O Racismo e Machismo

Racismo e machismo. Em pleno 1961, a política dos “diferentes, mas iguais” imperava em todo o território estadunidense. Estas questões que circundavam a sociedade da época vêm rechaçada de cunho puramente moral, ou seja, teremos uma sociedade totalmente machista, patriarcal, onde o lugar da mulher se reservava aos cuidados dos filhos e o ambiente doméstico, e pelo outro a segregação racial, onde ser negro era receber tratamento diferenciado entre os demais, ser olhado e visto como um ser humano sem direitos.

A história se passa na cidade de Hampton – Virgínia, 1961, onde três amigas: Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson, trabalham na NASA como grupo oeste de computação, onde o grupo de mulheres negras ficam responsáveis por cálculos secundários referentes aos lançamentos e pousos dos foguetes. Além de todo o contexto racial, as três amigas precisam lidar com o preconceito hierárquico em seu trabalho, um local predominante masculino, onde todas as mulheres ocupavam papéis secundários e de importância mínima.

Esta importante produção biográfica irá retratar a história de três importantes mulheres que foram muito além de seu tempo, mas o filme dá uma atenção especial a Katherine Johnson, que desde muito nova mostra seu talento com números e formas geométricas. Seus pais, incentivados pela professora de Katherine e o diretor para escola de negros, recomendam aos seus pais que seu talento não poderia ser desperdiçado, fazendo então que a família se mude para o condado de Kanawha, para a sua filha ter maiores chances de cursar o ensino médio e faculdade pois onde residia em Sulpor Springs não havia estudo para negros após a oitava série.

A temática gira em tono de suas situações sociais que vão dando forma concreta aos personagens do filme. Os companheiros de trabalho de Katherine são homens, portanto o machismo exacerbado é retratado de forma explícita durante o desenrolar da narrativa.

Todos se comportam como ter uma mulher em seu ambiente de trabalho fosse algo espetacularmente fora do comum e fora do que a sociedade tanto admoestava. Além disto tinha o fato de Katherine ser uma negra que sabia elaborar contas de forma precisa e com clareza. Nunca errava uma questão matemática que envolvesse números e formas, mas seu chefe não estava tão interessado em seu potencial. A presença da personagem em seu local de trabalho ofendia a moral e os bons costumes listados pela sociedade.

Podemos observar que a construção da sociedade foi baseada em questões étnicos sociais. Devemos a questão que quando decidiram criar uma escravidão a partir da cor da pele, os conceitos sociais e morais foram se distorcendo através dessa construção.

Ser negro é ser visto como uma subclasse. Não podemos igualar a ninguém que não pertença a este grupo.  Desde o primeiro navio negreiro que apontou na costa das américas, junto com os capitães do mato, os negros trazidos das várias partes da África foram rotulados somente como uma mão de obra escrava, não passava de um mero objeto feito para o trabalho duro nas mãos de seus senhores.

Em outras palavras, o negro era um objeto, que não merecia sequer nenhuma humanidade, estavam destinados a nascerem e a morrerem como escravos, escória da sociedade.

Por outro lado, dentro desta narrativa temos o contexto do patriarcado. O homem como senhor de todas as relações sociais e a mulher como uma coadjuvante que não possui nesta sociedade um papel principal, ainda mais altos cargos de confiança e de destaque.

A proposta do filme vai muito mais além do que o contexto histórico embutido da época, é válido como um divisor de águas na vida de qualquer pessoa que se atreva a conhecer a história da construção da sociedade e seus paradigmas de estereótipos. Ele trabalha na questão da construção moral e social enquanto ser humano, onde as questões de cor e sexo são uma mera formalidade.