intelectuais e afetivas, por Yves de La Taille.
O livro traz reflexões sobre a psicologia moral, que é um estudo sobre a compreensão e previsão do comportamento humano. A obra tem alta relevância, pois a ética e a moral são importantes para que as pessoas alcancem a felicidade de acordo com ações morais.
O tema é abordado no campo psicológico, já que o Autor é professor no instituto de psicologia da USP. Encontrei muita dificuldade em compreender o tema, pois sou leigo no assunto e tive que buscar muitas informações em livros e sites, todavia, a obra é bem organizada.
Em síntese, a moral foi relacionada com a indagação: “como devo agir?”; e a ética com a pergunta: “que vida eu quero viver?”. Vale dizer que outros autores são adeptos a essa linha de raciocínio, por exemplo, o Comte-Sponville e Bernard Williams.
Outros conceitos sobre este tema foram citados, como a relação da moral com o espaço privado (comportamento familiar) e a ética com as relações públicas. Essa definição diferencia o espaço privado do público, mas alguns conteúdos não mudam, por exemplo: não matar ou não roubar.
Platão propõe que a ética é transcendente, pois não é uma realidade empírica do mundo. Este filosofo cita a ideia perfeita que é utilizada para que o homem consiga os princípios éticos para governar o mundo social.
Kant aduzia sobre a ética universal e que as pessoas agem de uma maneira universal, independente da cultura. Assim, a razão é quem guia as ações do homem. Alguns estudiosos dizem que Kant foi influenciado pela época em que viveu (século XVIII – Século das luzes).
Jeremy Bentaham, Stuart Mill e David Hume surgiram como reação direta aos Jusnaturalistas (razão humana é capaz de deduzir os princípios de toda conduta humana). Para eles a lei não é universal, pois a lei vai considerar o que é útil ao homem e útil é aquilo que traz satisfação.
Voltando ao conceito elaborado por Yves, a moral são os deveres (que gera um sentimento de obrigatoriedade) e a ética a felicidade (expansão de si próprio). Neste sentido, não é só porque a pessoa está cumprindo um dever que não vai ter a felicidade, pois ao realizar um ato moral acaba gerando a felicidade alheia e a consequente felicidade individual.
Para Comte-Sponville (Comte-Sponville e Ferry, 1998) e Paul Ricoeur (1990) a moral está dentro da ética e Yves vai segue o mesmo raciocínio, pois para ele o plano ético engloba o plano moral. Paul cita que a ética serve para resolver determinadas situações difíceis (ex. mudar a direção do trem para matar um familiar ou continuar com a mesma direção e matar 5 pessoas).
Por outro lado, Kant afirmava que a felicidade ética é aquela que respeita a moral e chamava isso de “merecimento da felicidade”. Assim, a moral seria exterior a ética.
Ademais, é alegado na sua obra que “somente sente-se obrigado a seguir determinados deveres quem os concebe como expressão do valor próprio eu”, o que gera uma grande problemática, pois há de se entender que as pessoas agem moralmente com a intenção de buscar o valor a si mesmo, ou seja, realizam alguns atos com um interesse pessoal.
Segundo Piaget, há dois sentidos para a palavra interesse, o primeiro tem relação ao sentido "interessante" (motivação) e o segundo como "interessado", no sentido do egoísmo.
Desta forma, é preciso analisar os valores de cada pessoa. Para Pascal (1670/1972) o amor moralmente condenável é aquele que não ama a Deus dentro de si. Yves contesta a tese pascaliana, reconhecendo que as ações das pessoas têm o amor próprio que precisa ser trabalhado para que não tenha a imoralidade.
Neste sentido, o interesse que a obra utiliza é o primeiro (interessante), pois demonstra a motivação e não está relacionado ao egoísmo. Desta forma, os indivíduos possuem o "amor de si", que é um caminho para moralidade.
Yves afirma que dever e querer não são opostos, pois o cumprimento do dever acaba sendo um querer do indivíduo, sendo assim “quereres” diferentes. Não sigo essa linha de raciocínio, pois como é citado no livro, o dever acaba sendo a uma restrição da liberdade, restando claro que muitas pessoas deixam de realizar atos que querem para cumprir o dever.
Outra situação que o livro traz à tona é "o eu", que para Perron (1991) há 3 características fundamentais, que são basicamente o conhecimentos, representações e valores de si mesmo.
Após essas definições, é relacionada o querer com o ser, que segundo Savater (2000), as pessoas querem o que elas são. Schlich afirmava corretamente que “vê os cumprimentos dos deveres morais um desabrochar de si mesmo” e que outros sentimentos como a compaixão e o amor complementam a motivação para realizar uma ação moral.
Além disso, são apresentados dois conceitos que parecem ser parecidos que são: a autoestima e o autorrespeito. A autoestima é quando a pessoa tem um valor de si, como por exemplo o Atleta de alta performance e o autorrespeito é quando esse valor de si é regido pela moral.
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