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MÍDIA E ESPETÁCULO: A PERCEPÇÃO DA REALIDADE COMO CONSTRUÇÃO SOCIAL E OS ESTIGMAS PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Por:   •  7/4/2019  •  Projeto de pesquisa  •  5.126 Palavras (21 Páginas)  •  163 Visualizações

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MÍDIA E ESPETÁCULO: A PERCEPÇÃO DA REALIDADE COMO CONSTRUÇÃO SOCIAL E OS ESTIGMAS PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

MEDIA AND SPECTACLE: THE PERCEPTION OF REALITY AS SOCIAL CONSTRUCTION AND THE STIGMAS BY THE MEDIA

Andrey Henrique Andreolla[1]


MÍDIA E ESPETÁCULO: A PERCEPÇÃO DA REALIDADE COMO CONSTRUÇÃO SOCIAL E OS ESTIGMAS PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

MEDIA AND SPECTACLE: THE PERCEPTION OF REALITY AS SOCIAL CONSTRUCTION AND THE STIGMAS BY THE MEDIA

Sumário: Introdução; 1 Mídia e indústria cultural; 2 A sociedade do espetáculo; 3 Estigma e etiquetamento; 4 A percepção da realidade como construção social; Considerações Finais; Referências.

Summary: Introduction; 1 Media and Culture industry; 2 A society of spectacle; 3 stigma and labeling; 4 The perception of reality as a social construction; Final considerations; References.

Área do direito abordada pelo artigo: Direito Penal e Criminologia.

Resumo:

Abstract:

Palavras-chave: Mídia; estigma; etiquetamento; sociedade do espetáculo.

Keywords: Media; stigma; labeling; society of the spectacle.

Introdução

1 Mídia e indústria cultural

Thompson[2] estabelece quatro tipos de poder – econômico, político, coercitivo e simbólico – que refletem os diferentes tipos de atividades nas quais se ocupam os seres humanos. Acerca do poder cultural, ou simbólico, ensina que ele “nasce na atividade de produção, transmissão e recepção do significado das formas simbólicas”, sendo tal atividade característica fundamental da vida social[3]. Como exemplo, pode-se citar a Igreja, as escolas e a indústria da mídia.

Sem adentrar no histórico geral do surgimento da imprensa e de outras mídias, é importante ressaltar que foi a partir do século XV que os processos de armazenamento, produção e circulação do conteúdo simbólico têm sido aspectos centrais da vida social[4]. Tais processos, em vista do desenvolvimento de uma variedade de instituições, têm suas formas simbólicas produzidas e reproduzidas em escalas cada vez maiores, tornando-se mercadorias passíveis de compra e venda no mercado. “De uma forma profunda e irreversível, o desenvolvimento da mídia transformou a natureza da produção e do intercâmbio simbólicos no mundo moderno”[5].

Dessa forma, marcante característica da sociedade contemporânea é o lugar ocupado pelos meios de comunicação em massa. As influências realizadas pelos principais veículos de comunicação determinam uma nova maneira de pensar, moldando, assim, o senso comum da população. A televisão toma a dianteira nessa hierarquia de mídia, de modo a impor sua ordem e obrigar os demais meios de comunicação a segui-la[6]. Portanto, ao analisar referida questão na atualidade, deve-se ter presente que os produtos produzidos por jornais e televisões são feitos para a população de massas, e é a partir dessa concepção que devem ser feitas as considerações acerca da formação da mídia[7] e das notícias veiculadas à sociedade.

Apesar de o ser humano utilizar diversas formas de comunicação e comunicar-se incessantemente, os meios de comunicação de massa passaram a dominar a comunicação, por ampliarem o espectro de seus receptores, pela quantidade de informações que veiculam e pelo tempo em que se fazem presentes na vida das pessoas.[8]

É importante ressaltar, nesse ponto, a fim de posteriormente estabelecer a ligação entre a mídia e a mercantilização do crime por ela realizada, a questão da indústria cultural – expressão empregada por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, na década de 40, em exílio nos Estados Unidos[9].

A expressão indústria cultural ilustra uma experiência histórica: o fato de a cultura ter deixado de expressar a natureza humana, a sensibilidade e as perspectivas do homem em relação à vida e ao mundo, manifestadas esteticamente pela arte, para se transformar em um produto destinado ao consumo da massa, com a finalidade de obtenção de lucro, segundo a lógica capitalista.[10]

A cultura acaba se direcionando para o lucro capitalista, transformando-se em mercadoria, e os indivíduos são “manipulados para alimentar um sistema econômico dominante através do consumo estético massificado, apresentado pela indústria cultural”[11]. Adorno e Horkheimer entendem que o homem é coisificado, transformado em um mero objeto de trabalho e consumo, facilmente manipulado conforme a ideologia dominante[12]. Nesse sentido, vê-se, hoje, a televisão como forma legítima de manutenção do monopólio do poder – pois a cultura que ali deveria existir acaba transformando-se em uma espécie de um comércio, onde a mercadoria é vulgar e somente existe para atender ao lucro visado pelos ditames da indústria cultural[13].

Embora reconhecendo a contribuição de Adorno e Horkheimer acerca da indústria cultural, mister salientar que, a partir do progresso tecnológico ocorrido na década de 70, operou-se um processo de globalização cultural, onde houve uma aproximação de modelos de vidas diferentes. Nesse interim, a mídia espalha pelo mundo diferentes modelos culturais, desenvolvendo uma espécie de indústria cultural global, a qual fabrica verdadeiros estilos de vida, comercializando-os pelas “lentes tecnológicas dos meios de comunicação em massa, como produtos paradigmáticos na busca de mais conforto, estabilidade material e sucesso”[14].

O mercado global passou a ser alimentado por pouco mais de uma dezena de grandes grupos comunicacionais, oligopólios que difundem no mundo inteiro a cultura de massa, com uma marcante prevalência dos padrões culturais norte-americanos, país que pode ser considerado o maior produtor e o maior consumidor da mercadoria cultural.[15]

Assim, em vista dessa evolução tecnológica que aprofundou o domínio da massa pela indústria cultural, os meios de comunicação se convertem no principal agente da industrialização da informação, relacionando a sociedade de consumo ao que se pode chamar de sociedade do espetáculo[16] - conceito explicado na obra de Guy Debord[17] -, quando

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